LICENCIANDO EXTENSIONISTA, OFICINAS PEDAGÓGICAS: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE

  • Autor
  • Alison Diego Leajanski
  • Co-autores
  • Viviane Aparecida Bagio , Denise Puglia Zanon
  • Resumo
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    LICENCIANDO EXTENSIONISTA, OFICINAS PEDAGÓGICAS: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE

    Alison Diego Leajanski – UEPG

    alisondiego3@gmail.com

    Viviane Aparecida Bagio – UEPG

    vivibagio@gmail.com

    Denise Puglia Zanon – UEPG

    denizanon@gmail.com

    Eixo temático: Formação de professores

    INTRODUÇÃO

     

    Os projetos extensionistas nas universidades, que priorizam o desenvolvimento de atividades em parceria com a comunidade, podem contribuir com a formação acadêmica, a partir da compreensão da extensão como comunicação (FREIRE, 1983). Este estudo, desencadeado via Projeto extensionista A dimensão didática do trabalho docente: as relações entre ensinar, aprender, pesquisa e avaliar, na Universidade Estadual de Ponta Grossa, teve como objeto de estudo as oficinas pedagógicas, que intencionam desenvolver a aprendizagem por meio da investigação, produção e interpretação. Objetivou-se analisar como as oficinas pedagógicas realizadas junto aos estudantes do ensino fundamental, podem vir a corroborar no processo formativo de acadêmicos, a partir da análise de narrativas produzidas por licenciando extensionista integrante do projeto em questão.

    As oficinas foram realizadas entre os meses de setembro a novembro de 2018, em um escola da Rede Pública Estadual, no município de Ponta Grossa O público alvo e as temáticas foram: na turma de 7º ano, a Região Nordeste, com confecção de mapa tátil que representava a vegetação original e a produção de cordéis, literatura própria da região das oficinas; no 9º ano, a proposta foi confeccionar mapa do continente Africano. Após a realização das oficinas, as narrativas foram elaboradas pelo licenciando extensionista, revelando reflexões sobre ação e formação docente.

     

    Extensão universitária e oficinas pedagógicas: contribuições para a formação docente

     

    De acordo com Manchur, Suriane e Cunha (2013), a extensão contribui na formação dos licenciandos, pois favorece o contato entre acadêmicos e a prática docente. Possibilita ao futuro professor, oportunidades diversas de planejar e conduzir as aulas no ambiente escolar.

    Já, sobre as diferentes metodologias de ensino que podem ser adotadas nas aulas de Geografia, destacamos as oficinas pedagógicas, no sentido de que potencializam a participação dos estudantes e o papel do professor como mediador.

    Para Vieira e Volquind (2002), as oficinas favorecem o ensinar e aprender, a partir da construção coletiva, é modalidade de ação que promove investigação, reflexão, e propicia a unidade entre teoria e prática. Em uma oficina pedagógica, os estudantes produzem materiais e trabalham coletivamente, com os colegas e com o professor. O docente assume o papel de mediador junto aos estudantes. Para os autores, com essa estratégia, desenvolve-se nova forma de comunicação entre docente e discente, sendo que o primeiro é orientador no processo e o ponto de partida é o conhecimento sobre as habilidades individuais, com vistas a promover e ampliar os conhecimentos dos estudantes.

    O planejamento constitui momento essencial da oficina pedagógica pois, é nesta etapa que se definem situações didáticas, instrumentos e critérios avaliativos, materiais necessários, além do tempo destinado às atividades, número de participantes e possíveis entraves para o trabalho.

    Conforme Paviani e Fontana (2009, p. 78), “a metodologia da oficina muda o foco tradicional da aprendizagem (cognição), passando a incorporar a ação e a reflexão [...], numa oficina ocorrem apropriação, construção e produção de conhecimentos teóricos e práticos, de forma ativa e reflexiva”. Estas são pertinentes nas áreas da educação e ações comunitárias, pois priorizam trabalhos em grupos. Para Afonso (2002), a interação entre as pessoas, a produção coletiva, são características predominantes, especialmente a ideia de coletividade.

    Nessa perspectiva, emerge a afirmação de Tardif (2002, p.49): “O docente raramente atua sozinho. Ele se encontra em interação com outras pessoas, a começar pelos alunos”. Destaca-se a importância em privilegiar ações didáticas, que estimulem a interação entre todos na sala de aula e a aprendizagem colaborativa. Desencadeia-se a construção/apropriação do conhecimento, numa abordagem de ensino interacionista.

    Delineados aspectos sobre as oficinas pedagógicas, explicitamos a metodologia de pesquisa em nosso estudo: abordagem de pesquisa qualitativa, do tipo estudo exploratório, analisando narrativas, a partir da análise de conteúdo (BARDIN, 2016), das quais emergiram três categorias: Organização e planejamento didático da oficina; Contribuição do projeto na formação docente; e Aula ativa e aprendizagem significativa. Privilegia-se, na sequência, a discussão e reflexão sobre essa última.

     

    Aula ativa e aprendizagem significativa: categoria emergente das narrativas do licenciando

     

    Na leitura das narrativas surgem reflexões e posicionamentos do licenciando extensionista, sobre as contribuições das oficinas pedagógicas no que respeita à dinamização das aulas com vistas à aprendizagem dos conteúdos. Quando o acadêmico descreve a preocupação sobre as aulas mais dinâmicas e a necessidade de participação dos alunos, sistematiza, que as oficinas podem constituir-se como possibilidade didática relevante: “a aula acaba tornando-se mais dinâmica e os alunos tem a oportunidade de produzir materiais, ou seja, ver o resultado concreto do seu trabalho”. (fragmento de narrativa).

    Assim, além da produção de materiais e aula com dinamismo, oportunizou-se aos estudantes, situações de ensino diferenciadas das tradicionais. O licenciando destaca a seguir, que diversas potencialidades e habilidades foram identificadas no desenvolvimento das atividades:

    Foi perceptível que alguns alunos possuem muita facilidade para a escrita de poesias, e na realização de desenhos, acredito que esse potencial deva ser aproveitado e que os alunos sejam cada vez mais estimulados a desenvolver suas capacidades. (fragmento de narrativa).

     

    Além disso, sobre a importância das oficinas pedagógicas, “A produção de materiais pelos alunos faz com que eles possam ver seu trabalho realizado, isso estimula a participação de todos, fazendo com que participem do processo de aprendizagem de forma ativa”. (fragmento de narrativa). Tal fragmento vai ao encontro com o exposto anteriormente por Paviani e Fontana (2009), sobre a participação e construção coletiva e ativa dos conteúdos.

    Entretanto, ele destaca uma dificuldade percebida na vivência da proposta, bem como, a importância em auxiliar os alunos, para que participem ativamente, apesar dos imprevistos. Segundo ele, destacando a ideia de Tardif (2002), sobre o trabalho do professor com os alunos, foi importante perceber nesse processo formativo, a necessidade de orientar os alunos constantemente, por isso, é fundamental a mediação e intencionalidade durante a atividade: “percebi que no início os estudantes tiveram um pouco de dificuldade para cortar o material, por isso, os auxiliava nas carteiras, mas após algum tempo a maioria conseguiu vencer esta dificuldade”. (fragmento de narrativa).

    O acadêmico relata ainda, a preocupação em atingir os objetivos de aprendizagem, além da reflexão sobre a prática docente e os resultados obtidos:

    Os alunos mostraram-se interessados e dedicados na proposta, alguns até levaram algumas embalagens para casa a fim de finalizar o recorte. [...] uma proposta de trabalho com os alunos em que eles foram capazes de produzir o material, e isso, contribuiu positivamente para o aprendizado dos estudantes, que participaram de maneira ativa do processo. (fragmento de narrativa).

     

    Portanto, percebeu-se que a proposta de oficinas pedagógicas contribuiu na transformação do ambiente da sala de aula, despertando o interesse dos alunos pelos conteúdos, pois participaram ativamente. Pode-se notar ainda, o desenvolvimento de diferentes operações de pensamento, além do estímulo à criatividade e ao trabalho coletivo. Importante frisar, as contribuições do projeto de extensão na formação docente, pois oportuniza que a partir da inserção nas escolas, seja possível conhecer, explorar a realidade, as necessidades e expectativas dos estudantes, além de articular o conhecimento teórico com as atividades didáticas desenvolvidas.

     

    Considerações finais

    As oficinas pedagógicas, o encaminhamento metodológico no processo de ensino-aprendizagem, possibilitou aos alunos desenvolverem distintas habilidades, com a confecção dos mapas e a criação de um cordel.

    Com a produção das narrativas, o licenciando evidenciou a reflexão a respeito das vivências e experiências adquiridas, demonstrando a preocupação com a aprendizagem dos conteúdos, por meio de uma aula ativa.

    O projeto de extensão, a partir dos relatos evidencia a articulação entre o conhecimento específico e o cotidiano docente, com a reflexão sobre o ato de ensinar e aprender, com apoio e orientações dos professores da escola e da universidade. Todo esse processo demonstra a preocupação de que os alunos sejam capazes de reconhecer os conteúdos desenvolvidos em aula, em seu dia-a-dia e, de que os professores em formação tenham a possibilidade de transcender a compreensão sobre o processo didático para além dos conhecimentos estabelecidos oficialmente em sua formação acadêmica.

     

    Referências

    AFONSO, M. L. M. Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial. Belo Horizonte: Campo Social, 2002.

    BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2016.

    FREIRE, P. Extensão ou comunicação? 7.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1983.

    MANCHUR, J.; SURIANI, A. L. A.; CUNHA, M. C. da. A contribuição de projetos de extensão na formação profissional de graduandos de licenciatura. Revista Conexão UEPG, Ponta Grossa, v. 9, n. 2, p. 334-341, jul./dez. 2013.

    PAVIANI, N. M. S.; FONTANA, N. M. Oficinas pedagógicas: relato de uma experiência. Conjectura, Caxias do Sul, v. 14, n. 2, p. 77-88, maio/ago. 2009.

    TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

    VIEIRA, E.; VALQUIND, L. Oficinas de Ensino: O quê? Por quê? Como?. 4º ed. Porto Alegre. EDIPUCRS, 2002.

     

  • Palavras-chave
  • Projeto Extensionista, Oficinas Pedagógicas, Formação Docente
  • Modalidade
  • Comunicação oral
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