A temática da História da Alimentação não tem despertado o interesse dos pesquisadores locais, não obstante a importância que assumiu na historiografia brasileira nos últimos anos. Ao longo do século XIX e primeira metade do século XX, no Piauí e, quiçá, no leste do Maranhão, na faixa ribeirinha, do alto ao baixo Parnaíba, parte considerável do esforço de produção foi no sentido de abastecer as famílias. A população subsiste da lavoura de mantimento, da criação de pequenos animais e aves domésticas e da indústria de beneficiamento dos produtos da lavoura. Todavia, nota-se incipiente comércio de gêneros alimentícios e outros bens indispensáveis à vida, já no final do século XVIII. Esse quadro de produção e consumo de alimento passou por transformação a partir dos anos de 1970, motivados pela economia globalizada; a migração rural; o viver em cidades; o surgimento de novos hábitos alimentares, entre outros elementos. Nesse quadro de consumo delineado, faltou investigar a importância da caça e pesca para a alimentação da população piauiense. São numerosos os indícios da prática de caça no Piauí. Da mesma forma, são notórios os indícios de pesca. A literatura é potencial conjunto de fonte de pesquisa, a literatura de ficção, memorialista e de viagem. Também o acervo digital do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE: censos populacionais; censos agropecuários; AnuáriosEstatísticos; “Enciclopédia dos Municípios Brasileiros”. Leituras no campo da história social e econômica auxiliam na compreensão do objeto e orienta a analise das fontes, bem como leituras especificas sobre história da alimentação.
O II Seminário Nacional de História Social dos Sertões/IV Jornada de História dos Sertões – Caminhos e sertões: territórios e culturas, tem como objetivo geral proporcionar um compartilhamento de saberes acadêmicos sobre o domínio temático da História dos Sertões a partir do cruzamento de esforços institucionais que partem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O II evento, assim, aposta no fortalecimento desse campo, a partir da confluência de pesquisadores da História e das Humanidades para importantes discussões de temas a ele correlatos.
Trata-se, aqui, de uma ação de continuidade, que dá prosseguimento ao I Seminário Nacional de História Social dos Sertões – O papel da História na compreensão do “Brasil profundo” realizado na Universidade Regional do Cariri (URCA – Crato-CE) em 2018, bem como, ao I Colóquio de História Social dos Sertões, realizado na Universidade Estadual do Ceará (UECE – Quixadá-CE) em 2016. Em sua segunda edição, o Seminário é promovido pelo Mestrado em História dos Sertões (MHIST-CERES-UFRN) e co-promovido pelo Mestrado em Geografia do CERES (GEOCERES-UFRN), em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN-Caicó. Conta com apoio das Pró-Reitorias de Graduação (PROGRAD), de Pós-Graduação (PPg) e de Extensão Universitária (PROEx) da UFRN, bem como, do Centro de Ensino Superior do Seridó (CERES) e dos Departamentos de História (DHC-CERES-UFRN) e de Geografia (DGC-CERES-UFRN).
Os caminhos, aqui, são entendidos a partir de um duplo significado: nos referimos tanto aos percursos vividos por homens e mulheres, na construção de suas vivências empíricas nos espaços, quanto àqueles de natureza intelectual, responsáveis pela constituição de um saber sobre os sertões. O ponto de partida para se pensar em caminhos é a enunciação da palavra sertão – e seu plural, sertões – no processo histórico da ocidentalização, no contexto das navegações marítimas e suas conquistas em terras afastadas da Península Ibérica, empreendidas a partir do século XV por portugueses.
Antes desse período, a palavra sertão era utilizada, no âmbito de Portugal, para designar lugares afastados da costa. Viajando junto com os exploradores portugueses, ela foi utilizada em diferentes partes das Índias Orientais (Península Arábica, Índia, China) e Ocidentais (Ceuta, Angola, Brasil) para designar espacialidades com os sentidos de mata, vegetação contínua, floresta, oposto ao mar, interior, afastado, coração da terra, travessia, verde, árido, vazio. Diferentes caminhos, assim, foram sendo traçados pelos homens e mulheres que se lançaram ao mar e depararam-se, inclusive, com uma nova natureza, proporcionada pelo impacto com o desconhecido.
A transformação da natureza, pelo homem, culminou em processos de territorialização que geraram formas institucionais e não institucionais de controle do espaço, como as feitorias, fortalezas e, a partir da colonização, sítios, fazendas, ribeiras, currais, povoados, vilas, cidades, termos, e freguesias. Os sertões foram sendo construídos, dessa maneira, a partir da confluência de muitos caminhos, que podemos enxergar na experiência histórica de pessoas saídas da Ibéria e que, ao cruzarem os oceanos, construíram novos modos de vida em espaços afastados de seu lugar de origem, vivências essas intercruzadas com os nativos encontrados nas novas terras e com as populações que vieram da Costa da África.
Ao longo do tempo, no âmbito da história traçada no que hoje chamamos de Brasil, sertão, enquanto conceito, foi apropriado de diferentes maneiras, pelas pessoas que dominaram o saber burocrático (padres, escrivães, tabeliães) e/ou geográfico (cosmógrafos, pilotos, agrimensores), por cronistas e viajantes – nativos ou não da América –, mas, também, por homens e mulheres sem conhecimento técnico e que tiveram a experiência do viver nos sertões. Esse conceito foi retomado e reapropriado, a partir do século XIX, pelos saberes acadêmicos em construção no Brasil, sobretudo no Instituto Histórico e Geográfico e Brasileiro, e, posteriormente, no pensamento social brasileiro e nas universidades, constituindo, pouco a pouco, um domínio temático, a História dos Sertões, campo de estudos sem o qual é praticamente impossível compreender a História do Brasil.
Os Anais aqui apresentados, pois, registram a memória dos trabalhos apresentados durante esse importante encontro de todas as gentes que pesquisam os sertões no Brasil e fora dele.
Ane Mecenas
Helder Macedo
Juciene Andrade
Alda Dantas
Matheus Barbosa
Organizadores do II SEHIS
Ms. Abimael Esdras Carvalho de Moura Lira – Doutorando – UFRN
Dr. Abrahão Sanderson N. F. da Silva – UFRN
Ms. Adson Rodrigo Silva Pinheiro – Doutorando – Universidade Federal Fluminense - UFF
Dr. André Ricardo Heráclio do Rêgo – Ministério das Relações Exteriores - MRE
Dr. Antonio José de Oliveira – UFRN
Dr. Antônio Zilmar da Silva – Universidade Estadual do Ceará – UECE
Ms. Artur Vitor de Araújo Santana – Doutorando – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Ma. Avohanne Isabelle Costa de Araújo – Doutoranda – Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
Dr. Bruno Kawai Souto Maior de Melo – Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Dr. Cassio Expedito Galdino Pereira – URCA
Dr. Darlan de Oliveira Reis Júnior – URCA
Dr.ª Débora Strieder Kreuz – Universidade Estadual do Piauí – UESPI
Ms. Elson de Assis Rabelo – Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF
Dr. Eurípedes Antônio Funes – Universidade Federal do Ceará – UFC
Dr.ª Fabíola Cristina Alves – UFRN
Dr. Fernando Bagiotto Botton – UESPI
Dr. Francisco Ramon de Matos Maciel - Doutor – UFC
Dr. Francisco Ruy Gondim Pereira – Secretaria de Educação do Ceará
Dr. Gabriel Pereira de Oliveira – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN
Dr.ª Gabriela Berthou de Almeida – UESPI
Ms. Israel da Silva Aquino - Doutorando – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Dr.ª Janaína Freire dos Santos – Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco – IAUPE
Ma. Janille Campos Maia – Doutoranda – FIOCRUZ
Dr. João Fernando Barreto de Brito - Doutor – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Dr. João Paulo Peixoto Costa – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI
Dr. Joaquim dos Santos – URCA
Ms. Johnnys Jorge Gomes Alencar – Doutorando – Universidade Federal da Bahia – UFBA
Dr. José Ferreira Júnior – Faculdade de Formação de Professores de Serra Talhada – FAFOPST
Dr. José Leonardo do Nascimento – Universidade Estadual Paulista – UNESP
Dr. José Vieira da Cruz – Universidade Federal de Sergipe – UFS
Dr.ª Juciene Batista Félix Andrade – UFRN
Dr. Kamillo Karol Ribeiro e Silva – Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ
Dr. Kleiton Souza de Moraes – UFC
Ma. Laila Pedrosa da Silva – Doutoranda – FIOCRUZ
Ma. Layra de Sousa Cruz Sarmento - Doutoranda – Universidade de Brasília (UnB)
Dr.ª Leda Agnes Simões – Doutora – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
Ms. Lucas Gomes de Medeiros – Doutorando – Universidade Federal Rural de Pernambuco –UFRPE
Dr. Mairton Celestino da Silva – Universidade Federal do Piauí – UFPI
Dr. Marcio Antônio Both da Silva – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
Ms. Márcio dos Santos Rodrigues – Doutorando – Universidade Federal do Pará - UFPA
Dr. Marcos Antonio de Menezes – Universidade Federal de Jataí – UFJ
Dr. Marcos Luã Almeida de Freitas – Doutor – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Dr.ª Marina Monteiro Machado – UERJ
Dr.ª Michelle Ferreira Maia – Centro Universitário UNINTA
Ms. Milton Stanczyk Filho – UNIOESTE
Dr. Pedro Abelardo de Santana – Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Dr. Rafael Ricarte da Silva – UFPI
Dr. Raimundo Moreira das Neves Neto – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA
Dr. Raimundo Nonato Rodrigues de Souza – Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA
Dr.ª Renata Felipe Monteiro – Secretaria Municipal de Educação de Fortaleza – CE
Ms. Roberto Viana de Oliveira Filho – Doutorando – UFC
Dr. Robson William Potier – Secretaria de Estado da Educação do Rio Grande do Norte – SEEC-RN
Dr.ª Sônia Maria de Magalhães – Universidade Federal de Goiás – UFG
Dr.ª Tatiana Gonçalves de Oliveira – UESPI
Dr. Thiago Reisdorfer – UESPI
Dr. Tiago Bonato – Universidade Federal da Integração Latino-Americana - UNILA
Dr. Tyrone Apollo Pontes Cândido – UECE
Dr. Valério Rosa de Negreiros – UESPI
Dr. Valter Gomes Santos de Oliveira – Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Dr.ª Wania Alexandrino Viana – Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA