Introdução: A exposição humana ao MeHg resulta no aumento de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, possivelmente associado ao estresse oxidativo e alterações epigenéticas em proteínas, como as metaloproteinases da matriz (MMPs). Desta forma, hipotetizamos que o Extrato Aquoso de Coriandrum sativum (EACS) seja capaz de proteger contra os efeitos deletérios do MeHg no coração pela modulação no sistema redox e sobre as MMPs. Este estudo tem como objetivo avaliar o efeito do EACS no coração de ratas intoxicadas com MeHg no período gestacional e lactacional. Metodologia: Ratas Wistar primíparas, foram divididas em quatro grupos: Controle, MeHg, EACS e MeHg + EACS, intoxicadas e contratadas por 21 dias, durante o último terço gestacional e lactação (CEUA nº 3610090519). Realizamos eletrocardiograma e medidas antropométricas do coração, seguida de eutanásia. Realizamos morfometria e níveis de colágeno do ventrículo esquerdo (VE), avaliação do sistema redox, pelas medidas de peroxidação lipídica, nitrito, glutationa, catalase e SOD e atividade de MMP-2 no coração A análise estatística foi realizada no programa GraphPad Prism ® 8.0. utilizando ANOVA de duas vias e pós teste de Tukey. Os resultados foram expressos pela média ± erro padrão da média (EPM), considerando p<0,05 estatisticamente significativo. Resultados: O grupo MeHg apresentou redução da frequência cardíaca (Frequência cardíaca: 306 ± 10 versus 434 ± 16 controle, p < 0,05), seguida de um bloqueio atrioventricular de primeiro grau (alteração do intervalo PR) e distúrbio de condução ventricular (aumento do intervalo QTc) (PR: 63 ± 3 ms; QTc: 85 ± 1 ms, versus 46 ± 1 ms; 62 ± 1 ms, controle, p < 0,05). Associados a diminuição do diâmetro do miócito, espessura da parede do VE, do septo interventricular e aumento no conteúdo de colágeno (Diâmetro miócito: 5,2 ± 0,1 ?m; espessura da parede do ventrículo esquerdo: 1759 ± 68; espessura da parede do septo: 1422 ± 77; Conteúdo de colágeno: 3,7 ± 0,3, versus 6,3 ± 0,1; 2204 ± 167; 1993 ± 173; 2,0 ± 0,2, controle, e, p < 0,05). Esse grupo também apresentou, aumento dos níveis de nitrito e peroxidação lipídica, com redução de GSH, CAT e SOD e elevação da atividade de MMP-2 ativa, quando comparado ao grupo Controle (Nitrito: 4,3 ± 0,5; MDA: 0.7 ± 0,05; GSH: 0.96 ± 0,1 ; CAT: 8.4 ± 0,9; SOD: 10.9 ± 0,8, MMP-2 ativa: 15084 ± 1592, versus 1.3 ± 0,2; 0.3 ± 0,02; 1.76 ± 0,2; 24.5 ± 1,64; 21.4 ± 0,6; 9050 ± 887, controle, p < 0,05). O grupo MeHg + EACS apresentou a frequência cardíaca dentro dos padrões de normalidade (FC: 396 ± 7 bpm). O tratamento com o EACS atenuou o bloqueio atrioventricular de primeiro grau e o distúrbio de condução ventricular, quando comparado ao grupo MeHg (PR: 54 ± 0,7 ms; QT: 70 ± 0,7 ms; QTc: 72 ± 0,7 ms), mantendo diferenças com os grupos Controle. Animais MeHg + EACS mantiveram as medidas morfométricas (Diâmetro miócito: 6,2 ± 0,06 ?m; espessura da parede do ventrículo esquerdo: 2127 ± 56; espessura da parede do septo: 1935 ± 90), conteúdo de colágeno (2,7 ± 0,2) e as medidas do sistema redox (Nitrito: 122 ± 0,1; MDA: 0.3 ± 0,02; GSH: 1,8 ± 0,2; CAT: 25,6 ± 1,6; SOD: 20,2 ± 1,3), e atividade de MMP-2 ativa (8422 ± 1017) similar ao Grupo Controle. Conclusão: O EACS foi capaz de atenuar os distúrbios de condução cardíaca pela melhora no remodelamento ventricular, redução de fibrose e modulação de MMP-2 ativa, através da manutenção do estado redox, bloqueando os efeitos deletérios do MeHg no coração.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica