O negro do ensino superior no estado do Paraná
Isis tomas da silva, UEPG
isistomas@gmail.com
Maria Isabel do nascimento, UEPG
misabelnasc@gmail.com
História e historiografia da Educação
O presente trabalho, faz parte de uma pesquisa de dissertação ainda em desenvolvimento, portanto, ainda não se obteve os resultados finais.
No entanto, tem-se como objetivo analisar a contribuição da articulação de forças sociais engendradas pelo movimento negro Brasileiro no tocante as conquistas da população negra, de maneira geral, no que diz ao acesso a melhores condições de ensino.
Além de analisar a aplicação da política de ação afirmativa relacionada as cotas raciais na Universidade Estadual de Ponta Grossa. E ainda analisar as políticas de assistência estudantil, de forma a compreender a maneira como os estudantes negros, historicamente excluídos do acesso à educação em níveis superiores e, em sua maioria, oriundos de famílias de baixa renda, têm encontrado meios de ingressar e se manter nos cursos de graduação da instituição.
Além disso, propõe-se, ainda, a verificar a porcentagem entre os alunos cotistas, o índice de permanência e evasão.
Para o desenvolvimento da pesquisa, o presente trabalho apoia-se numa abordagem qualitativa, representada pela pesquisa bibliográfica inicial, no qual, utiliza-se para abordar os conceitos de raça, mobilidade e estrutura de classes no Brasil, e ainda um mapeamento das pesquisas afim com a temática no campo da história da educação, e ainda no seu decurso, a fim de alcançar uma abordagem mais específica, voltada à resposta do problema, elementos quantitativos, obtidos através de instrumento construído para o levantamento de dados e, de entrevista estruturada a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja ordem e redação permanecerão invariáveis para todos os entrevistados, possibilitando, assim, o tratamento quantitativo dos dados e a abordagem estatística posterior.
Também serão utilizadas as estatísticas públicas disponibilizadas pelo Departamento de Direitos Humanos e Cidadania (DEDIHC), e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de dados fornecidos pela instituição pesquisada, e os questionários desenvolvidos para o público alvo da pesquisa.
A revisão bibliográfica servirá como orientação para fomentar a pesquisa qualitativa e orientar os nossos primeiros passos. A segunda parte da pesquisa, por sua vez, consistirá em analisar os dados internos dos diferentes cursos de graduação da UEPG (perfil socioeconômico dos alunos, programas de bolsas e auxílio etc.). Na terceira fase do projeto, enfim, como síntese de todo esse esforço inicial, pretende-se produzir uma análise interpretativa e comparativa dos documentos selecionados, através da bibliografia estudada, utilizando os questionamentos aqui levantados como norteadores. Os dados obtidos nas entrevistas e questionários aplicados serão interpretados à luz dos referenciais teóricos adotados, compondo-se categorias de análise.
Apesar do arcabouço central da pesquisa volta-se para a realidade da universidade Estadual de Ponta grossa, portanto, ao estado do paraná, é importante ter em mente que a exclusão do negro aos bens sociais é um problema nacional, uma vez que o racismo em nosso país é estrutural e institucionalizado, de modo que as hierarquias raciais são culturalmente aceitas como normais. Contudo, a região sul do Brasil, especialmente, possui suas particularidades imigratórias, e é representada no imaginário popular como uma região branca, resultado da ideologia do branqueamento instaurada com o fim da escravidão (SCHWARCZ, 1993).
O destaque ao estado do Paraná então se deve ao fato de este ser o estado da região sul com o maior percentual de sujeitos autodeclaradas pretos e pardos, com aproximadamente, 27,4%, conforme o último Censo Demográfico (IBGE,2010).
A imigração europeia tida como cerne da idealização e da formação da cultura paranaense, fez com que a presença e contribuição dos africanos e afrodescendentes fosse submetida à sucessivas tentativas de invisibilização e anulação. Por isso, com o intuito de reduzir estas desigualdades, e com o intuito de resgatar essas histórias a implementação de políticas públicas direcionadas à Promoção da Igualdade Racial está dentre as principais demandas da Secretaria de Estado da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos (SEJU).
A construção destas políticas é de responsabilidade do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania (DEDIHC), em parceria com outras esferas governamentais e com os Movimentos Sociais de Igualdade Racial.
Dentro dessa esfera, e dessa estrutura de luta e combate contra a descriminação e a desigualdade, os movimentos negros, no decorrer da história brasileira, foi, de forma inquestionável, agente alavancador, "que congregou militantes, organizações negras e setores do governo brasileiro na construção de uma agenda voltada para a superação das desigualdades raciais na sociedade brasileira, entre elas, as políticas afirmativas."(PASSOS, 2010. P.22).
Nessa perspectiva, a agencia atuante dos movimentos negros na III conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas correlatas de intolerância , realizada em 2001 em Durban, na África do Sul, impulsionou as propostas da agenda governamental no qual desencadeou as políticas de promoção da igualdade Racial no País.
Assim, aliada a um panorama no qual há um junção internacional, Federal e Estadual, os movimentos negros obtiveram ações efetivas que marcaram a trajetória das relações raciais no pais pois nortearam nas políticas públicas algumas reivindicações históricas da população negra no Brasil, essencialmente na […] Educação quando da implementação da Lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino de História da África, cultura africana e afro-brasileira nas escolas públicas e privadas, mas, também, na construção de projetos de inclusão de negros nas Universidades por meio de cursos pré-vestibulares específicos para negros, e na construção de implementação de programas de ação afirmativa para negros em várias Instituições Públicas de Ensino Superior através de reservas fixadas de vagas que, ao longo dos anos, ficou mais conhecida como “cotas raciais” (SOUZA, 2012 P;13).
Nessa dinâmica, inserido nessa tríade" movimentos sociais, Estado e educação", é importantíssimo trazer em loco a importância desse engendramento entre as esferas da sociedade no que circunscreve a exclusão e a ideia do não pertencimento do negro no ambiente educacional de forma a compreender os desdobramentos desse processo de discriminação, e o combate ao mesmo no estado.
Deste modo, é de suma importância salientar as conquistas e os avanços na promoção da igualdade étnico-racial do Paraná, embora, como aponta Souza.: essas políticas apresentam impactos pouco significativos do ponto de vista social para a população negra. Porém, o que não se pode deixar de registrar é que estes avanços ao longo da história do Estado só aconteceram porque foram tensionadas pelos movimentos negros
(SOUZA, 2012,p. 13).
Como já fora explicitado, a exclusão do negro aos bens de consumo é algo enraizado na sociedade brasileira, herança de uma sociedade escravocrata e legitimado pelo Estado, os avanços em relação ao que tange a escolarização do negro foram conquistadas nos
Últimos anos, a base de muito embate e muita luta do movimento negro em conjunto com outras esferas sociais, logo, a história da educação do negro em nossa país, é marcado por exclusões, mas também é marcado por lutas e conquistas.
Referencia
PASSOS, Joana Célia. As desigualdades educacionais, a população negra e a Educação de Jovens e Adultos. Educadores.diaadia, [S. l.], 2014. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pacto_nacional_em/artigos/desigualdades_educacionais_eja.pdf. Acesso em: 8 abr. 2019.
SCHWARCZ, L. K. M. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil: 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993
SOUZA, Marcilene Lena Garcia. Ó Movimento Negro no Paraná. Revista Contato; ano 14; ed. 79; jan/fev/2012. Publicação Bimestral. Conselho Regional de Psicologia
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