O SER DOCENTE NA UNEAL: UMA EXPERIÊNCIA FORMATIVA

O SER DOCENTE NA UNEAL: UMA EXPERIÊNCIA FORMATIVA

• Autor
• Elissandra Santos Lima
• Co-autores
• Angela Maria Araújo Leite
• Resumo

• Este trabalho propõe uma reflexão crítica sobre a formação docente em Geografia a partir do diálogo entre diferentes epistemologias, com ênfase nas experiências vividas por meio da monitoria na disciplina Geografia das Sociedades Indígenas e nas ações de um projeto de extensão afro-brasileiro. A temática central gira em torno da valorização de saberes tradicionais, indígenas e afrodescendentes como parte fundamental na construção de práticas pedagógicas antirracistas, sensíveis e decoloniais. O objetivo principal é compreender como o contato com epistemologias não hegemônicas, especialmente aquelas que brotam da ancestralidade, do território e da oralidade, pode contribuir para ampliar o repertório formativo dos futuros professores de Geografia, superando os limites de uma formação ainda pautada em parâmetros eurocêntricos. A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Núcleo de Pesquisas Interdisciplinares Sociedade e Educação (NEISE), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL), e baseou-se em uma abordagem qualitativa, com práticas de acompanhamento em sala de aula, participação em rodas de conversa, oficinas e produção de materiais didáticos. As metodologias utilizadas foram marcadas pelo caráter participativo, afetivo e territorializado, valorizando o corazonar (Guerreiro Arias, 2010), como forma de unir razão e emoção no fazer pedagógico. A monitoria na disciplina, realizada no curso de licenciatura em Geografia da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), possibilitou a observação crítica e colaborativa da formação docente, enquanto o projeto afro-brasileiro promoveu vivências que destacaram a presença contínua das ancestralidades no cotidiano escolar. O referencial teórico articula autores como Ailton Krenak (2019), Boaventura de Sousa Santos (2007), Enrique Dussel (2002) e Patrício Guerreiro Arias (2010), propondo uma leitura do conhecimento como plural e situado. A noção de interciência e ecologia de saberes sustenta a crítica à hegemonia eurocêntrica, defendendo o diálogo entre saberes acadêmicos, populares e ancestrais. A cartografia social é apresentada como alternativa à cartografia geo-histórica tradicional, que historicamente tem silenciado povos indígenas e quilombolas, como apontado por Viegas (2020), reafirmando a necessidade de visibilizar essas territorialidades nos currículos escolares e no planejamento urbano. Conclui-se que formar professores de Geografia comprometidos com uma educação plural, crítica e decolonial exige não apenas a inserção de conteúdos específicos sobre culturas afro-indígenas, mas também uma transformação profunda na forma de ensinar e aprender. As experiências relatadas demonstram que o conhecimento pode (e deve) ser construído com o coração, os pés no chão e o olhar atento às realidades invisibilizadas. Ao unir o sentir ao pensar, reafirma-se o papel do educador como mediador de mundos, capaz de transformar a escola em um território de escuta, respeito e resistência.

• Palavras-chave
• Formação docente, Geografia, Ancestralidade
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Campus I