O metilmercúrio (MeHg), uma das formas mais tóxica do mercúrio, se bioacumula nas redes alimentares e contamina os humanos principalmente através do consumo de peixes contaminados. A exposição humana ao MeHg pode representar uma variedade de riscos à saúde, incluindo o risco aumentado de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Um dos mecanismos envolvidos na citotoxicidade induzida pelo MeHg é a desregulação do estado redox, pelo aumento das espécies reativas e supressão do sistema antioxidante, desencadeando o estresse oxidativo, contribuindo para o remodelamento cardiovascular. Os organismos em desenvolvimento são mais suscetíveis aos efeitos deletérios do MeHg. O Coriandrum sativum apresenta efeito antioxidante e capacidade de quelar o MeHg. Desta forma, teorizamos que extrato aquoso de Coriandrum sativum (EACS) pode modular o sistema redox contribuindo para melhorar o remodelamento cardíaco. Nosso objetivo foi avaliar o efeito do EACS sobre o sistema redox e remodelamento do coração na progênie de ratas expostas ao MeHg durante o período gestacional e lactacional. Para isso, ratas gravidas foram divididas em quatro grupos: Controle (água), EACS (45mg/mL), MeHg (40µg/ml) e MeHg + EACS, intoxicadas e contratadas por 21 dias (no terço final da gestação e durante a lactação). As medidas antropométricas da prole foram realizadas no 30º dia de vida em sequencia foi realizada eutanázia e coleta dos corações. Realizamos as medidas mofológicas do ventriculo esquerdo (VE) e avaliação do sistema redox, pelos mensuração dos níveis de nitrito, peroxidação lipídica, GSH e catalase (CAT). Este estudo foi aprovado pelo CEUA-UFPA sob número nº 3610090519. A análise estatística foi realizada no programa GraphPad Prism ® 8.0 (GraphPad Software, San Diego, CA, USA) utilizando ANOVA de duas vias e pós teste de Tukey. Os resultados foram expressos pela média ± erro padrão da média (EPM), considerando p<0,05 estatisticamente significativo. Em nossos resultados o grupo MeHg apresentou redução de peso (41 ± 2 g vs controle: 71 ± 7 g) e tamanho corporal (17,9 ± 0,3 cm vs controle: 24,8 ± 0,4 cm). Não houve alteração da espessura da parede do ventrículo esquerdo e septo interventricular entre todos os grupos experimentais (p<0,05). No entanto, os animais MeHg apresentaram aumento de peroxidação lipídica (0,7 ± 0,1 µg/ml vs controle: 0,08 ± 0,01 µg/ml) e níveis de nitrito (2,9 ± 0,4 µmol/mg proteína vs controle: 0,09 ± 0,17 µmol/mg proteína) e redução dos niveis de GSH reduzida (4,1 ± 0,2 pmoles/mg de proteína vs controle: 9,52 ± 0,61 pmoles/proteína) e atividade da CAT (0,2 ± 0,06 nmol/min/mg proteína vs controle: 1,38 ± 0,22 nmol/min/mg proteína). O grupo MeHg + EACS apresentou os parâmetros morfométricos (peso corporal = 66 ± 1,9 g; tamanho corporal = 24 ± 0,5 cm; e razão peso coração/peso corporal = 4,8 ± 0,3 mg) e bioquímicos (LPO = 0,14 ± 0,01 µg/ml; nitrito = 1,25 ± 0,43 µmol/mg proteína; GSH = 7,91 ± 0,21 pmoles/proteína; CAT = 1,37 ± 0,17 nmol/min/mg proteína) similares ao Controle e EACS. Concluímos que o EACS foi capaz de prevenir o desbalanço redox no coração da progênie provocado pelo MeHg.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica