Esta comunicação tem o propósito de socializar os resultados alcançados a partir de uma pesquisa realizada no ano de 2019 sobre a política de inclusão social adotada por uma universidade pública situada no interior do estado da Bahia para povos indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência. Sob a égide de universidade colorida, plural e diversa, a referida pesquisa, por meio de uma análise qualiquantitativa do sistema de quotas adotado pela UESB entre os anos de 2009 e 2017, valendo-se dos procedimentos metodológicos pesquisa bibliográfica e documental complementados pela técnica de análise de conteúdo para o tratamento dos dados, culminou nos seguintes achados: em quase uma década de adoção da política de inclusão pela UESB, os povos indígenas, os quilombolas e as pessoas com deficiência representam, tão somente, 3% da totalidade do universo de discentes dos cursos de graduação, sendo mais preocupante ainda que, dos três grupos, o indígena tenha a menor representatividade (0,3%), seguido do deficiente (0,9%) e do quilombola (1,4%). É, no mínimo, paradoxal que os indígenas registrem o menor percentual de ocupação das vagas numa universidade cujos campi que a integram estão localizados na região sul da Bahia, onde há as maiores concentrações de populações indígenas no estado. A inexpressiva representatividade desses grupos nos cursos de graduação da UESB se traduz em 83% de vagas ociosas destinadas a esses sujeitos, 37% dos que ingressaram evadiram-se e apenas 23% concluíram os seus cursos. Entretanto, ainda que esses dados sejam preocupantes, entende-se que a simples presença de sujeitos excluídos de lugares que, historicamente, estiveram à margem, representa o início da mudança do paradigma dos estereótipos negativos e a possibilidade de um novo imaginário social acerca dos povos indígenas, dos quilombolas e das pessoas com deficiência no Brasil.
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