ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO CONTINUADA E COMPREENSÃO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DOS SABERES DOCENTES

  • Autor
  • Victoria Mottim Gaio
  • Co-autores
  • Camila Macenhan
  • Resumo
  •  

    III Seminário Interinstitucional de Pesquisa em Educação da Região Sul

    25 anos do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPG

    Avaliação, Internacionalização e a Ética nas Pesquisas em Educação no Brasil

     

    ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO CONTINUADA E COMPREENSÃO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DOS SABERES DOCENTES

     

    Victoria Mottim Gaio - UEPG (vic_mottim@hotmail.com)

    Camila Macenhan - UEPG (camila.macenhan@hotmail.com)

    Eixo 3: Formação de professores

     

    Resumo: O presente texto tem como objeto de investigação a atuação da coordenação pedagógica no desenvolvimento dos saberes docentes. Assim, o objetivo delineou-se: compreender a atuação do coordenador pedagógico na formação continuada dos professores e sua relação com os saberes docentes. Os aspectos metodológicos empregados foram entrevistas com quatro professoras de instituições distintas e que desenvolvem sua prática docente na Educação Infantil. Os resultados e as conclusões do estudo voltam-se para a necessidade de avançarmos em relação ao olhar para a formação continuada dos professores como algo que emerge do grupo e que é sempre mais carregada de significado a partir do coletivo da escola. No entanto, nem sempre as oportunidades para a organização em grupo dos profissionais são possíveis. O texto defende a formação continuada na perspectiva do desenvolvimento profissional docente e tendo como lócus a escola.

     

    Palavras-chave: Coordenador pedagógico. Formação continuada. Saberes docentes.

     

    Considerações iniciais

     

    Ao considerar o coordenador pedagógico e suas diferentes atribuições que possui para desenvolver na escola, damos destaque à formação continuada que ele pode oportunizar aos professores no contexto escolar. Além do trabalho com os professores, ele desenvolve atividades em atendimento aos alunos, pais e comunidade e, principalmente, em relação às atividades burocráticas, consideradas atualmente como uma das atividades que mais tem ocupado o tempo do coordenador. Reconhecemos que o coordenador está imerso em seu contexto e que recebe cobranças para realizar suas atividades burocráticas com prazos rigorosos.

    Com a ênfase do papel do coordenador pedagógico na formação continuada dos docentes, o presente texto tem como objetivo compreender a atuação do coordenador pedagógico na formação continuada dos professores e sua relação com os saberes docentes. Assim sendo, aborda as discussões sobre formação continuada, sua relevância para os docentes, trazendo a relação e a compreensão sobre o desenvolvimento dos saberes docentes.

     

    Coordenador pedagógico e formação continuada dos professores

     

    Apresentamos, a partir dos estudos de Pinto (2011), a definição do coordenador pedagógico como aquele que organiza o trabalho pedagógico juntamente com os professores, com o domínio dos procedimentos que envolvem o processo de ensino e aprendizagem, a docência e a totalidade das atividades educativas que acontecem na escola. Além disso, ele é o profissional que atua fora da sala de aula e que oferece alicerce ao trabalho do docente.

    Autoras como Placco, Souza e Almeida (2012) apontam as funções do coordenador pedagógico na escola na possibilidade de melhorar a qualidade do ensino. Assim, trazem o trabalho voltado para a gestão dos processos escolares, e principalmente na formação dos professores da escola, ou seja, a formação continuada tendo como lócus a escola.

    A formação continuada, proposta pelo coordenador pedagógico, proporcionará momentos de reflexão, de pensar o trabalho e de transformá-lo. Imbernón (2011, p. 74) vem ao encontro desses conceitos e esclarece sobre a formação continuada que precisa oferecer: “[...] processos relativos a metodologias de participação, projetos, observação e diagnóstico dos processos, estratégias contextualizadas, comunicação, tomada de decisões, análise da interação humana.”, sem focar apenas em novas teorias e conceitos.

    As conceituações abordadas sobre o coordenador e a formação continuada buscam esclarecer o trabalho desenvolvido na escola. Porém, os saberes docentes que envolvem os professores influenciam no seu trabalho, no desenvolvimento profissional e na sua prática em sala de aula, por isso necessitam ser consideradas nos momentos da formação.

     

    Saberes docentes

     

    A prática docente abrange conjuntos de saberes e ela não os produz por completos. Tardif (2002) aborda tipologias de saberes, considerando os saberes da formação profissional como aqueles transmitidos nas instituições de formação de professores, por isso o autor utiliza a denominação das ciências da educação e da ideologia pedagógica para explicitar tal conjunto de saberes. O contato do professor com o conjunto dos saberes das ciências da formação e da prática pedagógica acontecerá ao longo dos processos formativos.

    Os saberes disciplinares mantêm uma relação de exterioridade com os professores. Podemos efetuar a mesma afirmação sobre os saberes curriculares porque os dois conjuntos de saberes estão postos aos professores, mas podem contar com a participação deles, à medida que se demarca o campo exclusivo do trabalho docente com os saberes específicos do grupo como um todo e não de um segmento dele.

    Para Tardif (2002, p. 38), os professores apropriam-se dos saberes curriculares no decorrer de suas carreiras. As propostas curriculares das instituições possibilitam o contato com um conjunto de elementos que refletirão nos saberes dos professores.

    Tanto as experiências individuais como as experiências coletivas modificam-se ao longo da carreira profissional. Os professores tomam o conjunto de saberes experienciais, originado e validado na prática cotidiana da profissão, como fonte para o julgamento da formação inicial e contínua.

     

    Relação entre desenvolvimento dos saberes docentes e formação continuada na escola

     

    As entrevistas realizadas com quatro professoras (P1, P2, P3 e P4) que desenvolvem a prática docente na Educação Infantil, evidenciam a importância atribuída à formação específica para a docência e seu reflexo no desenvolvimento do conjunto de saberes docentes:

     

    A formação continuada eu não tenho dúvida de que precisamos sempre, afinal de contas não somos seres acabados; precisamos estar sempre em formação. Da faculdade também não tem nem o que discutir, a gente precisa, faz parte do nosso trabalho, é a base (ENTREVISTA P3).

     

    Destacamos que a formação continuada tem papel fundamental no desenvolvimento profissional, mas é necessário ter clareza das concepções presentes, dos seus objetivos, dos seus encaminhamentos e o coordenador pedagógico é o profissional responsável por realizar tal mediação. A finalidade destas preocupações é de que possa, efetivamente, contribuir para o trabalho do professor e promover a formação dos professores reflexivos, autônomos e protagonistas. As professoras entrevistadas salientam as dificuldades para participarem de momentos coletivos:

     

    Pena que a gente não tem como fazer todos, porque tem muitos cursos de formação continuada que são excelentes, mas a possibilidade que a gente tem já dificulta tanto financeiramente quanto o tempo. A gente trabalhando em duas escolas ou consegue fazer de cada quinze dias, uma vez por semana, mas são de extrema importância. Vale muito a pena (ENTREVISTA P4).

     

    Quando há dissociação entre os responsáveis por planejar as tarefas e os responsáveis por executá-las, a unidade do grupo profissional fica comprometida. A separação entre as funções na docência aparece na condição apontada: “[...] os professores poderiam ser comparados a técnicos e executores destinados à tarefa de transmissão de saberes” (TARDIF, 2002, p. 41). Os conteúdos e o modo para abordá-los em sala já aparecem previamente estabelecidos, no entanto, o capital cultural do professor interferirá no encaminhamento da aula.

    Sobre as dificuldades no desenvolvimento das práticas, as entrevistas revelam:

     

    As principais dificuldades: a falta de experiência em sala, então, tudo que eu ia fazer, para mim era completamente novo. Por mais que você conversasse com outras professoras, você pesquisasse, mas na hora de aplicar os conteúdos, eu sentia muita dificuldade. Em algumas ocasiões, não sabia direito como agir e fui fazendo com a experiência (ENTREVISTA P1).

     

    Diante dos desafios, as professoras salientam os momentos individuais, nos quais realizam as descobertas sobre a atuação docente embasadas na experiência. No entanto, não apontaram o reflexo da formação continuada oportunizada pelo coordenador pedagógico como meio para superação dos desafios:

     

    Não tem como você dizer: não eu aprendi tudo fazendo Pedagogia. Não, foi na prática e a maior parte do conhecimento específico sobre como aplicar o planejamento, como adaptar o planejamento à turma [...] (ENTREVISTA P2).

     

    A exterioridade presente nos saberes da formação, disciplinares e curriculares, é minimizada pela relação dos professores com seus saberes experienciais, encontrando-se esses últimos intimamente vinculados à própria prática. Para tanto, Tardif (2002) enfatiza a necessidade da parceria entre professores, corpos universitários de formadores e responsáveis pelo sistema educacional para o reconhecimento dos saberes da prática cotidiana, os quais são formados de todos os demais saberes e, posteriormente, lapidados pelas certezas advindas da prática e da experiência.

     

    Considerações finais

     

    Os saberes docentes envolvem o trabalho desenvolvido na formação inicial, na formação continuada e na prática do professor. Relacionamos com o trabalho realizado pelo coordenador pedagógico na escola, que ao reconhecer os saberes dos professores tem a possibilidade de trabalhar e desenvolver as reflexões sobre as práticas, desenvolvendo a reflexão, a compreensão da prática para buscar a transformação do cotidiano escolar.

     

    Referências

     

     

    IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

     

    PINTO, U. A. Pedagogia escolar: coordenação pedagógica e gestão educacional. São Paulo: Cortez, 2011.

     

    PLACCO, V. M. N. S.; SOUZA, V. L. T.; ALMEIDA, L. R. O coordenador pedagógico: aportes à proposição de políticas públicas. Cadernos de Pesquisa, v. 42, n. 147, p. 754-771, set./dez. 2012.

     

    TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

     

     

  • Palavras-chave
  • Coordenador pedagógico, Formação continuada, Saberes docentes.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
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