Introdução: Os tumores neuroendócrinos são tumores raros e compreendem apenas
0,49% de todas as neoplasias malignas. Os tumores neuroendócrinos podem ser
divididos em funcionantes e não funcionantes. Os tumores funcionantes apresentam quadro clínico precoce que está atrelado a
produção específica desses neuropeptídeos. Os tumores neuroendócrinos não
funcionantes, correspondem a 50-75%. Podem apresentar sintomas locais compressivos e possuem crescimento lento e
progressivo. O diagnóstico anatomopatológico e sua classificação baseiam-se na
positividade da imuno-histoquímica: cromogranina e sinaptofisina. Objetivo: O objetivo
do presente relato é descrever um caso de um carcinoma neuroendócrino, uma
doença rara. Metodologia: Foi realizado um estudo observacional descritivo do tipo
relato de caso em uma clínica oncológica situada no estado do Ceará. Relato de
caso: J.J.C., masculino, 47 anos, pardo, casado, eletricista, natural e procedente de
Itapipoca, Ceará, se dirigiu ao atendimento ambulatorial no oncologista por dor
abdominal e obstrução intestinal, tendo negado hipertensão arterial sistêmica, diabetes
mellitus e outras comorbidades prévias. Realizada tomografia computadorizada de
tórax, foi visualizado nódulo no abdome inferior esquerdo. Procedeu-se, em
sequência, com realização de laparotomia exploratória, oportunidade em que foi feita
ressecção da lesão em ceco com encaminhamento para análise histopatológica e
imunohistoquímica, as quais concluíram pela ocorrência de tumor neuroendócrino
(TNE) G1 carcinóide com índice de proliferação celular (Ki-67) menor que 2%. Firmado
o diagnóstico de TNE, foi realizada laparotomia exploratória, oportunidade em que foi
localizada a lesão e feita a exérese do tumor. No seguimento do paciente, foram
realizados exames de imagem pós-operatórios, nos quais foram detectados lesões
hepática e ileal. Foi procedida ileocolectomia direita e biópsia hepática com
tumorectomia, a qual teve como resultado tumor carcinóide maligno de baixo grau de
diferenciação histológica e metástase em 3 de 8 linfonodos regionais com extensão
extracapsular para o produto da colectomia direita (cólon direito e íleo terminal),
estadiamento pT3 e pN1, e metástase de carcinoma neuroendócrino bem
diferenciado. Na evolução do paciente, foram solicitados novos exames para
acompanhamento, quais sejam, estudo cintilográfico com somatostatina radiomarcada
e SPET/CT, que evidenciaram recidivas das metástases hepáticas, razão pela qual foi
solicitada radioinvertenção visando embolização das lesões. Paciente permaneceu
somente em tratamento clínico com Sandostatin e Everolimo, realizando exames
periódicos de controle, que evidenciavam redução de lesões hepáticas, durante três
anos até que, durante a realização de um TC de abdome, foi visualizado lesão
duodenal de aproximadamente 1,5cm, sendo solicitada radiointervenção para ablação.
Conclusão: Considerando que, nos últimos 30 anos, houve aumento considerável da
incidência dos tumores neuroendócrinos intestinais, o
que pode ter ocorrido muito em razão da melhoria nos exames diagnósticos, é
necessário que o profissional esteja apto a suspeitar e a diagnosticar tal condição,
visando a melhoria da qualidade de vida do seu paciente. A metástase hepática
é um sítio cuja sobrevida, de cerca de cinco anos, é melhor em
comparação a outras regiões, o que reforça a importância da disseminação de
informações sobre o tema e o cuidado para que seja feita a identificação precoce.
Assim, mais estudos devem ser realizados no intuito de disseminar o conhecimento
sobre a temática, inclusive para não-especialistas.
Comissão Organizadora
Mayra Ramos
Sabrina Pamplona
Samanta Dantas
Comissão Científica