Introdução: É sabido que o endotélio modula os tônus vascular através da liberação de diversas substâncias vasoativas. Este estudo surgiu considerando o fato de que a maioria dos agentes vasoconstritores compartilham as mesmas vias de transdução para gerar contração vascular, mas ainda não está claro se a ação desses vasoconstritores é influenciada de forma similar por fatores endoteliais, como o NO. A hipótese deste trabalho é que o efeito do NO sobre a contratilidade vascular varia de acordo com o vasoconstritor. Métodos: Foram utilizados ratos Wistar machos (3-4 meses). Após eutanásia, a aorta torácica foi seccionada, os tecidos adjacentes removidos, e anéis aórticos com (E+) e sem (E-) endotélio funcional foram montados em banho de órgão. A resposta contrátil foi avaliada através da adição de concentrações crescentes e cumulativas de fenilefrina (FE) e angiotensina II (AII), na presença e ausência do L-NAME (100 µM; por 30 min), nitroprussiato de sódio (SNP, 1 ou 30 nM), ou nitroglicerina (NTG, 100 nM), incubados por 5 min. O NO foi detectado em cortes de aorta E+ e E- com DAF-FM. Os resultados estão expressos como a ± EPM (n = 6-7/grupo). Este estudo foi aprovado pelo CEUA/UFSC (8479250220). Resultados: Em vasos E+, o efeito contrátil máximo (Emax) da FE (2,06 ± 0,21 g) foi muito maior que o Emax induzido pela AII (0,44 ± 0,07 g). A remoção do endotélio elevou de forma mais intensa os efeitos da AII, resultando em Emax de 3,07 ± 0,28 e 1,74 ± 0,21 g para FE e AII, respectivamente (aumentos de 52,3 ± 12,1 e 328,6 ± 60,2 %, respectivamente). De forma semelhante, a incubação de L-NAME aumentou o Emax da FE e da AII em 78,1 ± 10,7 e 272,2 ± 99,4 %, respectivamente. As respostas contráteis geradas pela AII foram mais susceptíveis aos doadores de NO, SNP e NTG, tanto em anéis E+ como E-. Por exemplo, em preparações E+, os Emax da FE e da AII foram reduzidos em 20 ± 6,4 e 53,8 ± 5,8%, respectivamente, após incubação com 3 nM de SNP. Por sua vez, os Emax induzidos pela FE e AII em anéis aórticos E- foram reduzidos em 47,3 ± 5,1 e 91,3 ± 1,4% após a GNT. A adição de FE ou de AII não foi capaz de alterar a fluorescência ao DAF-FM em cortes de aorta E+. Entretanto, em preparações E-, a intensidade de fluorescência ao DAF-FM foi reduzida em cerca de (52,0 ± 6,3 e 59,7 ± 9,1%) nos cortes de aorta expostos a 0,01 e 0,1 mM de AII, e potencializada em cerca de 155,6 ± 11,9% nas preparações que receberam 1 mM desse agente. Curiosamente, a adição de GTN elevou a fluorescência ao DAF-FM em cortes de aorta E-, mas não em preparações E+. Nos cortes E-, a adição de 0,01 mM de AII preveniu o aumento de fluorescência, enquanto a maior concentração também aumentou a fluorescência detectada. Conclusão: Os resultados demonstram que, apesar de compartilharem a mesma via de transdução, os efeitos contráteis gerados pela FE e e AII sofrem diferentes graus de modulação pelo endotélio e pelo NO. A remoção do endotélio e a inibição da NO sintase pelo L-NAME aumentam de forma mais intensa os efeitos da AII do que da FE. Além disso, a ação constritora gerada pela AII é mais sensível à superexposição ao NO proveniente de doadores, o que parece associado à capacidade da AII elevar a liberação de NO de fontes independentes da síntese e do endotélio. Experimentos adicionais estão sendo realizados para buscar compreender os mecanismos envolvidos nesse processo, assim como a importância desses achados para a fisiopatologia de doenças vasculares.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica