Compostos de pirimidinona apresentam diversos efeitos, dentre eles, ação sobre os receptores alfa-adrenérgicos. O objetivo desse trabalho foi avaliar a ação de um composto de pirimidinona, SPRM09, sobre os receptores ?-adrenérgicos. A série de compostos (SPRP13, SPRM09, SPRM12, SPRM20, SPRM21 e SPRM22) foi sintetizada por meio de reação multicomponente. Foi avaliada a citotoxicidade através dos ensaios LDH e MTT em células A7r5 e HUVEC. Foi realizado o estudo de reatividade vascular em anéis de aorta de ratos Wistar (2-3 meses, 250-320 g). Foram realizadas curvas concentração-efeito cumulativas para a fenilefrina (Phe) na ausência ou na presença dos compostos (0,1 mmol/L), em anéis sem endotélio. Em anéis com endotélio, foram realizadas curvas para a Phe na ausência ou na presença do SPRM09 (0,1 mmol/L) ou SPRM09 + L-NAME (1 mmol). Foram calculados o Efeito máximo (Emax) e o pEC50. A formação de NOx induzida pelo SPRM09 foi mensurada pelo ensaio colorimétrico de Griess e a medida de Óxido Nítrico (NO) por fluorescência com a sonda DAF2-DA em HUVECs. Simulações de docking molecular foram realizadas usando o SPRM09 e o receptor alfa-2A adrenérgico para avaliar a possível forma de ligação no receptor. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o Prisma (GraphPad Prism, versão 9.0). As diferenças entre os grupos foram verificadas pelo teste t de Student para amostras independentes ou por ANOVA, seguida pelo teste de Dunnet ou Tukey. Foram consideradas diferenças estatísticas quando p<0,05. Os protocolos experimentais foram aprovados pelo Comitê de Ética em Uso Animal da UFPE (021446/2013-12). No ensaio de LDH, o percentual de liberação de LDH em A7r5 variou de 29,8 a 55,3 %. No ensaio MTT, a porcentagem de viabilidade celular variou de 98,3 a 111,8% em HUVECs e de 78,5 a 100,3 % em A7r5. Na reatividade vascular, na ausência do endotélio, os compostos SPRP13, SPRM20 e SPRM21 reduziram a contração induzida pela Phe (Controle: Emax =2.2 ± 0,13 g e pCE50 7,68 ± 0,13, n=9; SPRP13: Emax =1.2 ± 0,19 g e pCE50 6,9 ± 0,27, n=5; SPRM20: Emax =1.1 ± 0.18 g e pCE50 6,83 ± 0,10, n=7; SRRM21 Emax =1.5 ± 0.23 g e pCE50 7,34 ± 0,31, n=6, p<0,05), mas o SPRM09 não. Na presença do endotélio, SPRM09 reduziu o Emax da Phe (Controle: Emax = 2,0 ± 0,18 e pCE50 7,46 ± 0,21 g; SPRM09: Emax = 1,3 ± 0,18 g e pCE50 7,4 ± 0,31, p<0,05), efeito abolido pelo L-NAME (SPRM09 + L-NAME: Emax = 2,5 ± 0,26 g, pCE50 7,84 ± 0,17 g, n=10). No ensaio de Griess, SPRM09 induziu aumento dos níveis de NOx, que foi abolido presença de ioimbina ou L-NAME (Basal: 12,3 ± 0,2; SPRM09: 14,9 ± 0,3; SPRM09 + ioimbina: 12,3 ± 0,3; SPRM09 + L-NAME: 12,9 ± 0,2). No ensaio de fluorescência, o SPRM09 aumentou os níveis de NO, que foi diminuído na presença de ioimbina ou L-NAME (Blanck: 476,16 ± 44; SPRM09: 1347,49 ± 24,7; SPRM09+ioimbina: 952,81 ± 30,9; SPRM09+L-NAME : 895,89 ± 55,2). O docking estimou que a energia livre média de ligação do SPRM09 ao sítio ativo foi de -8,62 kcal/mol, com o SPRM09 realizando três pontes de hidrogênio envolvendo a carbonila do anel heterocíclico com o resíduo Tyr109 e o grupo NH com os resíduos Asp113 e Tyr416. Também foi observada uma ponte salina entre a carbonila e o resíduo Tyr416, e interações hidrofóbicas com os resíduos Ile190, Tyr394, Phe408 e Phe412. Nas condições avaliadas, os compostos não são citotóxicos e o SPRM09 apresenta um efeito dependente do endotélio e do NO, que pode ser pela ação agonista dos receptores ?2-adrenérgicos.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica