SABERES DOCENTES SOBRE CUIDADO E GÊNERO: QUESTÕES PARA O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SABERES DOCENTES SOBRE CUIDADO E GÊNERO: QUESTÕES PARA O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

• Autor
• Maria Eduarda da Silva
• Co-autores
• Carla Manuella de Oliveira Santos
• Resumo

• Este trabalho é resultado de uma Pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC), com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL). Os dados analisados abordam os saberes de professores(as) da Educação Infantil, com foco nas temáticas do cuidado e do gênero, buscando compreender de que maneira essas questões se articulam ao currículo e aos documentos legais. Com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) (BRASIL, 2009), entende-se que o currículo deve integrar saberes culturais e experiências significativas, visando o desenvolvimento integral das crianças. A pesquisa, fundamentada na perspectiva foucaultiana (FOUCAULT, 1996; FISCHER, 2001), a partir do entendimento de que os saberes docentes se constituem na interseção entre documentos normativos e experiências cotidianas, permeadas por relações de saber-poder. Foi adotada uma abordagem qualitativa, estruturada como estudo de caso, para o desenvolvimento da pesquisa contamos com a participação de oito docentes de instituições públicas municipais de Arapiraca. O processo de coleta de dados foi dividido em duas etapas: uma teórica, com revisão bibliográfica, e outra empírica, por meio de entrevistas, com garantia ética através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os resultados mostram que, mesmo com documentos oficiais como as DCNEI (2009) e o Referencial Curricular da Educação Infantil de Arapiraca (2025), ainda há relações de saber que reforçam estereótipos ou silenciam temas sensíveis nas práticas com crianças na Educação Infantil. Nesse sentido, Fischer (2001, p. 199) complementa: “[...] analisar textos oficiais sobre educação infantil, nessa perspectiva, significará antes de tudo tentar escapar da fácil interpretação daquilo que estaria por trás dos documentos [...]” visto que as palavras não são neutras, mas sim construídas historicamente. As entrevistas revelam concepções variadas sobre gênero entre professores(as) da Educação Infantil, que vão desde a compreensão como identidade social até visões binárias ou confusões com orientação sexual. Embora haja consciência sobre a importância do respeito, estereótipos de gênero ainda permeiam o cotidiano educacional, exigindo intervenções pedagógicas. No que se refere ao cuidado, as falas dos(as) docentes revelam que, apesar das DCNEI definirem o cuidado como indissociável do educar, muitas práticas ainda são assistencialistas e marcadas pela divisão desigual de tarefas por gênero, refletindo a feminilização e desvalorização dessa função (SANTOS e PIZZI, 2019). Alguns(as) professores(as) expressam preconceitos enfrentados por homens no cuidado infantil e associam o cuidado à paciência, proteção e afeto, enquanto outros reconhecem a indissociabilidade entre cuidar e educar. Além desses saberes, há o desconhecimento ou a apropriação superficial dos documentos legais. Assim, torna-se necessário ampliar a formação docente, revisar os documentos institucionais e promover práticas pedagógicas que valorizem a diversidade. Portanto, o que se observa é que tais documentos só ganham sentido e impacto, a partir das formas de como são apropriados e aplicados pelos(as) docentes no cotidiano com as crianças. Nesse processo, as relações de saber-poder estão presentes nas ações pedagógicas, produzindo efeitos de verdade que moldam tanto as ações, quanto as subjetividades dos(as) professores(as) que atuam na Educação Infantil. 

• Palavras-chave
• Infâncias. Feminino. Processos educativos.
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• Campus I