Uso de jabuti das espécies Chelonoidis denticulatus e Chelonoidis carbonarius na alimentação humana: uma análise ecológica e cultural.

Uso de jabuti das espécies Chelonoidis denticulatus e Chelonoidis carbonarius na alimentação humana: uma análise ecológica e cultural.

• Autor
• Felipe Emerson Bernardo da Silva Costa
• Co-autores
• Ida Vanderlei Tenório
• Resumo

• O projeto tem como objetivo investigar os fatores, socioeconômicos e ambientais   que estão associados ao hábito de inserção do consumo do Jabuti/cágado na dieta alimentar na Região de Santana do Ipanema. O uso de animais na alimentação é uma das principais estratégias adaptativas para a sobrevivência dos seres humanos. O uso de quelônios na alimentação humana é muito comum na região norte do Brasil, como fonte proteica para a população local, no Nordeste, em Santana do Ipanema-AL, este hábito está associado a domesticação deste animal e a práticas culturais. A preocupação com a criação e consumo considerados ilegais pela legislação, aliados a tradição do uso na alimentação no município acima citado, bem como a busca de informações sobre a espécie justificam esta pesquisa. Foi realizada uma revisão sistemática sobre o uso de animais silvestres na alimentação humana relacionado a práticas culturais, como também foi realizado um estudo de caso para avaliar a origem desse hábito e a sua manutenção nas geracões futuras, a partir de um questionário, aplicado através do “Google” formulário a população de Santana do Ipanema. Essa pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade de Araraquara sob o nº 75831923.8.0000.5383. Como resultado temos que algumas espécies de animais silvestres fazem parte da alimentação humana, principalmente de povos tradicionais que residem em áreas rurais, porém o consumo desses animais ainda persiste em áreas urbanas na América do Sul, no entanto existem poucos trabalhos que avaliem a importância dos fatores culturais e econômicos na determinação desse consumo assim como o papel das crenças culurais, das normas sociais e das atitudes na condução do consumo de carne silvestre. Das 265 pessoas que  responderam ao formulário,    58,87%  eram do sexo masculino, inclusive, 59,65% que tinham conhecimento sobre o uso do jabuti/cágado na alimentação humana eram do mesmo sexo. O conhecimento sobre esse hábito alimentar  veio através da família (45,02%) e da cultura local (19,91%). Em relação ao consumo do Jabuti/cágado, 44,15% já haviam consumido, sendo também a maioria do sexo masculino ( 67,52%) com idade acima de 50 anos (60,68%) e renda  de 5 a 10 e acima de 10  salários mínimos que somaram 64,98%. Das pessoas que nunca consumiram cágado, não fizeram o consumo por falta de oportunidade (30,61%), seguido por sentimentos negativos 19,05%. Esses animais fazem parte da vida do Santanense pois 50,56% tiveram cágados em sua residência, como animal de estimação (59,70%) ou para alimentação humana (20%), no entanto não sabiam qual a função desse animal na natureza, apenas  6,42% responderam corretamente. Sobre esse animal fazer parte da cultura Santanense como prático típico, 61,51% responderam sim, contudo quando questionados sobre a origem desse hábito a grande maioria respondeu não saber. O consumo desse animal esta associado a práticas culturais e a  presença de familiares que já  tenham consumido,  a população mais jovem nunca provou esse prato típico e não concorda que esse hábito alimentar seja passado para as próximas gerações.

• Palavras-chave
• Etnozoologia; Práticas Culturais; Quelônios; Testudines
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Campus II - Ensino, Pesquisa e Extensão