A pesquisa revela a utilização de mecanismos capazes de gerir a vida e a morte dos sujeitos e os relaciona com os aparatos tecnológicos e inovadores decorrentes da inteligência artificial. Dessa forma, objetiva analisar os limites da aplicação de instrumentos direcionados à concretização de políticas relacionadas à morte na atual crise sanitária ocasionada pela Covid-19. Parte do pressuposto de que a previsão constitucional que garante a inviolabilidade do direito à vida não é suficiente para assegurar a sua efetivação tampouco para evitar que os detentores do poder legitimem aparatos que definam quem possui o direito de viver. Fundamenta-se a pesquisa no direito fundamental à igualdade e no direito social à saúde, previstos, respectivamente, nos artigos 5º, caput e 6º da Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Assim, utilizando-se do escopo teórico-bibliográfico e do método hipotético-dedutivo, os resultados obtidos indicaram que a criação de políticas “necro” não apenas tem ocorrido em tempos de pandemia, mas também está presente durante toda a existência humana, especialmente ao se verificar a indiferança estatal em relação àqueles que não fornecem lucro ao sistema capitalista. Além disso, salienta-se que, embora a inteligência artificial possa auxiliar os profissionais da saúde no exercício de suas funções durante a atual crise pandêmica, esta não pode ser destinada a determinar quem terá o direito à vida garantido, bem como não deve servir como uma forma de ocultar a premente necessidade de investimento na saúde pública.
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