GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO ESPECIAL/GEPEE: DIÁLOGOS NECESSÁRIOS

  • Autor
  • Sonia Ribeiro de Lima
  • Co-autores
  • Elisabeth Rossetto , Naiara Aparecida Nascimento
  • Resumo
  •  

    Grupo de estudos e pesquisas em educação especial/GEPEE: diálogos necessários

     

     

    Sonia Ribeiro de Lima - UNIOESTE - soniardl@hotmail.com

    Elisabeth Rossetto - UNIOESTE - erossetto2013@gmail.com

    Naiara Aparecida Nascimento - UNIOESTE - professora.naiara@hotmail.com

    Eixo 3 - Formação de Professores

     

     

    O contexto econômico, social e político da atualidade, sustentado por discursos ideológicos liberais, têm contribuído para o processo de desvalorização e precarização da educação escolar. De tal modo, ao pensar a temática educacional abre-se um leque de questões que não se esgotam em relevância e urgência de discussões e encaminhamentos.

    Neste sentido, propusemos a partir de um estudo teórico/bibliográfico apresentar o trabalho desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Especial/GEPEE da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGE da UNIOESTE, campus de Cascavel Pr.

    O GEPEE foi criado no ano de 2009 e surgiu da necessidade de docentes e acadêmicos de fomentar discussões no coletivo em razão de amplas inquietações na área da educação, sobretudo, da educação especial. Neste contexto, as ações desenvolvidas pelo grupo visam favorecer novas práticas e contribuir com uma educação que promova o desenvolvimento humano. Para tanto, desenvolve atividades de estudos, pesquisa e extensão, individuais ou coletivos, buscando a produção de conhecimento na área da educação/educação especial, envolvendo os sujeitos com deficiência ou necessidades educacionais especiais. Os encontros são quinzenalmente, cada um com quatro horas de duração, nas instâncias da Universidade.

    O referencial teórico adotado pelo grupo é a Psicologia Histórico-Cultural e o Materialismo Histórico-Dialético, ao mesmo tempo, atende a três grandes eixos: as políticas, os sujeitos e a formação, num movimento dialético. Os integrantes se compõem de docentes da Universidade, professores da rede municipal e estadual de ensino, membros do Programa de Educação Especial da UNIOESTE - PEE, alunos do curso de pós-graduação em educação e alunos da graduação.

                  Por conseguinte, adota a Psicologia Histórico-Cultural como princípio condutor dos trabalhos, uma vez que esse referencial aborda o ser humano em sua singularidade, ou seja, considera o contexto histórico e cultural que está inserido. Do mesmo modo, estabelece um entrelaçamento permanente e contínuo entre o biológico, o social e o cultural ao afirmar que os seres vivos e o meio não podem ser vistos de forma isolada. Para além de qualquer alteração orgânica, é a partir das interações sociais estabelecidas com o outro e com o meio, que o sujeito, influenciado pelos aspectos vivenciados em sua história, educação e cultura, pode romper com seu determinismo biológico. Assim, a Psicologia Histórico-Cultural trata-se de uma teoria que fornece suporte para minimizar os efeitos de visões tradicionais focadas em limitações, que valorizam somente o defeito e as suas consequências sociais.

    Desde a sua criação, o grupo tem-se ocupado de estudos diversos, como por exemplo, recebe destaque o estudo realizado do TOMO V - Fundamentos de Defectologia, VIGOTSKI, L.S. Obras completas. Ciudad de La Habana: Editorial Pueblo Educación, 1983; O Desenvolvimento do Psiquismo Humano, de Alexis Leontiev, 1978; O desenvolvimento do Psiquismo e a Educação Escolar: contribuições à luz da Pedagogia Histórico Crítica e da Psicologia Histórico-Cultural, Ligia Márcia Martins (2013); Sete Aulas de Vigotski sobre os Fundamentos da Pedologia de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes, 2017, traduzido do russo.

    As pesquisas realizadas pelos seus integrantes centram as preocupações no aprofundamento teórico dos profissionais que transmitem o conhecimento aos alunos da educação especial, e apresentam contribuições para a prática docente de modo que, subsidiem, favoreçam e possibilitem o desenvolvimento das funções psíquicas superiores nos educandos, isto é, aquelas que são típicas da conduta humana. Dentre as pesquisas desenvolvidas por membros do GEPEE, todos alunos do Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGE, optamos por destacar: A Obra de Lev Semionovitch Vigotski: conceitos e interpretações (2018), que aborda as traduções e interpretações deturpadas e equivocadas de conceitos importantes da obra de Vigotski. Bem como, apresenta uma discussão a respeito da censura e da proibição dos seus escritos, que resultaram em cortes e exclusões do teor político, ideológico e marxista das suas ideais.

    Para tanto, após a identificação dos problemas de maior impacto em relação a sua obra, investiga como Vigotski concebeu, a sua época, ao criar a Psicologia Histórico-Cultural, os conceitos de Instrução, Fala, Atividade do Brincar, Criação e Zona de Desenvolvimento Iminente e como, a partir da década de 1980, autores adeptos ao seu pensamento trabalham com esses conceitos.  Esta pesquisa torna-se relevante

     

    [...] na medida em que fundamenta teoricamente a prática dos profissionais da área da Educação que trabalham com a Educação Especial, e que muitas vezes como temos presenciado pautam-se em interpretações diferentes das propostas por Vigotski. Isso pode significar, possivelmente, uma prática fragilizada, descontextualizada, que não se efetiva e, consequentemente, compromete o processo de instrução do aluno. (SCHMIDT, 2018, p.8).

     

               

                Em relação à instrução recebida pelo aluno na escola, a Psicologia Histórico-Cultural contribui neste processo, em específico no campo da educação especial, pois ao discutir sobre as características do psiquismo humano faz uma densa crítica a abordagens biológicas e evolucionistas. Para esta concepção não é possível separar o biológico do cultural e ter uma visão dualista de ser humano.

    Nos estudos teóricos e experimentais desenvolvidos por Vigotski, questões relacionadas à deficiência ocupam uma posição de destaque, e os problemas estudados pela defectologia, termo “tradicionalmente usado para a ciência que estudava crianças com vários tipos de problemas (“defeitos”) mentais e físicos” (VAN DER VEER; VALSINER, 2009, p.73), caracteriza-se como ponto central de suas pesquisas.

    De acordo com Vigotski (1997), esses sujeitos têm capacidade para serem inseridos na sociedade, no mercado de trabalho, no contexto educacional, com plenas condições de se apropriar de novos conhecimentos. Assim, nessa perspectiva teórica os processos psicológicos desenvolvem-se no âmbito das relações socialmente mediadas, na sua totalidade e em processo de desenvolvimento contínuo e não acabado.

    Destarte, a concepção de educação inclusiva que o GEPEE defende, e que tem embasado o seu trabalho sem desconsiderar as Políticas Públicas e Educacionais, e os marcos legais e normativos, ultrapassa a trajetória de exclusão e segregação das pessoas com deficiência, com necessidades educacionais especiais, historicamente vivenciadas em nossa sociedade e em muitos ambientes escolares.  A luta para transformar as práticas educacionais e garantir a igualdade de acesso e permanência em todos os níveis de ensino, do mesmo modo, garantir o Atendimento Educacional Especializado desses sujeitos, proporcionando aprendizagem por meio de um processo de humanização e emancipação, é premissa fundamental para os integrantes do GEPEE.

    Neste sentido, pensar a educação rumo à emancipação humana implica orientar o trabalho escolar para além das demandas que veiculam os preceitos da inclusão. Logo, ressalta-se a importância de compreender as finalidades pelas quais a educação é encaminhada, o que exige um posicionamento crítico e consciente frente aos slogans que permeiam o campo educacional. Assim, é imprescindível considerar as relações pelas quais os homens organizam a produção da vida em cada momento histórico, bem como, as contradições que derivam dessas relações. 

     

     

     

    REFERÊNCIAS

     

     

    SCHMIDT, Jeani Escher. A Obra de Lev Semionovitch Vigotski: conceitos e interpretações. 2018. 122 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2017.

     

    VAN DER VEER, R.; VALSINER, J. Vygotsky uma síntese. 6. ed. São Paulo: Loyola, 2009.

     

    VIGOTSKI, L. S. Obras completas. Tomo cinco. Fundamentos de defectología. Cuba: Editorial Pueblo Educación, 1983.

     

    UNIVERSDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE. Resolução nº. 323/1997– CEPE. Regulamento do programa institucional de ações relativas às pessoas com necessidades especiais – PEE. Cascavel, PR, 1997.

     

    _______ Resolução nº 127/2002 – CEPE. Regulamento dos Processos de Ingressos e Permanência de Pessoas com Necessidades Especiais na UNIOESTE. Cascavel, PR, 2002. 

    _______ Resolução nº 319/2005-CEPE. Regulamento do Programa Institucional de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais – PEE. Cascavel, PR, 2005.

     

     

     

  • Palavras-chave
  • Grupo de Estudos. Educação Especial Psicologia Histórico-Cultural
  • Modalidade
  • Comunicação oral
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