Introdução: A doença causada pela infecção do coronavírus 2019 (COVID-19) tem um impacto negativo no perfil de citocinas de mulheres grávidas. Níveis aumentados de citocinas pró-inflamatórias parecem estar correlacionados com a gravidade da doença, além de predispor ao aborto espontâneo ou parto prematuro. As citocinas pró-inflamatórias aumentam a geração de espécies reativas de oxigênio (ERO). Não está claro como a interleucina-6 (IL-6) encontrada na circulação de pacientes graves com COVID-19 pode afetar a saúde gestacional, particularmente no que diz respeito à função do cordão umbilical. Hipótese: A IL-6 presente na circulação de mulheres com COVID-19 grave causa disfunção da artéria do cordão umbilical por aumentar a geração de ERO e ativar proteínas sensíveis ao redox. Métodos: Procedimentos aprovados pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa do Brasil (CONEP CAAE: 30816620.0.0000.5440 e 24891819.0.1001.8155). Artérias do cordão umbilical foram incubadas com soro de mulheres saudáveis e mulheres com COVID-19 grave. A função vascular foi avaliada por meio de curvas de concentração-efeito para serotonina na presença de veículo ou tocilizumabe (100µg/mL), tiron (1µM), ML171 (1µM) e Y27632 (1µM). A geração de ERO foi avaliada pela quimiluminescência da lucigenina e a atividade da Rho quinase por ensaio enzimático. Resultados: Artérias umbilicais expostas ao soro de mulheres com COVID-19 grave foram hiperreativas à serotonina [(em gramas) Controle: 2,53±0,08 n=11; COVID-19: 3,31±0,11 n=11]. Esse efeito foi abolido na presença de tocilizumabe (2,40±0,09 n=10), tiron (2,37±0,11 n=10), ML171 (2,68±0,09 n=10) e Y27632 (2,54±0,12 n=10). O soro de mulheres com COVID-19 grave aumentou a geração de ROS dependente de Nox1 [(unidades relativas de luminescência) Controle: 100±0,1 n=10; COVID-19: 203±13 n=10; COVID-19_ML171: 111±9 n=10] e a atividade de Rho quinase [(%Controle) Controle: 100±0,1 n=10; COVID-19: 147±4 n=10]. Este aumento foi abolido por tocilizumabe (110±4 n=10) e tiron (105±4 n=10). Conclusão: O soro de mulheres que desenvolveram COVID-19 grave promove disfunção da artéria umbilical associada à hipercontratilidade do músculo liso vascular, pelo aumento dos níveis de IL-6 e, consequentemente, aumento da geração de ERO dependente de Nox1 e ativação da via Rho quinase.
Apoio financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica