INTRODUÇÃO: Atualmente o Brasil se encontra como um dos principais consumidores de pesticidas no mundo, no qual o herbicida Glifosato Roundup (Gly) se encontra como o mais comercializado. Embora estudos sobre o efeito crônico desse herbicida na vasculatura ainda sejam escassos, nosso laboratório recentemente demonstrou um papel chave das ERO’s na patogênese da disfunção endotelial em ratos machos adultos expostos ao Gly na vida intrauterina. Na literatura cientifica está bem reportado em alguns modelos de programação fetal que as fêmeas podem apresentar uma proteção à possíveis alterações cardiovasculares, sendo assim, este trabalho propõe avaliar se a exposição ao glifosato no período gestacional afetaria a função vascular da prole fêmea e os possíveis mecanismos envolvidos. MATERIAIS E MÉTODOS: Para obtenção do modelo experimental (CEUA/UNIVASF 0003/261021) foram usados ratos e ratas Wistar (300g e 3 meses de idade), acasalados e divididas em dois grupos: o grupo (O-CON) prole fêmea de ratas grávidas que não foram expostas ao pesticida e o grupo (O-GHB) prole fêmea de ratas grávidas que receberam 1,30 g/L (0,13%) de Gly na agua de beber, o equivalente a 200 mg de Gly/kg/dia durante todo o período gestacional e de lactação. Quando essas proles alcançaram 6 meses de idade foram analisadas as respostas vasomotoras à acetilcolina (Ach) e fenilefrina (Phe) em anéis aórticos isolados e investigados possíveis mecanismos com inibidores específicos. A análise estatística dos resultados foi realizada por análise de variância (ANOVA), uma e duas vias e em cada experimento utilizou-se entre 5-6 animais. RESULTADOS: Foi exibido um prejuízo no relaxamento dependente do endotélio à Ach (Emáx: O-CON: 81±5,0 % vs. O-GHB: 67±6,0 %, P<0.05). A pré incubação com TEMPOL, indometacina e apocinina nas aortas normalizou o relaxamento à Ach no grupo O-GHB (Emáx: 74±2,0 %; 78±2,0 e 78±1,0, respectivamente). Foi observado também uma hiper-reatividade à Phe nos anéis aórticos do grupo O-GHB quando comparado ao grupo O-CON (O-CON: 60±4,0 % vs. O-GHB: 138±4,0 %, P<0.05). A pré-incubação com N-nitro-L-arginina metil (L-NAME) não alterou a contração à Phe nos ratos O-GHB (Emáx: 120±2,0 %), entretanto, quando incubados com TEMPOL, indometacina e apocinina foi observado uma redução significativa na contratilidade induzida pela Phe (Emáx: 93±2,0 %; 84±1,0 e 91±1,0, respectivamente). Conclusão: Os resultados reforçam o conceito de que a exposição à fatores adversos durante o período natal contribui para o desenvolvimento de alterações vasculares na idade adulta, que essa resposta independe do gênero e parece ser relacionada à produção de ERO’s. Os resultados também revelam que os níveis atuais considerados seguros para exposição ao glifosato, principalmente durante a gravidez, merecem ser revisados.
Comissão Organizadora
Gustavo Carvalho
Luiza Malacco
Eliana Hiromi Akamine
Profª Drª Luciana Venturini Rossoni
Ana Paula Couto Davel
José Wilson do Nascimento Corrêa
GIULIA ALESSANDRA WIGGERS
Alice Valença Araújo
Comissão Científica