Uma Abordagem Comparativa Acerca do Impacto do Óxido Nítrico Sobre a Reatividade da Artéria Aorta de Ratos à Fenilefrina e à Angiotensina II

  • Autor
  • Merita Pereira Gonçalves
  • Co-autores
  • Maria Luísa da Silveira Hahmeyer , José Eduardo da Silva Santos
  • Resumo
  • Introdução: É sabido que o endotélio modula os tônus vascular através da liberação de diversas substâncias vasoativas. Este estudo surgiu considerando o fato de que a maioria dos agentes vasoconstritores compartilham as mesmas vias de transdução para gerar contração vascular, mas ainda não está claro se a ação desses vasoconstritores é influenciada de forma similar por fatores endoteliais, como o NO. A hipótese deste trabalho é que o efeito do NO sobre a contratilidade vascular varia de acordo com o vasoconstritor. Métodos: Foram utilizados ratos Wistar machos (3-4 meses). Após eutanásia, a aorta torácica foi seccionada, os tecidos adjacentes removidos, e anéis aórticos com (E+) e sem (E-) endotélio funcional foram montados em banho de órgão. A resposta contrátil foi avaliada através da adição de concentrações crescentes e cumulativas de fenilefrina (FE) e angiotensina II (AII), na presença e ausência do L-NAME (100 µM; por 30 min), nitroprussiato de sódio (SNP, 1 ou 30 nM), ou nitroglicerina (NTG, 100 nM), incubados por 5 min. O NO foi detectado em cortes de aorta E+ e E- com DAF-FM. Os resultados estão expressos como a  ± EPM (n = 6-7/grupo). Este estudo foi aprovado pelo CEUA/UFSC (8479250220).  Resultados: Em vasos E+, o efeito contrátil máximo (Emax) da FE (2,06 ± 0,21 g) foi muito maior que o Emax induzido pela AII (0,44 ± 0,07 g). A remoção do endotélio elevou de forma mais intensa os efeitos da AII, resultando em Emax de 3,07 ± 0,28 e 1,74 ± 0,21 g para FE e AII, respectivamente (aumentos de 52,3 ± 12,1 e 328,6 ± 60,2 %, respectivamente). De forma semelhante, a incubação de L-NAME aumentou o Emax da FE e da AII em 78,1 ± 10,7 e 272,2 ± 99,4 %, respectivamente. As respostas contráteis geradas pela AII foram mais susceptíveis aos doadores de NO, SNP e NTG, tanto em anéis E+ como E-. Por exemplo, em preparações E+, os Emax da FE e da AII foram reduzidos em 20 ± 6,4 e 53,8 ± 5,8%, respectivamente, após incubação com 3 nM de SNP. Por sua vez, os Emax induzidos pela FE e AII em anéis aórticos E- foram reduzidos em 47,3 ± 5,1 e 91,3 ± 1,4% após a GNT. A adição de FE ou de AII não foi capaz de alterar a fluorescência ao DAF-FM em cortes de aorta E+. Entretanto, em preparações E-, a intensidade de fluorescência ao DAF-FM foi reduzida em cerca de (52,0 ± 6,3 e 59,7 ± 9,1%) nos cortes de aorta expostos a 0,01 e 0,1 mM de AII, e potencializada em cerca de 155,6 ± 11,9% nas preparações que receberam 1 mM desse agente. Curiosamente, a adição de GTN elevou a fluorescência ao DAF-FM em cortes de aorta E-, mas não em preparações E+. Nos cortes E-, a adição de 0,01 mM de AII preveniu o aumento de fluorescência, enquanto a maior concentração também aumentou a fluorescência detectada. Conclusão: Os resultados demonstram que, apesar de compartilharem a mesma via de transdução, os efeitos contráteis gerados pela FE e e AII sofrem diferentes graus de modulação pelo endotélio e pelo NO. A remoção do endotélio e a inibição da NO sintase pelo L-NAME aumentam de forma mais intensa os efeitos da AII do que da FE. Além disso, a ação constritora gerada pela AII é mais sensível à superexposição ao NO proveniente de doadores, o que parece associado à capacidade da AII elevar a liberação de NO de fontes independentes da síntese e do endotélio. Experimentos adicionais estão sendo realizados para buscar compreender os mecanismos envolvidos nesse processo, assim como a importância desses achados para a fisiopatologia de doenças vasculares.

  • Palavras-chave
  • Contração, endotélio, oxido nitrico
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