EDUCAÇÃO ESPECIAL À LUZ DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

  • Autor
  • Leonete Dalla Vecchia Mazaro
  • Resumo
  •  

    EDUCAÇÃO ESPECIAL À LUZ DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA

    Leonete Dalla Vecchia Mazaro

    SEMED/Cascavel

    leonetedvmazaro@gmail.com

    4.Educação Especial

    Histedopr

     

    Para este trabalho, tomaremos como ponto de partida a afirmação de que: o trabalho educativo, realizado na sala de aula com todos os alunos, independentemente de sua condição física, sensorial ou intelectual, a partir da perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica (PHC), objetiva impulsionar o desenvolvimento humano e, a partir da apropriação das objetivações humanas, esses possam emancipar-se.

    Com base nessa afirmação, intentamos trazer e discutir, de forma sucinta, alguns elementos sobre o Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado a alunos público alvo da educação especial e, a partir deles identificarmos quais permitem garantir minimamente que o processo de ensino esteja voltado realmente a aprendizagem e, consequentemente ao desenvolvimento humano.

    Ao compreendermos que a educação é parte constituinte de uma sociedade dividida em classes antagônicas, compreendemos que a mesma é marcada por contradições, logo é necessário posicionamento e direção. E de que direção estamos falando?

    Se defendemos uma educação emancipadora, uma educação calcada na cientificidade, portanto na perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica, então a direção é uma só: a transformação da sociedade. Mas, isso demanda conhecimento e, para conhecer é preciso estudar. Para além disso, é preciso travar duras lutas na defesa de direitos essenciais, principalmente quando nos referimos ao Atendimento Educacional Especializado. Porém, como realizar tais enfrentamento diante do atual contexto?

    O momento exige de todos que defendem o ensino público, laico, gratuito e de qualidade, atenção, organização, articulação. É momento de traçar estratégias que permitam o direito de lutar insistentemente e coerentemente pelo acesso ao conhecimento, pela superação das formas de segregação, pelo não esvaziamento de conteúdos nas escolas públicas, enfim uma luta pelo direito a emancipação humana.

    Mesmo que a passos lentos, alguns avanços ocorreram nos últimos anos e um deles é a conquista do professor especializado para atender as especificidades dos alunos público alvo da educação especial, mas não poderíamos deixar de mencionar que na atual conjuntura a permanência desse profissional está atrelada a novas lutas.

    Quando falamos em um professor especializado para o AEE, de que profissional estamos falando? De um professor que centraliza o trabalho no afeto, carinho, amor, que respeita, compreende e acredita que a escola é o local que o aluno vai somente para se socializar e a sociedade afirmar que o mesmo está incluso? É esse o professor que queremos para nossos alunos? Não. Mas, isso não significa que tais questões não são consideradas, porém não são centrais no processo de escolarização do aluno.

    De acordo com Saviani (2005, p. 144), o professor é aquele que “aprendeu as relações sociais de forma sintética” e na condição de profissional que deve viabilizar condições para o aluno aprender deve realizar a “mediação entre o aluno e o conhecimento que se desenvolveu socialmente”. Portanto, esse profissional de modo intencional, sistematizado deve organizar o ensino com vistas ao desenvolvimento do aluno em suas máximas potencialidades.

    Segundo Facci e Lima (2012, p. 71), o professor que atua com a educação especial, a partir de atividades pedagógicas, intencionalmente “cria no aluno possibilidades de apropriação e objetivação daquilo que o homem já produziu, ou seja os conhecimentos científicos”.

    Defendemos, portanto, o trabalho educativo no Atendimento Educacional Especializado com aporte nos fundamentos da Pedagogia Histórico-Crítica, por isso acreditamos que o professor, de forma intencional, ao sistematizar, socializar o conteúdo escolar, impulsiona o desenvolvimento de suas funções psíquicas, ou seja, impulsiona o desenvolvimento da atenção, da concentração, da memória, do pensamento, da fala, das sensações.

    Entendemos que esse trabalho não é fácil, mas complexo e exige, além de muito estudo, compromisso e posicionamento. Exige organização dos conteúdos escolares de forma que cada aluno, em sua particularidade e singularidade se aproprie do conhecimento e, para isso é necessário buscar as formas e instrumentos mais adequados. A sistematização desse processo deve ser realizada no planejamento, pois é o ato de planejar que permite organizar o ensino com vistas a aprendizagem do aluno e a conquista da autonomia. 

    E para que um aluno, público alvo da educação especial, precisa de autonomia? De modo resumido autonomia para, hoje realizar uma atividade com o suporte do professor e amanhã, realizá-la sozinho. Pois, essa é uma das atribuições do professor do Atendimento Educacional Especializado: fazer com que o aluno não precise dele. Ensinar o aluno a utilizar os recursos auxiliares externos, as vias colaterais e alcançar autonomia, pois um dos objetivos de uma educação emancipadora é de que todos os alunos se apropriem das objetivações humanas.

    Compreendemos que toda criança, todo aluno, todo indivíduo tem capacidade de aprender, possui uma via de aprendizagem, uma necessidade específica, e quando necessário um atendimento educacional específico e, se for o caso, especializado, porém precisa ser ensinada. Precisa ter contato e assimilar os elementos culturais produzidos pelo homem e, para que essa assimilação ocorra, é imprescindível que o professor tenha claro o que é essencial, principal e fundamental durante a escolarização.

    A escola pública, laica, gratuita e de qualidade é o local que por excelência ocorre a apropriação do conhecimento sistematizado, é o local onde não se ensina qualquer coisa e de qualquer jeito, não é lugar de faz de conta, não é lugar de passar tempo. É local de compreensão histórica do movimento da realidade.  É local onde o trabalho educativo promove o desenvolvimento.

    Mas, para toda essa garantia, é inquestionável a necessidade de prever meios e recursos financeiros, pois não se faz educação de qualidade, com vistas ao desenvolvimento humano sem investimentos. Esses permitirão a organização coerente e necessário dos espaços específicos a cada situação e do tempo para que a apropriação do conhecimento ocorra.

    A guisa de conclusão, procuramos explicitar que é imprescindível compreender as dificuldades enfrentadas para a garantia do ensino à pessoa com deficiência, bem como unir-se as árduas lutas, necessárias, travadas diariamente, em diferentes espaços, para a garantia de um mínimo de qualidade e dignidade da vida humana.

    A escola e os professores nesse contexto e processo possuem papel fundamental na defesa da educação que venha contribuir e impulsionar o desenvolvimento desses indivíduos e para isso é preciso ter claro qual é a teoria de educação que possui essa perspectiva. Portanto, precisa compreender que o ato educativo, no espaço escolar deve ser organizado, sistematizado, planejado e a intencionalidade deve seguir a mesma direção que os objetivos da classe trabalhadora que é, proporcionar a todos os seres humanos acesso aos bens culturais produzidos histórica e coletivamente pela humanidade.

    Ao garantir a formação dos alunos, sejam eles com deficiência ou não, com tal objetivo, assume também o papel de possibilitar a esse indivíduo coletivo, possibilidades de transformações que ocorrem primeiramente no interior de cada um provocando a transformação do meio em que vive e como consequência da sociedade.

    Portanto, diante da atual conjuntura, a defesa expressa, nesse breve resumo, procura elucidar possibilidades e determinantes para uma educação emancipadora sem deixar de provocar a necessidade urgente de estudar, fortalecer parcerias e travar lutas que combatam as políticas de exclusão social, bem como, de exclusão das possibilidades de grupos, como no caso de conselhos de controle, realizarem as interferências cabíveis e necessárias quanto a garantia de direitos de dignidade.

    Referências bibliográficas

    SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.

    FACCI, Marilda Gonçalves Dias; LIMA, Eliane da Costa. A profissionalidade do professor de educação especial: uma reflexão acerca do trabalho e processo de alienação. In: BARROCO, Sonia Mari Shima; LEONARDO, Nilza Sanches; SILVA, Tania Alvarez da (orgs.).  Educação Especial e teoria histórico-cultural: em defesa da humanização do homem. Maringá: Eduem, 2012. p. 67-91.

     

     

  • Palavras-chave
  • Educação emancipadora, Atendimento Educacional Especializado, Desenvolvimento humano.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
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