O serviço de tradução simultânea-bimodal da Língua de Sinais Brasileira para a Língua Portuguesa na modalidade oral, ganha destaque no Brasil a partir do reconhecimento dessa língua de sinais como meio legítimo de comunicação e expressão para as Pessoas Surdas. O reconhecimento linguístico deu-se por meio da Lei Nº 10.436/02 e das implementações do Decreto Nº 5.626/05. Nisso, as vozes e imagens das Pessoas Surdas brasileiras ganharam visibilidade e legitimidade devido a sanção desses diplomas legais. Decerto, o serviço de tradução torna-se imprescindível, à medida que garante atos comunicativos entre ouvintes e surdos, mas também entre surdos e ouvintes. Nesse contexto, por uma abordagem qualitativa, tensionamos aproximações entre os campos teóricos da tradução e da sociolinguística, conforme Pergnier (1972). Ao tratar de enunciados em que a língua de partida é proferida por surdos gays efeminados, propomos intersecções entre os estudos da tradução com a sociolinguística de terceira onda, conforme o conceito de comunidades de práticas abordados por Wenger (1998), Eckert; Mccgonnell-Ginet (2003) e Veloso (2014). Corroboramos também com Estilo, conforme defendido por Irvine (2001), por entender que o estilo discursivo de gays surdos efeminados precisa fazer parte do afã dos tradutores e das emulações no processo tradutório. Nosso objetivo consiste em apresentar dados preliminares de nossa pesquisa de mestrado, cadastrada no PPGLINC/UFBA, vinculada ao Grupo de Pesquisa PHINA (CARVALHO et al. 2016; 2017; 2018; 2019; 2020). Propomos interseção entre os dados obtidos na pesquisa de Oliveira (2017) e nossas experiências enquanto tradutores - que nos oportuniza teorização da práxis tradutória (PERGNIER, 1972). Em “A Variação Articulatória em Libras e a Orientação Sexual do Surdo: estudo sobre captura de movimentos e percepção linguística” os surdos “gays foram percebidos como mais formais e como mais femininos que os heterossexuais” (OLIVEIRA, 2017). Entendemos que esses resultados citados acima apontam para as seguintes ponderações na tradução: ênfase na expressividade da fala; levantamento de caraterísticas de posicionamentos LGBTQIA+; conhecimento dos artefatos identitários referente a esta comunidade de prática; o emprego na prosódia do tom e pitch de voz mais altos e metalinguagem da área empregada nas construções sintáticas. Consideramos que as identidades não estão mais ancoradas ao estereotipo de nascimento: “menino ou menina” (HALL, 2006), mesmo ao nascer o indivíduo pode sofrer decisões sociais na determinação de seu gênero (ECKERT; MCCGONNELL-GINET, 2003). Assim, essa feminilidade encontrada nas entidades discursivas, consiste em elementos sociolinguísticos a serem evidenciados no texto traduzido, por estar em jogo, vozes e imagens de surdos gays efeminados. No entanto, entendemos que o traço prosódico - tom da fala, pitch da voz mais altos – pode ser melhor realizados por tradutores nesse pertencimento identitário: gays, efeminados, a fim de que essa prosódia seja natural. Nesse éthos, consideramos que observar o Estilo pode colaborar para que o público da língua de chegada, se aproxime das vozes e imagens dessas pessoas surdas, por compreenderem o enunciado, o sentido do texto, e por ver empregados no texto as marcas sociolinguísticas de comunidades de prática de gays efeminados em consonância com as vozes e imagens que discursam.
A primeira edição do Seminário de Estudos Linguísticos e Literários do IFBA - I SELLIFBA aconteceu online no período de 23 a 26 de novembro de 2020, com o tema Línguas e literaturas na Bahia: pesquisa e ensino em foco. Essa foi uma ação do grupo de pesquisa ELiPor: Estudos de Língua Portuguesa: descrição e ensino, que homenageou seu saudoso membro, Sinval Medeiros Júnior, professor do Instituto Federal da Bahia, Campus Vitória da Conquista.
Nesse sentido, a programação contou com uma mesa-redonda de abertura constituída por seus ex-orientadores, a Profa. Dra. Cristiane Namiuti (UESB) e o Prof. Dr. Danniel Carvalho (UFBA). O evento foi uma homenagem e um espaço de compartilhamento de saberes em Linguística e Literatura, as grandes áreas do mundo das Letras.
Integraram à programação mais de vinte trabalhos apresentados, com temas diversos, tais como: Ensino de Jovens e Adultos, leitura, escrita, evasão, ensino de português, inglês e espanhol, representações sobre o sujeito indígena e suas narrativas, infância, alfabetização, letramento de idosos, multiletramentos, pronomes clíticos, socioconstrucionismo, letramentos digitais, novas tecnologias de informação e comunicação, letramento literário, ensino remoto, Educação Básica, Educação do Campo, Sociolinguística, processo tradutório de surdos gays efeminados, tratamento dos verbos monoargumentais, verbo no subjuntivo, Ensino Médio, livro didático e outros.
Luzia Matos Mota
Reitora
Philipe Murillo Carvalho
Pró-Reitor de Ensino
Jancarlos Menezes Lapa
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação
Nivea de Santana Cerqueira
Pró-Reitora de Extensão
Jenner Miranda de Carvalho
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional
Prof. Me. Diego Fernandes Coelho Nunes (IFBA/Valença; PUC-Rio)
Prof. Dr. Fabrício da Silva Amorim (IFBA/Santo Antônio de Jesus)
Profa. Dra. Fernanda de Oliveira Cerqueira (UFBA)
Esp. Luís Carlos Santos Pedreira (IFBA/Simões Filho)
Me. Paulo Henrique da Silva Santos (IFBA/Valença)
Prof. Dr. Valter de Carvalho Dias (IFBA/Simões Filho)
Profa. Ma. Verônica de Souza Santos (IFBA/Porto Seguro)
Profa. Dra. Cíntia Paula Andrade de Carvalho (IFBA/Ilhéus)
Prof. Dr. Clézio Roberto Gonçalves (UFOP)
Profa. Dra. Dislene de Brito Cardoso (IFBaiano/Valença)
Prof. Dr. Fábio Ramos Barbosa Filho (UNICAMP)
Profa. Dra. Franciane Rocha (UFRB)
Prof. Dr. Gabriel Nascimento dos Santos (UFSB)
Profa. Dra. Isis Juliana Figueiredo de Barros (UFRB)
Prof. Dr. Ivo Falcão da Silva (IFBA/Simões Filho)
Prof. Dr. Marielson de Carvalho Bispo da Silva (UNEB)
Prof. Dr. Rogério Luid Modesto dos Santos (UESC)