CONSTRUÇÃO DA ESCRITA E A IMPORTÂNCIA DAS SONDAGENS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: UMA ANÁLISE PRÁTICA

  • Autor
  • Adrielle Caroline Krinski,
  • Co-autores
  • Katia Aparecida Sabai , Claudia Maria Petchak Zanlorenzi
  • Resumo
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    CONSTRUÇÃO DA ESCRITA E A IMPORTÂNCIA DAS SONDAGENS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO: UMA ANÁLISE PRÁTICA

     

    Adrielle Caroline Krinski,
    UNESPAR/UV, adriellecarolinekrinski@gmail.com;

    Katia Aparecida Sabai, 

    UNESPAR/UV, katiasabai12@gmail.com;

    Claudia Maria Petchak Zanlorenzi,

    UNESPAR/UV, aecmari@gamil.com;  

    Eixo 9: Aprendizagem, desenvolvimento humano e práticas escolares

     

    1 INTRODUÇÃO

    O processo de alfabetização permeia por um percurso evolutivo conhecido pelos educadores, principalmente com os estudos de Ferreiro (1999); Gontijo (2001); Morais (2012); que apontam que este processo de apropriação da linguagem escrita não é linear. Neste sentido, o presente trabalho pretende apresentar reflexões sobre uma proposta de sondagem com crianças do 1° ano do ensino fundamental, uma proposição da disciplina de Fundamentos da Alfabetização, do 3° ano do Curso de Pedagogia da UNESPAR/UV, que teve como objetivo analisar a apropriação da escrita no processo de alfabetização.

    Quanto aos aspectos metodológicos, utilizou-se de pesquisa exploratória, teórica bibliográfica apoiada em pesquisa de campo. A sondagem foi realizada mensalmente, pelo período de sete meses, por meio da aplicação de atividades sobre escrita de palavras, e a aplicação de um questionário semiestruturado, aplicado com a professora regente da turma, contendo cinco perguntas selecionadas pelas pesquisadoras, abordando sobre os métodos de alfabetização.

    Salienta-se que o trabalho não pretende dar conta da totalidade que envolve a alfabetização, pois sobre esta devem ser refletidos os aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais, porém apresenta dados que porventura podem auxiliar na prática pedagógica.

     

    2 DELINEAMENTO METODOLÓGICO ACERCA DOS DADOS COLETADOS

     

    Apresenta-se neste trabalho, uma análise reflexiva acerca da apropriação da escrita no processo de alfabetização em alunos do 1º ano, regularmente matriculados em uma Escola de Ensino Fundamental do Município de União da Vitória – Paraná.  

    Como evidencia Ferreiro (1999, p.47) “a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola e que não termina ao finalizar a escola primária”. Portanto, o processo de construção da escrita é continuo e trabalhoso, pois cada aluno em sua individualidade estará em um determinado nível de alfabetização o que necessitará uma atenção focal as especificidades de cada um.

    Para observar estas especificidades de cada um no processo de alfabetização, foi realizada uma coleta de dados com dezenove crianças entre cinco e seis anos de ambos os sexos. A pesquisa aconteceu em sala de aula, na última quarta-feira de cada mês no período matutino, com a presença da professora regente de turma. Iniciou-se tal pesquisa no mês de março do ano letivo de 2018, com intervalo no mês de julho e término em outubro do mesmo ano.

    Para a coleta de dados, foi entregue aos alunos uma folha contendo quatro imagens de palavra monossílaba, dissílaba, trissílaba e polissílaba, sendo elas: boi, gato, cavalo e borboleta. Pediu-se para que sentassem em suas carteiras e dado a orientação das pesquisadoras iniciarem escrevendo as palavras de acordo com o som de cada uma ou como achavam que seria tal escrita.

    Após análise das atividades, chegou-se a conclusão que na fase pré-silábica, no mês de março nove alunos estavam neste nível, felizmente, no mês de outubro somente três haviam permanecido.  De acordo com Morais (2012), a criança nesta fase não associa o som da fala com a escrita, geralmente usa símbolos, objetos, ou letras que já conhece. Também usa da garatuja e rabiscos, geralmente faz uso de poucas letras para palavras pequenas e mais letras para palavras grandes.

    Logo, na fase silábica, seis alunos se encontravam nesta fase no mês de março, enquanto no mês de outubro somente três estavam neste nível. Gontijo (2001), ressalta que esta fase, é uma construção das relações entre sons e letras, na qual, a criança também não recorda o que escreveu, porém estabelece relação de som (fala) e a escrita. Apenas uma letra pode ser usada para representar uma sílaba ou palavras inteiras. Percebe-se, neste sentido, que alguns dos alunos pesquisados estão na fase silábica, pois eles buscam escrever uma letra para cada sílaba falada, utilizando o som da fala. 

    Pode-se verificar que na fase silábico-alfabética os alunos apresentaram um avanço significativo em relação aos meses, pois em março três alunos estavam neste nível, e em outubro nove crianças. De acordo, com Morais (2012) este é um período de transição, no qual a criança já sabe que cada letra deve representar o som da fala e que existem mais letras em uma sílaba. É quando faltam algumas letras na palavra que a criança escreveu, ou quando ela coloca mais letras em uma sílaba, mesmo sendo letras erradas.

    Por fim, na fase alfabética, um aluno encontrava-se nesta fase no mês de março, e em outubro quatro crianças haviam alcançado este nível. Nesta fase, como explica Morais (2012), a criança coloca uma letra para cada fonema e a lógica prevalece, porém embora ainda possa haver erros ortográficos, a criança não terá problema na escrita. Gontijo (2001) discute que nesta fase há a Internalização da relação entre letras e sons, na qual, inclui crianças silenciosas e que falam. A criança se apropria de uma função que possibilita compreender que existe a relação entre som e escrita.

    Neste tocante, pode-se verificar que a cada mês houve um avanço gradual em relação às fases em que os alunos se encontravam, pois ao comparar os meses, percebe-se que em março de 2018, a maioria das crianças estavam na fase pré-silábica, e em outubro do mesmo ano, nove dos dezenove alunos avançaram para a fase silábico-alfabética, sendo a maioria da turma neste nível.

    Outro ponto a ser destacado, é que na conversa com a professora da turma do 1° ano, na qual as pesquisas foram realizadas, ela nos relatou que utiliza sondagens para observar o desenvolvimento dos alunos, estas sondagens ela nomeou de avaliação diagnóstica, com isso, Luckesi (2005, p. 81) ao falar desta forma de avaliação evidencia que:

     

    Se for importante aprender aquilo que se ensina na escola, a função da avaliação será possibilitar ao educador condições de compreensão do estágio em que o aluno se encontra, tendo em vista trabalhar com ele para que saia do estágio defasado em que se encontra e possa avançar em termos dos conhecimentos necessários.

     

    Corroborando com tais ideias, pode-se dizer que a avaliação diagnóstica além de proporcionar uma compreensão do estágio de aprendizagem em que a criança se encontra, é a base para um bom planejamento com intervenções pedagógicas assertivas. A partir desta consideração, outro questionamento foi levantado para a professora, se essas sondagens auxiliam no planejamento e na organização das intervenções pedagógicas, e ela relatou que sim, enfatizando que:

     

    O professor que usa avaliação diagnóstica eu acredito que saia ganhando muito porque a criança tem que retribuir muito a partir disso.  E sempre comparação da criança com ela mesma, claro que você tem que atingir ao final do ano os objetivos, mas principalmente comparar ela com ela mesma, aquele despertar dela (PROFESSORA, 2018).

     

    A professora destaca também a necessidade de sempre registrar desde os pequenos avanços do aluno para no final realizar uma avaliação mais precisa do desenvolvimento individual de cada um. Ela destaca que a evolução dos alunos é decorrente do “trabalho formiguinha” do dia-a-dia, por isso a necessidade de registro diário do desenvolvimento.

    Com isso fica evidente a preocupação que a professora tem com o desenvolvimento de seus alunos, suas evoluções, e sempre buscando planejar dentro da realidade que tem em sua sala de aula a fim de proporcionar momentos de aprendizagens significativas que mostrem a evolução dos alunos no processo de alfabetização, sem comparar uma criança com outra, mas observando em cada uma seu avanço individual em relação a sua aprendizagem.

     

    CONCLUSÃO

    Conclui-se, portanto, que a experiência de acompanhamento das pesquisadoras com os alunos através da sondagem, foi um período marcado por momentos de muito aprendizado. As pesquisadoras puderam observar e perceber, como o trabalho de um professor realizado com empenho e dedicação apresenta resultados satisfatórios.

    Por meio desta pesquisa, afirma-se que houve visivelmente um crescimento significativo no processo de construção da escrita desses alunos e este crescimento provém das práticas e intervenções desenvolvidas em sala de aula a fim de avançar no processo de alfabetização.

    Fica perceptível com esta pesquisa que realizar sondagens auxilia de maneira muito expressiva na construção do planejamento pensando em cada criança individualmente, embora as mesmas atividades sejam realizadas com todas as crianças, o olhar precisa estar atento a cada mínimo avanço de cada aluno. Outrossim, a pesquisa proposta pela disciplina de Fundamentos de Alfabetização contribui sobremaneira para o conhecimento acadêmico sobre o processo de apropriação da escrita e as intervenções necessárias para a superação das fases na qual a criança passa.

    Com isso, pode-se concluir que as avaliações diagnósticas (sondagens) devem ser a base no processo de ensino, pois é por meio delas que o professor poderá planejar suas aulas de acordo com a realidade, trazendo resultados significativos no processo de ensino/aprendizagem.

     

    REFERÊNCIAS

     

    FERREIRO, E. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1999.

     

    GONTIJO, C. M. M. Alfabetização e letramento: contribuições para a prática pedagógica. São Paulo: Arte escrita, 2001.

     

    LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2005.

     

    MORAIS, A. G. de. Sistema de escrita alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012.

     

  • Palavras-chave
  • Pedagogia. Alfabetização. Sondagem. Apropriação da escrita
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Aprendizagem, desenvolvimento humano e práticas escolares
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