Em uma sociedade regida por relações de poder e opressão de minorias, vislumbramos a dominação de uma maioria: mulheres. É a partir de uma visão social de superioridade do homem ante a mulher que esta é enxergada como um homem incompleto, como afirmou São Tomás (BEAUVOIR, p.11). Vítimas do patriarcado e vistas como sexo secundário, a classe feminina vê os efeitos do universo machista em suas relações culturais e econômicas, e as sente física e psicologicamente.
Contraditoriamente, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking do Mapa da Violência de 2015 dos países que mais mata mulheres, enquanto a Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/2006, é considerada pela ONU como uma das 3 leis mais avançadas sobre violência contra a mulher no mundo (IBFAM, 2010). O âmago da questão reside no fato desta violência continuar sendo invisível para a própria vítima e, diversas vezes, pelo poder público, diante do machismo enraizado. Sendo a maioria das violências contra a mulher no âmbito doméstico ou dentro de uma relação íntima de afeto, a mais recorrente é a violência psicológica, como o atualmente debatido gaslighting.
Gaslighting, batizado em virtude da violência trazida pelo filme Gaslight (1944), é uma modalidade de violência psicológica que se utiliza de jogo de poder e manipulação com a vítima com frases ditas pelo seu dominador, como "está louca?" "você está inventando coisas." (STERN, 2007 p.12), buscando distorcer falas e situações para a vítima questionar sua racionalidade e sua memória, o que ocorre facilmente diante de uma naturalização da dominação masculina no meio social (ARAUJO, 2008, p.3).
Invalidadas pela sociedade e vítimas de uma violência de que não possuem conhecimento, resta à comunidade se educar para a igualdade de gênero, e não apenas ensinar e esperar que mulheres lutem sozinhas contra o desconhecido.
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