REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE GRADUANDOS SOBRE O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LEITURA E ESCRITA
Lucilia Vernaschi de Oliveira (Doutoranda/UEM)
luvernaschi@gmail.com
Bethânia Vernaschi de Oliveira (Graduanda/UNICESUMAR)
bth.net@outlook.com
Solange Franci Raimundo Yaegashi (Orientadora/UEM)
solangefry@gmail.com
Eixo temático: Formação de Professores.
RESUMO
O presente trabalho originou-se de reflexões realizadas no Grupo de Estudos e Pesquisas em Escola, Família e Sociedade (GEPEFS), do Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Maringá (PPE/UEM), sobre a Teoria das Representações Sociais (TRS) e suas implicações epistemológicas para o campo da educação. Com esse propósito, buscamos analisar pesquisas realizadas com graduandos dos cursos de Letras e de Educação do Campo, sobre o ensino de leitura e escrita fundamentadas em pressupostos teóricos da TRS. Para isso, realizamos levantamento de pesquisas no Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, compreendidas nos anos de 2012 a 2016, sobre as representações discentes do ensino da nossa língua materna, as quais foram analisadas pelo viés da TRS. Localizamos 06 (seis) dissertações que, de forma geral, seus resultados apontam que os acadêmicos pesquisados representam aspectos positivos em sua formação, como a escrita orientada, entretanto há aspectos contraditórios, como a dicotomia entre o que aprendem e aquilo de que precisam para construírem sua identidade profissional.
Palavras-chave: TRS; Leitura e escrita; Representações de graduandos; Pesquisas stricto sensu.
INTRODUÇÃO
O presente texto é fruto de reflexões realizadas no Grupo de Estudos e Pesquisas em Escola, Família e Sociedade (GEPEFS), do Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Maringá (PPE/UEM), vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sobre a Teoria das Representações Sociais (TRS) e suas implicações epistemológicas para o campo da educação. O objetivo do presente texto é analisar pesquisas realizadas com graduandos de diferentes cursos sobre o ensino de leitura e escrita fundamentadas em pressupostos teóricos da TRS. Com isso, buscamos entender as RS de estudantes de graduação sobre o ensino e a aprendizagem de leitura e escrita e as implicações dessas concepções em seu processo de formação inicial.
Como procedimento teórico-metodológico, fizemos o levantamento de teses e dissertações no Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), defendidas no período de cinco anos, entre 2012 a 2016. Para a realização das buscas no site referido, utilizamos as palavras-chave: “representações sociais”, tanto no singular quanto no plural, “Teoria das Representações Sociais”, associada a uma das expressões: “leitura ou escrita”, “graduandos”, “acadêmicos” e “língua materna”.
Após localizar as pesquisas almejadas, lemos os resumos e verificamos as suas referências bibliográficas, com o intuito de checar se os teóricos da TRS estavam referenciados nos respectivos trabalhos. Selecionamos um total de seis dissertações, sendo defendidas nos anos de 2012 (1), 2013 (4) e 2016 (1), realizadas respectivamente por Silva (2012), Aquino (2013), Frota (2013), Gurgel (2013), Meireles (2013) e Oliveira (2016). No total, cinco trabalhos pesquisaram as RS de leitura e escrita de graduandos do curso de Letras e um deles no curso de Educação do Campo. Não localizamos teses de doutorado referentes à temática em estudo no período pesquisado. Apesar do rigor em localizar as pesquisas, pode ser que por algum motivo não contemplado em nossos critérios de buscas, algumas delas tenham ficado fora de nossa análise, o que não compromete o entendimento e a apresentação deste texto.
PESQUISAS STRICTO SENSU EM LEITURA E ESCRITA SOB A PERSPECTIVA DA TRS
Moscovici (1978; 2015), com a proposição da TRS, se preocupou fundamentalmente com a propagação de duas formas de conhecimento: o científico, também conhecido como reificado; e o do senso comum ou consensual, propagado como assuntos e informações do cotidiano.
Esse teórico explicou por meio dos processos psicossociais de ancoragem e objetivação como os conceitos e as ideias próprias da ciência são assimiladas socialmente. Ancorar ou ancorar-se é uma atividade mental que utilizamos como referência no processo de conhecimento de algo novo, ou seja, comparamos o desconhecido com o que nos é familiar, geralmente por aproximação de características que compõem o que estamos investigando. Por sua vez, o processo de objetivação diz respeito à materialização do que estamos internalizando, quer dizer, assimilamos o estranho, o não familiar (MOSCOVICI, 1978; 2015).
No que se refere aos seis trabalhos selecionados para a composição deste trabalho, se dedicaram especialmente aos aspectos de exercício de docência, o papel do professor de língua portuguesa, práticas inovadoras de leitura, estratégias de leitura de textos acadêmicos, estágio em língua portuguesa e representações sociais de graduandos sobre sua própria escrita.
De forma geral, os procedimentos metodológicos das dissertações analisadas foram realizados a partir de observação em sala de aula e anotações em diário de campo, realização de sessões de reflexões, aplicação da Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP), pela Técnica de Grupo Focal, aplicação de questionário; entrevista semiestruturada e por meio de produções textuais escritas e analisadas. Constatamos que a maioria dos trabalhos associam mais de uma técnica para a coleta de dados. Sobre os teóricos da TRS, Serge Moscovici e Denise Jodelet apresentam maior incidência na fundamentação teórica dos trabalhos analisados.
Os resultados dos trabalhos analisados demonstram que: os graduandos além de representarem a necessidade de estarem preparados para a docência, também vislumbram a preparação para passarem em concursos; que há aspectos contraditórios entre o que é ensinado na graduação e aquilo que o professor necessita na docência; na graduação há resistências e aprendizagens, conforme o trabalho pedagógico realizado em aula; o espaço de regência representa o cumprimento de funções burocráticas; a escrita orientada e fundamentada pode contribuir com a formação acadêmico-científica na construção da identidade profissional do graduando.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho apresentamos sinteticamente seis pesquisas strito sensu que se ancoraram na TRS para discutir as RS de estudantes de graduação sobre o ensino e a aprendizagem de nossa língua materna, na modalidade de leitura e escrita.
Os resultados apontam que os pesquisados representam como aspectos positivos do curso de graduação principalmente os relacionados com a qualidade do trabalho docente, contudo os pontos negativos são os decorrentes da distância entre o que aprendem na formação inicial do que realmente necessitam para tornarem-se professores de língua materna.
A TRS se mostra um bom referencial teórico-metodológico para a investigação no campo da educação e em outras áreas do conhecimento, entretanto, percebemos que em algumas pesquisas os conceitos dessa teoria não consubstanciaram os resultados das pesquisas que analisamos.
Por fim, entendemos que nossa pesquisa significa um breve recorte dos estudos sobre a TRS e o ensino da leitura e escrita, por isso recomendamos que outras investigações dessa natureza sejam realizadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AQUINO, L. V. Representações Sociais de Educandas e Educandos do Curso de Licenciatura em Educação do Campo sobre a Leitura de Textos Acadêmicos. 2013. 82 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/
handle/1843/BUOS9F5FLG/disserta_o_revisada_para_entrega.pdf? sequence=1>.Aces
so em: 17 out. 2017.
FROTA, J. A. S. Letramentos Acadêmicos e o processo de representação do graduando em Letras na contemporaneidade. 2013. 150 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, São José do Rio Preto, 2013. Disponível em:<https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/110995/000795109
.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 17 out. 2017.
GURGEL, M. C. Representações sociais de professores de língua materna em formação inicial sobre o estágio de regência. 2013. 206 f. Dissertação (Mestrado em Linguística). Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Departamento de Letras Vernáculas, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Fortaleza, 2013. Disponível em:<http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/8202/1/2013_dis_mcgur gel.pdf>. Acesso em: 17 out. 2017.
MEIRELES, M. M. de. Identidades em travessia: representações de estudantes de letras sobre ser professor de língua portuguesa. 2013. 184 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2013. Disponível em:<http://www2.uefs.br/ppge/dissertacao/dissertacao-meireles-201
3.pdf>. Acesso em: 17 out. 2017.
MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro, RJ: Zahar Editores, 1978.
MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
OLIVEIRA, A. G. O graduando de letras e a escrita: entre representações e vozes como espaço de ação discursiva. 2016. 168 f. Dissertação (Mestrado em Linguagem e Ensino). Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Humanidades, Campina Grande, PB, 2016. Disponível em:<https://drive.google.com/file/d/0B9_6p7k-tgLQMnZsMTVqS2hrZEk/view>. Acesso em: 25 out. 2017.
SILVA, A. K. A. da. A tessitura de sentidos: representação social de licenciandos do curso de Letras da UFRN sobre o ensinar. 2012. 151 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2012. Disponível em: <http://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/14545/1/NadreiaKAS_DISSERT.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2017.
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