ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM ARTIGOS PUBLICADOS NOS ENDIPEs (2000-2010)
Tayna Sabrina de Oliveira Camargo/ Sandra Garcia Neves – UNESPAR
Taynasabrinaped@hotmail.com/ sandragarcianeves@bol.com.br
Formação de professores
OBJETIVOS
Nosso objetivo com essa pesquisa é apresentarmos breve avaliação dos artigos publicados nos Encontros Nacionais de Didática e Prática de Ensino (ENDIPEs) entre os anos de 2000 a 2016 detectando os aspectos teórico-metodológicos da pesquisa em Educação apresentados.
Para realizar nossa pesquisa determinamos como metodologia e estratégia de ação o seguinte encaminhamento metodológico: levantamento bibliográfico; estudos dos textos selecionados; análise teórico-metodológica da pesquisa em Educação nos artigos selecionados e produção de fichamentos, resumos, resenhas e artigos.
ASPECTOS METODOLÓGICOS
Realizamos uma busca minuciosa entre as publicações dos Endipes, e, em todo seu histórico encontramos os artigos completos publicados com o descritor “pesquisa”: X Endipe – 03 artigos; XI Endipe – 03 artigos; XII Endipe – 08 artigos; XIII Endipe – 15 artigos; XIV Endipe – 13 artigos; XV Endipe – 14 artigos. Essa pesquisa, especificamente, compreende a análise dos artigos publicados no XV ENDIPE, ocorrido em 2010, que possui como tema geral as convergências e tensões no âmbito da formação e do trabalho docente.
RESULTADOS
Aspectos gerais da pesquisa em educação são citados por Morais (2010) e Brooke e Aguiar (2010). Morais (2010) afirma que como subsídio para o debate sobre a psicolinguística no Brasil, é necessário investimento na análise de diversos subtemas relacionas a problemática da alfabetização. Brooke e Aguiar (2010) citam a relevância do desenvolvimento longitudinal das pesquisas em educação com objetivo de detectar possíveis problemas no processo de ensino-aprendizagem. Ao tratarem da melhoria da qualidade da educação, afirma a importância da capacitação profissional necessária, especificamente, da formação de professores, processo no qual a pesquisa qualitativa exerce papel fundamental.
Kishimoto (2010) destaca a importância da observação e do registro nos processos de pesquisa e a importância da investigação para avaliar a qualidade dos ambientes educativos. A autora ressalta a pesquisa-ação como modalidade de pesquisa útil para a conquista dessa qualidade. Assim também, destaca a importância da observação e acrescenta que é observando que nos situamos, orientamos nossos deslocamentos, reconhecemos as pessoas, emitimos juízo sobre elas.
Lüdke (2010) assegura que uma das convergências e tensões seria a importância de fazer com que a dimensão de pesquisa seja desenvolvida nos professores da educação básica, porém, de outro lado falta concordância sobre o conceito de pesquisa e da forma como atuar na preparação desses professores. O autor admite que o conceito de pesquisa possui determinadas vulnerabilidades. Dessa forma, é natural que os professores demonstrem insatisfação em relação à pesquisa recebida durante o processo de formação.
Para Lüdke (2010) o mestrado é uma instância de preparação para a pesquisa. Em complemento, André (2010) afirma que os programas de pós-graduação são os maiores produtores de pesquisa brasileira e aponta para um crescimento gradativo desses programas nos últimos anos voltado para o grande interesse do tema: formação de professores. Em contrapartida aponta ainda para a menor procura da temática sobre cursos de formação inicial, esta que tem como pressuposto desenvolver habilidades e atitudes como a criatividade e a curiosidade. A pesquisa deve contribuir com a superação das crenças e a visão de senso comum, não pode submeter-se a eles.
Uma grande e apropriada estratégia de formação de professores e de produção de conhecimento, segundo André (2010), seriam as inúmeras modalidades de pesquisa colaborativa, como por exemplo, a pesquisa-ação e a história de vida. Lessard (2010), afirma que a pesquisa não possui caráter fundante e também não é responsável por regular a prática, dessa forma, a pesquisa deve informá-la. Ainda segundo o autor, além de interferir nas decisões práticas e políticas, a investigação influência o “pensar”, porém, a pesquisa não deve nos dizer o que fazer. De acordo com Veiga (2010), a prática docente não possui neutralidade e determina que ocorra tomada de decisões e posicionamentos, rompimento de paradigmas e definições.
Souza (2010) assegura que a subjetividade deve ser eliminada da ciência pois acredita que somente aquilo que pode ser medido, comparado e ordenado é passível de conhecimento, desse modo, o professor-pesquisador deve ser imparcial em relação ao objeto de estudo pois devem descrever o que pesquisam e descobrem, deixando de lado o que pensam e o que são. Apresenta ainda a heterogeneidade como uma prática de investigação e discorre sobre a pesquisa das histórias de vida que no âmbito educacional se baseia na figura do professor como pessoa levando em consideração diferentes aspectos, tais quais: pessoal, profissional, entre outros, possibilitando assim a compreensão sobre o trabalho pedagógico e docente. A importância do sujeito estar ao centro do processo de pesquisa se encontra na possibilidade do indivíduo ser o autor e ator de sua história.
Para Pereira e Amaral (2010), ao adentrar no campo da pesquisa o professor-pesquisador pode se tornar capaz de avaliar criticamente e reflexivamente suas ações docentes e pedagógicas, transformando assim sua visão sobre os processos pedagógicos e sobre o processo de ensino-aprendizagem, porém, para que se efetive esse procedimento é necessário que se incorpore a investigação no cotidiano escolar do docente. Nesse sentido os autores ressaltam a relevância de tanto professores quanto processos de ensino manterem-se sempre atualizados e propõe a criação de projetos de pesquisa sobre a formação de professores nas instituições formadoras.
Romanowski e Martins (2010) ao citarem Ventorim (2005) citam os trabalhos divulgados nos Endipes e destacam a formação do professor pesquisador. Segundo as autoras, é necessário valorizar as atividades investigativas na formação docente, processo investigativo embasado na epistemologia da prática. A formação profissional deve abarcar o desenvolvimento de competências e de autonomia e representar os saberes docentes experienciais e pessoais implicados na prática pedagógica dos professores. Resumidamente, destacam que a epistemologia da prática é fundamentada na reflexão e não ação do professor no exercício profissional.
Diniz-Pereira e Amaral (2010) destacam aspectos relacionados à formação de professores, inicial e continuada. A experiência de trabalho, individual e coletiva, é formada pela perspectiva da reflexão na e pela prática. Segundo as autoras, a formação do professor investigador, caracteriza uma postura investigativa em processo e ambiente de produção científica do conhecimento. De modo geral, a formação do professor-pesquisador envolve a universidade e a escola básica em que, os profissionais das duas instituições participam de processos de atualização de resultados de pesquisas em que o conhecimento é objeto de indagação e de investigação.
Silva (2010), trata da formação continuada de professores e destaca a pesquisas interinstitucional como contribuinte nesse processo. Na pesquisa interinstitucional, os pesquisadores participam de processos coletivos de formação. Nos ambientes colaborativos, a pesquisa é prática de compartilhamento, de colaboração e de aprendizagem. Na pesquisa coletiva, os pesquisadores articulam docência e produção técnica, em trabalho extremamente colaborativo. Essas são características da pesquisa-formação e expressão as itinerâncias formativas dos profissionais envolvidos.
Veiga (2010) também destaca a relevância da pesquisa interinstitucional no processo de formação de professores da educação básica e superior. Considera que além de uma dimensão investigativa, a pesquisa possui também dimensão formativa, pois contribui na formação de todos aqueles envolvidos no ato de pesquisar. Segundo a autora, a pesquisa qualitativa integra o espaço de formação de professores na construção do conhecimento, do desenvolvimento pessoal, profissional e institucional. A pesquisa, segundo Veiga (2010) deve ser realizada numa relação associativa entre teoria e prática, numa atitude investigativa, reflexiva e interdisciplinar.
Lelis (2010) também se refere à pesquisa no processo de formação docente. De modo geral, a autora trata dos elementos necessários à aprendizagem profissional que se dá por estratégias e experiências formativas. A atitude investigativa que permeia a formação de professores requer tanto a compreensão quanto a problematização do processo pesquisado, como por exemplo, do ensino-aprendizagem. A aprendizagem da docência implica desenvolvimento de competências por meio de um programa de formação desenvolvido em rede de aprendizagem inter-pares em que são desenvolvidas competências coletivas.
CONCLUSÕES
Quando consideramos a importância da pesquisa no âmbito educacional, seja para discentes ou docentes, observamos que possui caráter didático-formativo na universidade, porém, devemos olhar atentamente para a metodologia utilizada acerca deste tema. É de fundamental importância que o professor-pesquisador não permita que sua subjetividade interfira em suas observações, para que dialogue e interprete seus objetos de estudo, ações, e fatos estudados, sem qualquer conceitos pré-formados e de maneira menos errônea possível.
Por meio da pesquisa em educação, ao observarmos os objetos de estudo, identificamos as problemáticas da área, então ao pesquisador resta sair do conhecimento de senso comum e adentrar no conhecimento científico, e, com base nos conhecimentos teórico-práticos tornar possível a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Percebemos, por meio dos estudos realizados, que a interação do professor/aluno é de suma importância, pois, dessa forma criam-se probabilidades ainda maiores para a aprendizagem.
Comissão Organizadora
Érico Ribas Machado
Comissão Científica
Ferramenta completa de submissão, avaliação e publicação de anais para eventos científicos.
