Efeito Contrátil Mediado pelo Tecido Adiposo Perivascular da Aorta Torácica de Ratos Machos e Fêmeas

  • Autor
  • Leonardo Gomes Pereira
  • Co-autores
  • José Eduardo da Silva Santos
  • Resumo
  • Introdução: Estudos envolvendo o tecido adiposo perivascular (PVAT) foram desenvolvidos majoritariamente em artérias de animais machos e, por isso, não sabemos se o sexo tem influência sobre o perfil de mediadores produzidos pelo PVAT. Objetivo: Avaliar a influência do sexo sobre os fatores vasoativos produzidos pelo PVAT da aorta torácica de ratos saudáveis. Método: A aorta torácica de ratos Wistar machos e fêmeas (3-4 meses) foi isolada e seccionada em anéis com (E+) e sem (E-) endotélio funcional, que foram montados em banhos de órgão sob tônus de 3 g. Paralelamente, secções do PVAT (~ 5 mm) foram incubadas em 1,5 mL de solução nutritiva (SN, 37 ºC) durante 30 min, com e sem uma das seguintes drogas: tempol, apocinina, indometacina, captopril, corticosterona, guanetidina ou ioimbina. A SN incubada com PVAT (SN-PVAT) foi transferida para os banhos com os anéis aórticos e o tônus vascular mensurado durante 30-60 min. O mesmo protocolo foi seguido após incubação do PVAT em SN a 70 °C/10 min. Por fim, avaliamos se a prazosina (incubada 30 min antes ou após a transferência da SN) seria capaz de alterar o efeito vascular gerado pela SN-PVAT. Os resultados foram expressos como a  ± EPM em g, e comparados por meio de ANOVA de duas vias seguida por Bonferroni. Este estudo foi aprovado pelo CEUA/UFSC (3062200722). Resultados: A SN-PVAT não relaxou os anéis de aorta e também não impediu a contração induzida por fenilefrina. Entretanto, a SN-PVAT aumentou o tônus de artérias E+ de machos e fêmeas em 0.36 ± 0.04 e 0.34±0.03 g, respectivamente. O efeito contrátil induzido pelo SN-PVAT foi cerca de três vezes maior em artérias E- (1.23 ± 0.08 e 1.19 ± 0.13 g, artérias de machos e fêmeas). A latência para a resposta contrátil das artérias à SN-PVAT foi de poucos segundos e perdurou por pelo menos 30 min.  A exposição do PVAT ao estresse térmico aumentou o efeito contrátil da SN-PVAT em todas as condições avaliadas, porém de forma muito mais intensa em preparações E+. Por exemplo, o SN-PVAT/70 °C teve seu efeito contrátil aumentado em ~ 25 e  300% em artérias E- e E+ de machos, respectivamente. A incubação do PVAT com tempol, apocinina, indometacina, captopril ou ioimbina não alterou o efeito contrátil da SN-PVAT.  A resposta constritora induzida pela SN-PVAT foi bastante similar àquela gerada por 10 nM de noradrenalina, tanto em artérias E+ como E- de machos e de fêmeas e, em todas as preparações, a contração induzida pelo SN-PVAT foi completamente impedida pela incubação ou revertida pela adição de prasozina. Além disso, a exposição do PVAT à guanetidina duplicou o efeito contrátil do SN-PVAT em artérias E- e triplicou em artérias E+ de machos e fêmeas. Por outro lado, a incubação do PVAT com corticosterona não alterou o efeito constritor da SN-PVAT em preparações E+, mas aumentou o efeito da SN-PVAT de fêmeas em preparações E-, de 1.19 ± 0.13 g para 1.63 ± 0.10 g. Conclusão: O PVAT libera uma ou mais substâncias com ação contrátil, cujo efeito depende de receptores  a-1 adrenérgicos, é maior em preparações E-, e pode ser potencializado por guanetidina, um reconhecido depletor de noradrenalina em vesículas de terminais simpáticos. O efeito desse mediador contrátil não diferiu entre o PVAT e artérias de ratos machos e fêmeas, embora tenha sido potencializado pelo bloqueio de proteínas OCT-3 somente em artérias E- de fêmeas. A identidade, importância fisiológica e papel fisiopatológico desse mediador contrátil permanecem por ser investigados.

     

  • Palavras-chave
  • PVAT, Aorta torácica, Diferença sexual.
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  • Comunicação oral
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