A rostafuroxina (ROSTA) é um antagonista das ações da ouabaína (OUA) no signalosome, impedindo a hipertensão arterial (HA) induzida pelo tratamento crônico com OUA e reduzindo a pressão arterial (PA) em ratos DOCA-sal. Neste último, observa-se liberação aumentada de noradrenalina (NA) da inervação perivascular (IPV) e elevação das concentrações plasmáticas de OUA endógena (OE). Assim, investigamos a participação da OE nos ajustes da IPV (simpática, nitrérgica e sensitiva) em artéria mesentérica de resistência (AMR) de ratos DOCA-sal. Ratos Wistar foram uninefrectomizados e randomizados em 3 grupos: DOCA-sal (DOCA-sal + veículo), DOCA-sal tratados com ROSTA e animais controle (CT, receberam água). A PA foi aferida por pletismografia de cauda. O miógrafo de arame foi utilizado para avaliar curvas de estimulação de campo elétrico (EFS) (0,1-4Hz) e concentração-resposta à NA, nitroprussiato de sódio (NPS) e peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), realizadas em anéis de AMR com ou sem endotélio. Os resultados foram expressos como média ± EPM. Análise estatística: ANOVA, p<0,05 *vs. CT; #vs. DOCA-sal. CEUA n° 03/2016. A PA foi maior nos DOCA-sal (n=25) vs. CT (n=33); e, ROSTA (n=25) reduziu (16,5%), mas não normalizou a PA aos valores do CT. A EFS induziu contração dependente de frequência nas AMRs de todos os grupos estudados, todavia essa resposta foi maior nos DOCA-sal vs. CT e vs. ROSTA. ROSTA reduziu, mas não normalizou a resposta a EFS aos valores do CT (CT 38 ± 4,2 vs. DOCA-sal 80 ± 4,8* vs. ROSTA 59 ± 4,5*#, %KCl). Fentolamina (antagonista a-adrenérgico) reduziu a contração a EFS na AMR dos três grupos estudados, mas a contração permaneceu elevada no grupo DOCA-sal e foi normalizada aos valores do CT no ROSTA (CT 1 ± 0,7 vs. DOCA-sal 4 ± 5,4* vs. ROSTA 1 ± 0,2#, %KCl). Suramina (antagonista dos receptores purinérgicos P2) não alterou a contração a EFS na AMR dos DOCA-sal, mas reduziu e igualou essa resposta na AMR dos CT e ROSTA (CT 20 ± 5,2 vs. DOCA-sal 63 ± 10,0* vs. ROSTA 27 ± 6,6#, %KCl). L-NPA (inibidor da nNOS) aumentou a contração a EFS nos três grupos estudados, igualando a resposta na AMR dos CT e ROSTA, mas ainda mantendo a mesma aumentada nos DOCA-sal (CT 70 ± 10,2 vs. DOCA-sal 103 ± 5,5* vs. ROSTA 79 ± 11,0#, %KCl). Somente no CT, AMRs com endotélio, pré-incubadas com guanetidina (bloqueador simpático), apresentaram relaxamento a EFS (CT 31 ± 9,0 vs. DOCA-sal 6 ± 2,0* vs. ROSTA 10 ± 1,1*, %U46619); o qual foi abolido usando-se capsaicina (bloqueador da inervação sensitiva) ou Frag8-37-CGRP (inibidor do CGRP). Curvas concentração-resposta à NA exógena e NPS não foram diferentes entre os grupos. Porém, menor sensibilidade à vasodilatação ao CGRP exógeno foi observada nas AMRs dos DOCA-sal e ROSTA (pD2: CT 8,97 ± 0,10 vs. DOCA-sal 8,38 ± 0,14* vs. ROSTA 8,50 ± 0,06*). Maior número de terminações nervosas marcadas com dopamina ?-hidroxilase e maior liberação de NA foram evidenciados nas AMRs dos DOCA-sal e ROSTA vs. CT. Observou-se também menor liberação de ATP nos DOCA-sal vs. CT e maior liberação de NO nos ROSTA vs. DOCA-sal. Concluímos que a OE participa dos ajustes da IPV na AMR dos DOCA-sal. O tratamento com ROSTA reduziu o componente simpático, melhorou o componente nitrérgico, e não restaurou o prejuízo do componente sensitivo da IPV em AMRs de ratos hipertensos DOCA-sal.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica