Vamos falar de vida: escuta clínica em psico-oncologia

Vamos falar de vida: escuta clínica em psico-oncologia

• Autor
• Wecia Mualem Sousa de Moraes
• Resumo

• A Psico-Oncologia surgiu a partir da necessidade do acompanhamento psicológico ao paciente com câncer, a sua família e à equipe multidisciplinar. O papel do psicólogo em oncologia propõe o apoio psicossocial e psicoterapêutico diante do impacto do diagnóstico/prognóstico e de suas consequências e mostra a possibilidade de apoio e/ou orientação psicológica para um melhor enfrentamento e qualidade de vida do doente e de seus familiares. De um modo geral, a doença crônica pode produzir consequências como dor, desconforto, baixa autoestima, incerteza quanto ao futuro, ideias suicidas, medos, pânico, transtornos gerais e específicos de conduta, dificuldades no relacionamento familiar e interpessoal, ansiedade, depressão, entre outros (Evans, 2006; Kersting et al., 2004; King et al., 2006; Miyazaki, Domingos, & Valerio, 2006; Valerio, 2003). O sofrimento emocional associado a essas doenças, se ignorado, pode acarretar redução significativa na qualidade de vida do paciente e de seus familiares e afetar de forma negativa a adesão aos tratamentos de reabilitação (Baptista & Dias, 2010; Corring, 2002; Dellve, Samuelsson, Tallborn, & Hallberg, 2006; King et al., 2006; Miyazaki, Domingos, Caballo, & Valerio, 2001). A Psico-Oncologia consiste na interface entre a psicologia e a oncologia. Utilizam-se estratégias de intervenção que possam ajudar o paciente e seus familiares no enfrentamento e na aceitação de uma nova realidade, promovendo, assim, melhorias na qualidade de vida (Vianna et al., 2011). O acompanhamento psicológico não pode ser visto apenas como uma “muleta” para o paciente, familiares e nem para a equipe de saúde, mas como uma forma de fortalecer o paciente para buscar seus próprios recursos em lidar com o real da vida e do corpo. É imprescindível o trabalho do psicólogo com a equipe no campo das decisões e no entendimento do corpo como um lugar localizável de sofrimento psíquico.Considera-se que as informações, orientações e intervenções psicoterapêuticas fornecidas aos pacientes, familiares e equipe médica nos atendimentos individuais e/ou grupais terão extrema importância. Ao compreenderem e trabalharem clínica, social e psicologicamente a origem de seus sintomas, os mesmos apresentam melhorias significativas na redução do estresse, nos equilíbrios do humor e da ansiedade e na qualidade de vida. As equipes inter e multidisciplinares tem alcançado resultados efetivos e relevantes na população-alvo de atendimento. Isso se torna visível por meio da própria observação do profissional psicólogo que acompanha o paciente, seus familiares e a equipe médica durante as etapas do tratamento e, dessa forma, percebe a estabilização do paciente e a criação de estratégias de enfrentamento adequadas. Nosso trabalho junto aos pacientes, familiares e equipe médica serão o de escutá-los e auxiliá-los na reflexão e identificação de sentimentos referentes ao diagnóstico/prognóstico de câncer. A possibilidade da troca de ideias e conhecimentos, nas várias áreas que compõem a equipe multidisciplinar, trará construção e crescimento profissional de todos os componentes envolvidos na díade saúde/doença. Concluindo, o trabalho em Psico-oncologia nos mostra a importância da equipe multidisciplinar em um momento que é coberto por dor, sofrimento e angústia. Esse momento também pode ocupar outra roupagem, trazendo esperança, cura, alegria e ressignificação do viver.

   

   

• Palavras-chave
• vida; psico-oncologia; escuta
• Modalidade
• Exposição
• Área Temática
• Abordagens Multidisciplinares na área da Oncologia