O presente estudo objetivou apreender a relação entre a gênese do Serviço Social em Pernambuco, nas décadas de 1940 e 1950, e a intervenção social do Estado face à questão dos mocambos. Como objetivos específicos, propusemos apresentar uma breve caracterização da “questão social” e de seus reflexos a partir da realidade da cidade do Recife; identificar as demandas de ações interventivas do Serviço Social na Habitação por parte do Estado e das instituições vinculadas a este; e caracterizar os diversos espaços que atendiam às necessidades habitacionais e da atuação das profissionais do Serviço Social neles inseridos. A pesquisa se deu, principalmente, através da revisão bibliográfica, não apenas do material disponível sobre a história da ESS-PE (GOMES, 1987; PADILHA, 2008; VIEIRA, 1992), mas também da literatura referente ao período em questão, em especial sobre as políticas voltadas à habitação (BEZERRA, 1965; CASTRO, 1957; GOMINHO, 1993, 1998, 2011; MORAIS, 2013; PANDOLFI, 1984). Pesquisas acerca da relação da profissão com essa temática, no entanto, ainda se encontram escassas. Por isso, recorremos também à análise documental, contando como fonte de dados monografias de estudantes da ESS-PE e matérias de jornal da época, em especial o Folha da Manhã — neste, o interventor Agamenon Magalhães dedicava-se diariamente a exercer o que chamava de “doutrinação política”, justificando as medidas intervencionistas e disseminando sua campanha contra os mocambos (PANDOLFI, 1984). A pesquisa buscou apreender a questão investigada de acordo com os princípios teórico-metodológicos da tradição marxista presente na literatura do Serviço Social. Concluímos que nas mediações concretas que compunham a intervenção do Estado para lidar com esta expressão da “questão social” relacionada à habitação, encontra-se sua conexão com a emergência do Serviço Social e os primeiros espaços interventivos da profissão em Pernambuco.
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