O tecido adiposo perivascular (PVAT) modula ativamente o tônus vascular, contudo ainda é desconhecido o seu papel na hipertensão renovascular (HRV), caracterizada pela obstrução da artéria renal e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Sabendo que a aldosterona regula a expressão dos canais para sódio epiteliais (ENaC), que quando hiperativados podem levar à redução da biodisponibilidade de óxido nítrico (NO) nos vasos sanguíneos, objetivamos investigar a participação do ENaC e da enzima NO sintase (NOS) no perfil vasoativo do PVAT na HRV. Para isso, camundongos machos C57BL/6J (CEUA: 6455090821) foram divididos nos grupos normotenso (SO) e hipertenso 2 rins/1 clipe (2R1C). A pressão arterial (PA) foi avaliada por pletismografia de cauda ao longo de 6 semanas. Artérias mesentéricas de resistência (AMR) com ou sem PVAT foram montadas em miógrafo de arame e curvas concentração-resposta à noradrenalina (NOR) foram realizadas. A técnica de Western blot foi utilizada para avaliar a expressão proteica das subunidades ? e ? dos ENaC e da isoforma endotelial da NOS (eNOS) no PVAT mesentérico. Os resultados estão apresentados como média ± EPM. Análise estatística: ANOVA 2-vias; p<0,05* vs. SO. Nossos achados demonstraram que a PA foi maior no grupo 2R1C em comparação ao SO. A contração à NOR não diferiu entre os grupos em AMR sem PVAT. A presença do PVAT reduziu a potência (pD2) de contração à NOR no grupo SO (-23%), e em menor magnitude no 2R1C (-14%). Por sua vez, o PVAT aumentou o efeito máximo (Emax) à NOR somente no grupo 2R1C (SO: 1,78 ± 0,15 vs. 2R1C: 2,51 ± 0,09* mN/mm). A amilorida, bloqueador do ENaC, não modificou a contração à NOR em AMR com ou sem PVAT no grupo SO, ao passo que no 2R1C houve redução dos valores de Emax e pD2 em AMR com PVAT para níveis similares aos obtidos no SO. A inibição não seletiva da NOS com L-NAME potencializou a contração vascular à NOR em AMR do grupo SO, tanto na ausência (+10%) como na presença (+10%) do PVAT, assim como também aumentou os valores obtidos de Emax apenas na presença do PVAT (SO: 2,14 ± 0,09 vs. 2R1C: 2,77 ± 0,12* mN/mm). Já no grupo 2R1C, a inibição da NOS não alterou a contração à NOR em AMR com e sem PVAT. A expressão da subunidade ?ENaC foi semelhante no PVAT entre os grupos, enquanto uma maior expressão da subunidade ?ENaC (SO: 3,08 ± 0,65 vs. 2R1C: 5,28 ± 0,32*) foi observada no 2R1C. A expressão da eNOS não diferiu em ambos os grupos. Os resultados demonstram que o efeito anticontrátil do PVAT de AMR de camundongos com HRV se encontra prejudicado, assim como a via nitrérgica. Os canais ENaC, em especial a subunidade ?ENaC, parecem ser essenciais para a perda do efeito anticontrátil do PVAT mesentérico na HRV.
Apoio Financeiro: FAPESP 2021/04234-2, CNPq.
Palavras-Chave: Hipertensão Arterial, PVAT, ENaC.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica