UM ESTUDO DAS ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO NO PROGRAMA PDE/SEED-PR: UMA BREVE REFLEXÃO.

  • Autor
  • Maria Amelia Ingles
  • Co-autores
  • Andrea de Paula Pires , Dulce Mara Langhinotti Carpes
  • Resumo
  •  

    UM ESTUDO DAS ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO NO PROGRAMA PDE/SEED-PR: UMA BREVE REFLEXÃO

    Maria Amelia Ingles - UEPG

    mariaameliaingles@yahoo.com.br

    Andrea de Paula Pires - UEPG

    andreappires@hotmail.com

    Dulce Mara Langhinotti Carpes - UEPG

                                                                                                                      dulcelanghinotti@gmail.com

    Eixo 4: Educação Especial

     

    INTRODUÇÃO

    O movimento inclusivo evidenciou-se a partir de 2008, com a publicação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que regulamenta a escolarização de estudantes com deficiência (física, intelectual, auditiva, visual e múltipla), transtorno do espectro autista e altas habilidades ou superdotação em sala de aulas regulares, destacando o direito desse público em ter suas necessidades educacionais identificadas e atendidas pela escola.

    Embora a palavra inclusão esteja presente em toda a discussão acerca dos estudantes público-alvo da educação especial, reflexões sobre a condição dos estudantes altas habilidades ou superdotados (AH/SD) são necessárias, uma vez que, estes,  sempre estiveram nas salas de aulas regulares, mas muitas vezes,  despercebidos pela sociedade, família, escola e professores, visto que o sistema educacional equipara os estudantes pela média e aqueles que se destacam geralmente não recebem um olhar ou incentivo diferenciado  (LANDAU, 2002).

    Tal contexto revela a necessidade de novas pesquisas, que proporcionem a consolidação e a produção de novos conhecimentos na área. Desse modo, esse estudo tem o objetivo de identificar o assunto AH/SD abordados nos artigos, para que se possa refletir sobre a importância deste público na demanda do atendimento especializado. Ainda, com base nos estudos de Davydov (1999;1998a;1998b;1998c;1988;1987;1985;1982),em sua Teoria Desenvolvimental, buscamos caminhos de transformação na área da Educação Inclusiva  das AH/SD.

    Para isso, o ambiente da pesquisa foi a plataforma educacional Dia a dia Educação, promovida pelo governo do Paraná, e a análise se deu nas produções PDE de 2014/2016, com base nos estudos de Omote (2014) sobre a importância de revisar de maneira crítica e sistemática as produções científicas,

     

     DISCUSSÃO DE DADOS

    Em referência as produções PDE, Fleith (2007) destaca que  o aluno com AH/SD muitas vezes é identificado no espaço escolar como um “aluno problema”, perturba a tranquilidade da sala de aula, pois tem interesses variados, não gosta de revisar conteúdos (pois já domina) e utiliza estratégias nada convencionais para ocupar o tempo.   Não devemos esquecer de que estamos falando de um aluno com necessidades especiais.

    Winner (1998), Rech e Freitas (2006) apontam que os mitos dificultam a identificação correta de estudantes que apresentam estas características e também leva a crença, de alguns profissionais, que estes já foram “agraciados” com potencial superior e não necessitam de qualquer atenção especial e/ou individualizada. Desta forma, Masini (2008, p.11) afirma que “[...] a escola promove a aprendizagem mecânica. Os resultados disso são facilmente percebidos em qualquer avaliação que se faça, em distintas áreas do conhecimento, por meio de provas regionais, nacionais ou internacionais”.

    Para Davydov (1988), o tipo de ensino em que o aluno é um mero receptor de um conhecimento elaborado e o seu pensamento conduzido do concreto para o abstrato, resulta apenas na formação do pensamento empírico, que segundo ele também é importante, mas não é suficiente para o conhecimento da realidade. O autor relata  ainda que a integração entre conhecimento didático (métodos de ensino) e conhecimentos específicos (conteúdos) são importantes para a aprendizagem. Davydov (1987) explica que ao propor as ações de aprendizagem ao aluno, o professor considere as relações entre área do conhecimento, especificidade do conteúdo e características dos alunos.

    Vale ressaltar que, mesmo o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE tendo como foco a prática pedagógica e a aprendizagem, conforme propõe Davidov (1982), em sua Teoria Desenvolvimental, na qual, defendia que o ensino impulsionasse o desenvolvimento mental, subjetivo, dos alunos; ainda assim, se observa uma lacuna entre as discussões teóricas, os diagnósticos de alunos, formação de professores e a prática pedagógica nas escolas, confirmado tal fato, quando analisadas as produções PDE no Estado do Paraná de 2014 e 2016 que tratam do assunto.  Foram encontrados 192 artigos, destes 86 estavam na categoria Educação Especial, mas quando utilizamos os descritores AH/SD somente 31 apresentavam os mesmos, e destes somente 8 realmente tratavam dessa temática.

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    As breves discussões aqui apresentadas demonstram o panorama dos artigos que retratam as práticas desenvolvidas pelos professores PDE nos anos de 2014 e 2016. Pode-se observar que quase todos os artigos encontrados fazem referência à legislação sobre a educação inclusiva e atribuem à formação de professores a melhor forma de visualizar o público alvo da educação especial com AH/SD. Entre os fatores apresentados como possíveis soluções encontra-se a capacitação dos professores como ponto central para viabilizar a inclusão, mas conforme se verifica nos dados apresentados por Barbosa-Vioto & Vitaliano e Manzini (2010) em sua pesquisa:

    [...] todos os professores do ensino regular avaliaram que não foram preparados para incluir alunos com NEE, nem mesmo aqueles  que tiveram uma disciplina de Educação Especial, visto que avaliaram como insuficiente a formação recebida.( BARBOSA-VIOTO & VITALIANO E MANZINI, 2010, p. 58)

     

    Quanto ao aporte da literatura apresentada sobre as AH/SD, verificou-se que é necessária cautela, o sentido no sentido de realizar uma avaliação contextual utilizando-se de ações pedagógicas interventivas ou não, mas que permitam uma visão ampla sobre o aluno, suas potencialidades, o ambiente no qual está inserido e todas as situações que possam interferir, sejam, positiva ou negativamente.

    De acordo com Davídov (1988), o ensino pode ser assim chamado quando promove transformações no sujeito da atividade educativa, ou seja, quando consegue provocar mudanças qualitativas no psiquismo do aluno, gerando, desse modo, níveis mais complexos de desenvolvimento. Para ele,

    [...] a tarefa da escola contemporânea não consiste em dar às crianças uma ou outra soma de fatos conhecidos, mas ensinar-lhes a se orientar independentemente na informação científica e em qualquer outra. Porém isso significa que a escola deve ensinar os alunos a pensar, ou seja, desenvolver ativamente neles os fundamentos do pensamento contemporâneo, para o qual é necessário organizar um ensino que impulsione o desenvolvimento [...] (DAVÍDOV, 1988, p. 3).

    Conclui-se que há um campo vasto para pesquisas futuras, que possibilitem transpor as barreiras entre a teoria/prática, oportunizando novos caminhos pedagógicos a esse público, e principalmente que a luz da Teoria Desenvolvimental de Davidov (1999; 1998a; 1998b; 1998c; 1988; 1985; 1982), possam oportunizar a aprendizagem, o desenvolvimento cognitivo e a capacidade para utilizar os conceitos, se apropriando das ações mentais necessárias para lidar com o objeto de conhecimento. Ademais,  a escola, na sociedade contemporânea, tem a tarefa desafiadora de educar na complexidade, de articular entre igualdade e diferença, no contexto de uma sociedade marcada por processos de discriminação e exclusão.

     

    REFERÊNCIAS

    BARBOSA-VIOTO, J.; VITALIANO, C. R. Educação inclusiva e formação docente: percepções de formandos em pedagogia. MAGIS. Revista Internacional de Investigacion en Educacion, Bogota, v.5, n.11, p.353-373, 2013.

    DAVYDOV, V.V. Tipos de generalización en la enseñanza. 3 ed. Habana: Pueblo y Educación, 1982.

    DAVÍDOV, V.V. Desarrollo psíquico en el escolar pequeño. In: PETROVSKI, A. V. (Org.). Psicologia evolutiva y pedagogica. 2. ed. Moscú: Progreso, 1985. p. 80-119.

    DAVÍDOV, V.V. La enseñanza escolar y el desarrollo psíquico: investigación teórica y experimental. Tradução: Marta Shuare. Moscú: Progreso, 1988.

    DAVYDOV, V.V. Problems of developmental teaching – The experience of theoretical and experimental psychological research. Parte I – Cap. 1 - The basic concept of contemporary psychology. Cap. 2 - Problems of children’s mental development Soviet Education, New York, Aug. 1998a.

    DAVYDOV, V.V. Problems of developmental teaching – The experience of theoretical and experimental psychological research. Parte II – Cap. 5 - Learning activity in the younger school age period. Cap. 6 - The mental development of younger school children in the process of learning activity. Soviet Education, New York, Sep. 1998b.

    DAVYDOV,V.V. Problems of developmental teaching – The experience of theoretical and experimental psychological research. Parte III – Cap.6 - The mental development of younger school children in the process of learning activity (continuação). – Conclusion – Appendix. Soviet Education, New York, Oct. 1998c.

    DAVIDOV, V.V. O que é a atividade de estudo. Escola inicial, São Paulo: Escola n. 7, 1999. p. 1-9.

    FLEITH, D. S. A Construção de Práticas Educacionais para Alunos com Altas Habilidades/Superdotação. Volume 2. In: Atividades de Estimulação de Alunos. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Brasília, 2001.

    LANDAU, E. A coragem de ser superdotado. São Paulo: Arte & Ciência, 2002.

    MASINI, Elcie A.S. e Moreira, Marco A. (2008). Aprendizagem significativa: condições para ocorrência e lacunas que levam a comprometimentos. São Paulo: Vetor Editora.

    OMOTE, S. Produção Acadêmica em Educação Especial. In: OMOTE, S.; OLIVEIRA, A. A. S.; CHACON, M. C. M. (Org.). Ciência e conhecimento em educação especial. São Carlos: Marquezine&Manzini: ABPEE, 2014, p. 125-134.

     

  • Palavras-chave
  • Altas habilidades e superdotação; Educação especial; produções PDE e a teoria desenvolvimental.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
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