O presente trabalho apresenta uma análise linguístico-histórica do verbete “mulher”, recortado de Novo dicionário da língua portuguesa (1986), da autoria de Aurélio Buarque de Holanda. De acordo com os pressupostos teóricos da História das Ideias Linguísticas, os dicionários são objetos históricos e discursivos capazes de revelar aspectos sociais e históricos da sociedade e da época onde são produzidos. Nesse sentido, a análise linguístico-histórica do verbete “mulher” reflete sobre as representações das mulheres nesse dicionário nacional. Tendo dicionários como objeto de pesquisa, o papel dos estudiosos e/ou analistas do dicionário é refletir sobre a relação das palavras que nele constam com a História. Cada palavra registrada em um dicionário não está ali por acaso, visto que os sentidos das palavras são atravessados pelo histórico, pelo cultural e pelo ideológico. Sendo assim, analisar as palavras que designam as mulheres em dicionários configura um gesto intelectual onde diversos saberes dialogam e convergem. Os estudos de gênero auxiliam no gesto de análise, pois permitem observar como se define e se constrói a condição de mulher em Novo dicionário da língua portuguesa. Neste dicionário, o verbete “mulher” basicamente é definido de acordo com seu sexo biológico e conforme sua relação com o homem (podendo a mulher ser esposa ou amante). Em geral, são acepções depreciativas, nas quais frequentemente aparece a palavra “meretriz” como sinônimo. Não é feita nenhuma menção à inteligência ou ao intelecto da mulher e sua condição parece estar relegada ao âmbito doméstico.
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