LIBERDADE DE SER INTEIRO: O EXÍLIO VOLUNTÁRIO COMO ESTRATÉGIA DE SOBRE/VIVÊNCIA PARA HOMENS GAYS.

LIBERDADE DE SER INTEIRO: O EXÍLIO VOLUNTÁRIO COMO ESTRATÉGIA DE SOBRE/VIVÊNCIA PARA HOMENS GAYS.

• Autor
• Ericlis Roberto Aguiar dos Santos
• Co-autores
• Roberta Aguiar dos Santos , Angélica Nobre Mendes , Augusto Ferreira Ramos Filho
• Resumo

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  A presente pesquisa tem como objetivo analisar como as expressões de gênero e sexualidade são afetadas pelo impedimento familiar e/ou social, bem como como o exílio voluntário pode ser uma estratégia para a autonomia e emancipação. Esse estudo se declina nos estudos qualitativos, entrevistas semiestruturadas com 7 homens gays, no território brasileiro. O exílio de homens gays é vivenciada pelo rompimento das normas da masculinidade hegemônica e da heteronormatividade. Para a pesquisa, o exílio voluntário, é a opção de corpos dissidentes de se afastarem das mais variadas formas ainda no convívio ou não de sua família ou de seu meio social. A busca para indivíduos em exílio é evitar o isolamento afetivo e amoroso, viver as suas expressões e identidades de gênero integralmente, assim como suas orientações sexuais. Na subjetividade de homens gays, o exílio voluntário é vinculado à noção de liberdade, refere-se as engrenagens sociais de gênero, e como elas afetam as experiências e a noção de liberdade. A comunidade LGBTQIAPN+ é um grupo que percorre ao logo da vida situações de discriminação e sentimento de inferioridade, caracterizadas por exclusões, privações e tratamentos desiguais frente a cis-heterossexuais. Com os resultados das entrevistas, observa-se que esse exílio pode ocorrer em cinco dimensões distintas, manifestando-se em espaços físicos e/ou simbólicos, a saber: 1 - Exílio psicológico – Refúgio interno criado na mente como forma de proteção diante das adversidades. 2- Exílio familiar – Pode ocorrer pelo isolamento dentro de casa, geralmente no quarto, ou pelo afastamento completo, seja por escolha ou expulsão. A expulsão familiar e social acontece aquando os pais, responsáveis ou indivíduos do convívio descobrem a orientação sexual ou identidade de gênero, afastando pessoas LGBTQIAP+ de casa, de formar muitas vezes agressivas, assim com a exclusão dos ambientes sociais, de mesmo modo.  3 - Exílio social/cultural – Afastamento de grupos nos quais não há sentimento de pertencimento, como contextos religiosos ou culturais. 4 - Exílio econômico – Relacionado à busca por autonomia financeira, muitas vezes limitada a trabalhos precários e informais. 5- Exílio amoroso/afetivo – Sensação de insuficiência nas relações, marcada pela dificuldade em criar vínculos duradouros. Consideramos que os exílios voluntários vivenciados por pessoas LGBTQIAPN+ refletem estratégias de sobrevivência diante de uma sociedade que, em muitos contextos, ainda nega acolhimento e respeito às suas singularidades. Os dados desta pesquisa revelam diferentes formas de exílio que, embora voluntárias, não são escolhas livres, mas respostas às violências e exclusões estruturais. Esse exílio voluntário não pode ser entendido apenas como uma fuga, mas como uma afirmação da liberdade individual. Ao buscar um novo ambiente que ofereça maior aceitação, desse novo lugar, os LGBTQIAPN+ estão, na verdade, reivindicando o direito de ser quem são sem medo de repressão, violência ou marginalização. O exílio voluntário, espontâneo, nesse sentido, não deve ser entendido como uma solução individual, mas como um reflexo das falhas da sociedade, que ainda é patriarcal, homofóbica e misógina, e em proporcionar um ambiente inclusivo e respeitoso para todos, da população LGBTQIAPN+.

• Palavras-chave
• Corpo Como Território. Dissidência afetiva. Autoexílio. Itinerários de Re/Existência.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Campus I