Arte, rebeldia e repreensão: Rita Lee, Ney Matogrosso e Cazuza na música como resistência política.

Arte, rebeldia e repreensão: Rita Lee, Ney Matogrosso e Cazuza na música como resistência política.

• Autor
• Adson Francisco Silva Santos
• Co-autores
• Álvaro Daniel Santos Almeida , Micilene Santos da Silva , Antônio Gabriel de Souza dos Santos , Rafael Lisbôa da Silva , Lilian Maria Dantas
• Resumo

• Durante o período da ditadura militar brasileira (1964–1985), a música popular desempenhou papel crucial como forma de expressão política e resistência, em meio à censura, à repressão e à vigilância sobre artistas, nomes como Rita Lee, Ney Matogrosso e Cazuza se destacaram não apenas por sua produção artística, mas por incorporarem em suas obras e atitudes elementos de contestação política, crítica social e ruptura com normas de gênero e sexualidade. Este trabalho propõe uma análise crítica da atuação desses três artistas como vozes de resistência, a partir de suas performances, letras e discursos, compreendendo a arte como prática social e política. O objetivo é compreender como Rita Lee, Ney Matogrosso e Cazuza utilizaram a arte como instrumento de rebeldia, questionamento de estruturas de poder e subversão de valores conservadores. A pesquisa segue abordagem qualitativa, com base em revisão bibliográfica, análise de letras de músicas e estudos culturais. Parte-se da concepção de que a arte pode atuar como força de transformação social (Marcuse, 1973), sobretudo em contextos de repressão, também se recorre aos conceitos de performatividade de gênero (Butler, 2003) e contracultura (Buarque de Hollanda, 2018), para analisar como os artistas tensionavam padrões sociais através de seus corpos e vozes. Rita Lee, pioneira do rock brasileiro, foi constantemente censurada por sua irreverência e pela forma como desafiava os papéis tradicionais atribuídos às mulheres. Ney Matogrosso, por sua performance andrógina e erotizada, rompendo códigos de masculinidade, provocava reações intensas e resistia à normatização dos corpos. Já Cazuza se destacou por sua frontalidade lírica e pela crítica política direta, especialmente nos anos finais da ditadura e início da redemocratização. Sua exposição pública de afetos e da sexualidade também representava uma afronta aos padrões morais dominantes. Os resultados da análise indicam que, mesmo quando não abordavam diretamente o regime militar, os três artistas criaram linguagens que incomodavam, provocavam e resistiam ao autoritarismo muitas vezes por meio da ambiguidade, da metáfora e do excesso performativo. Como propõe Foucault (1988), o poder não está apenas na repressão, mas também nos discursos, e esses artistas souberam deslocar o discurso dominante a partir da arte. Conclui-se que Rita Lee, Ney Matogrosso e Cazuza construíram trajetórias marcadas por resistência estética e política, suas obras não apenas refletiam, mas também produziam formas de liberdade simbólica em um tempo de controle e silêncio, ao transformar a música em espaço de transgressão e denúncia, tornaram-se ícones de uma geração que ousou falar e cantar quando muitos foram silenciados.

• Palavras-chave
• Contracultura, Performatividade, Ditadura civil-militar, Expressão artística, Censura cultural.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Campus IV