O COORDENADOR PEDAGÓGICO DAS ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE PONTA GROSSA- PR: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE

  • Autor
  • Priscila Gabriele da Luz Kailer
  • Co-autores
  • Susana Soares Tozetto
  • Resumo
  •  

    O COORDENADOR PEDAGÓGICO DAS ESCOLAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE PONTA GROSSA- PR: ELEMENTOS PARA A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE

     

     

    Priscila Gabriele da Luz Kailer- UEPG.

    kailer.priscila@yahoo.com.br-

     

    Susana Soares Tozetto- UEPG 

    tozettosusana@hotmail.com

    Agência Financiadora: CAPES

    GEPTRADO

     

    Eixo: Formação de professores

     

     

    Este trabalho é resultado de uma pesquisa de tese em andamento do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa que apresenta como objeto de investigação a construção da identidade do coordenador pedagógico que atua nas escolas públicas de tempo integral do município de Ponta Grossa- PR. Ao direcionar o estudo em torno do coordenador pedagógico denota-se Pinto (2011) que retrata como imprescindível a atuação do coordenador pedagógico para a assegurar nas escolas a integração e articulação do trabalho pedagógico- didático.

    Assim, com base no referido autor, ressaltam-se algumas atribuições deste profissional que envolve: a formulação e o acompanhamento da implementação do projeto pedagógico- curricular, a organização curricular, a orientação metodológica, a assistência pedagógico-didática aos professores na sala de aula, a colaboração nas práticas formativas que envolvem a reflexão e investigação, diagnóstico e atendimento das necessidades ligadas ao processo de ensino e à aprendizagem dos alunos, bem como práticas de avalição da aprendizagem.

    Para tanto, a pesquisa apresenta como problemática central: Como os coordenadores pedagógicos das escolas públicas de tempo integral do município de Ponta Grossa- PR constroem sua identidade profissional? Como objetivos apresentamos: I) Analisar a política educacional de tempo integral e seu processo de implantação, a fim de compreender os avanços e limites da proposta de uma educação pública de melhor qualidade. II) Distcutir os elementos que contribuem para a construção da identidade profissional do coordenador pedagógico que atua nas escolas públicas de tempo integral do município de Ponta Grossa- PR. III) Investigar as contribuições do processo de constituição identitária do coordenador pedagógico, que atua nas escolas públicas municipais de Ponta Grossa- PR.

    No contexto que busca compreender a complexidade dos fenômenos educativos, Lüdke e André (1986) corrobora ao entender que a pesquisa em educação carrega diversas peculiaridades, tendo em vista que a mesma envolve um objeto de estudo multidimensional, que possui complexidades. Assim, o caráter sócio-histórico que envolve as práticas dos agentes faz com que cada situação educativa seja sempre única que envolve variações no tempo, no espaço, nas formas organizativas de sua dinâmica e na sua intencionalidade. A pesquisa contempla os seguintes procedimentos metodológicos: A análise do Plano Municipal de Educação Nº 12.213 (BRASIL, 2015). Também a realização de entrevistas semi- estruturadas com os coordenadores pedagógicos das escolas públicas municipais de tempo integral de Ponta Grossa-PR, bem como, com representantes destes profissionais na Secretaria Municipal de Educação.

    Embora haja o reconhecimento do coordenador pedagógico como responsável no direcionamento e na organização do trabalho pedagógico, não há consenso das atribuições desse profissional, que, conforme Kuenzer (2002), falta uma unidade que revele aspectos conceituais e políticos do trabalho do coordenador pedagógico. O trabalho deste profissional, muitas vezes, é desenvolvido em meio as contradições, que envolvem vários aspectos, entre eles os formativos e os políticos. Assim, as funções apresentadas no processo formativo desse profissional não estão em consonância com o trabalho que se realiza, tendo em vista que, no cotidiano da escola, suas ações muitas vezes estão direcionadas a funções imediatas que o distanciam das suas reais atribuições pedagógicas (KUENZER, 2002).

    O coordenador pedagógico é chamado a desenvolver atividades no cotidiano da escola que não são inerentes a sua profissão. Nesse sentido, suas funções deixam de obter caráter pedagógico e aproximam-se das ações de um multitarefeiro ou, até mesmo, de um guardião das políticas a serem implementadas no espaço escolar, sendo seu trabalho, muitas vezes, condicionado por elas. Atreladas a essa situação, as atribuições de controle e de fiscalização realizadas historicamente pelo coordenador pedagógico dificultam o quadro de estabelecer relações dialógicas e democráticas no trabalho desse profissional.

    A fragilidade da formação tanto inicial como continuada do coordenador pedagógico é um dos fatores que favorecem a atuação desordenada desse profissional. Na visão de Cruz (2009), a abrangência do perfil do curso de Pedagogia, após a definição das DCNP (2006) - com a formação do pedagogo para a docência na Educação Infantil, Séries Iniciais do Ensino Fundamental, matérias pedagógicas do Ensino Médio modalidade Normal e para atuar na organização do trabalho pedagógico na escola -, está sendo apontada como uma das causas para que o coordenador pedagógico seja absorvido por diferentes atividades e não reconheça o escopo do seu trabalho no processo formativo.

    Amparamo-nos em Dubar (1997) ao descrever que a identidade profissional não se trata de um elemento externo que pode ser adquirido. Em contraponto, envolve uma construção dos significados sociais da profissão, que perpassa assim dimensões formativas da prática pedagógica. Assim, o valor atribuído a construção da identidade, é entendida ao reconhecer o profissional como ator e autor do seu trabalho, no qual envolve, valores, sua história de vida, suas representações e os saberes específicos da sua atuação na escola.

    Dubar (1997) pontua que o conceito de identidade se encontra associado a um processo de intervenção dos indivíduos sobre si mesmos e a diversos fatores externos, relacionadas com as visões de mundo socialmente construídas.  Portanto, o autor, concebe identidade como produto do processo de socialização, que envolve a combinação dos processos relacionais- forma como o agente é analisado pelo outro - e os processos biográficos- habilidades, projetos e saberes pessoais do agente.

    Desse modo, as atribuições dadas pelo outro são elementos para o reconhecimento de um pertencimento no espaço social, na tentativa de diferenciar-se, singularizar-se. No entanto, o autor (DUBAR, 1997) corrobora que a relação entre o processo relacional e biográfico, é problemático, tendo em vista que a identidade não é algo externo ao agente e que não se pode viver diretamente da experiência do outro. É a partir dos processos relacionais e biográficos que ocorre a produção das identidades, marcada pela dialética entre estes dois processos.

    Para Hypolito (1999) a formação é um dos elementos para o processo de profissionalização, tendo em vista que envolve prerrogativas que possibilitam condições melhores no desenvolvimento das práticas pedagógicas. Desse modo, a formação continuada, entendida como parte do desenvolvimento profissional pode possibilitar um novo sentido à prática pedagógica. Tendo presente o compromisso da formação continuada no processo de profissionalização do docente, destacamos a importância do papel exercido pelo coordenador pedagógico na escola. Por conseguinte, o trabalho do coordenador pedagógico como mobilizador da formação continuada torna-se um esforço necessário, que repercute diretamente a profissionalização do professor; quando o mesmo se reconhece como autor de suas próprias práticas e detentor dos saberes.

    O processo de construção da identidade profissional, encontra no habitus um mecanismo de reprodução da cultura legitimada, influenciando no modo como se reconhece enquanto profissional e também como é reconhecido. Com esse entendimento, Cavalcante (2008) contribui que o habitus também possibilite um trabalho cognitivo de ressignificação dos objetos materiais e imateriais da cultura. Nesse sentido, as práticas sociais e o desenvolvimento profissional pode viabilizar a construção de um novo habitus no campo pedagógico voltado para a (re) construção da identidade profissional.

    No que tange o coordenador pedagógico, acreditamos que se faz necessário ultrapassar a concepção ora tecnicista e ora pragmática de ensino, que envolvem as políticas, os aspectos formativos e como consequência podem interferir na constituição identitária do trabalho desse profissional. Visto que, a valorização dos saberes construídos pelos profissionais no cotidiano, consideramos as ações e reflexões realizadas no lócus da escola como um importante elemento para a construção de sua identidade.

     

    Palavras- chave: Identidade do coordenador pedagógico; Formação de professores; Desenvolvimento profissional docente.

     

    Referência bibliográficas:

    ALMEIDA, M. I. Desenvolvimento profissional docente: uma atribuição que também é do sindicato. In: REUNIÃO ANUAL DAANPED, 23., 2000, Caxambu. Anais…. Caxambu: ANPED, 2000.

     

    BRASIL, Resolução Nº 1, de 15 de maio de 2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 maio 2006. Seção 1, n. 92, p. 11-12.

                                          

    CAVALCANTE, M. M. D. A tessitura do habitus do pedagogo na escola: Uma possibilidade de (re) construção de sua identidade profissional. In: VII Congresso Luso Brasileiro de História da Educação, Cultura Escolar, Migrações e Cidadania, 2008, PORTO. VII Congresso Luso Brasileiro de História da Educação, Cultura Escolar, Migrações e Cidadania. Porto, 2008. 

     

    DUBAR. C. Formação, trabalho e identidades profissionais. In: CANÁRIO, R. (org.). Formação e situações de trabalho. Porto: Porto Editora, 1997.

     

    KUENZER, A. Z. Trabalho pedagógico: da fragmentação à unitariedade possível In: FERREIRA, N. S. C.; AGUIAR, M. A. DA S. Para onde vão a orientação e a supervisão educacional? Campinas: Papirus, 2002.

     

    LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986

     

    PINTO, U. A. Pedagogia escolar: coordenação pedagógica e gestão educacional. São Paulo: Cortez, 2011.

     

     

  • Palavras-chave
  • Identidade do coordenador pedagógico; Formação de professores; Desenvolvimento profissional docente.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Formação    de    professores 
Voltar Download
  • História    e    historiografia    da    Educação        
  • Política    Educacional    e    Gestão    
  • Formação    de    professores 
  • Educação    Especial    
  • Ensino de Ciências e Matemática
  • Educação e Arte
  • Educação, cultura e diversidade
  • Educação e Tecnologia
  • Aprendizagem, desenvolvimento humano e práticas escolares
  • Tópicos Especiais em Educação

Comissão Organizadora

Érico Ribas Machado

Comissão Científica