A IMPORTÂNCIA DO COLETIVO NA CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

  • Autor
  • Camila Maria Bortot
  • Co-autores
  • Kethlen Leite de Moura , Aline Rodrigues Alves da Rocha
  • Resumo
  •  

    A IMPORTÂNCIA DO COLETIVO NA CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

     

    Camila Maria Bortot – UFPR/PPGE/NUPE

    E-mail: camilabortot@gmail.com

    Kethlen Leite de Moura – UEM/PPE/GPPGE

    E-mail: ketty1985@gmail.com

    Aline Rodrigues Alves da Rocha – UEM/PPE/GEDUC

    E-mail: alinepsicologa@yahoo.com.br

     

    Núcleo de Políticas Educacionais da UFPR - NUPE

    Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão Educacional – GPPGE/UEM

    Grupo de Estudo e Pesquisas em Educação Básica e Superior – GEDUC/UEM

     

     

    Eixo Temático: Política Educacional e Gestão

     

    Essa pesquisa buscar evidenciar a importância do trabalho coletivo na construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola pública. Buscamos apresentar a importância da participação da comunidade na edificação do Projeto Político Pedagógico, tendo em vista que esse processo deve estar assentado em bases democrático-participativas, pois a participação da comunidade, nesse procedimento constitutivo, reafirma a autonomia das escolas, a mesma autonomia proclamada nos marcos legais da Educação brasileira. Frisamos que, essa autonomia e o processo de construção coletiva do PPP têm atores indispensáveis, como o gestor, pedagogos e professores, esses sujeitos contribuem para o processo formativo, tanto do aluno quanto da comunidade, sendo a partir de suas ações no âmbito escolar que se efetiva a educação democrática e de qualidade como um direito universal e um bem público. O PPP é um documento definidor de rumos políticos e pedagógicos da escola, sendo extremamente importante apresentar clareza nas metas e objetivos para que sejam alcançados. A constituição desse documento deve ocorrer a partir do diálogo entre escola e comunidade, por meio dessas ações é possível ampliar os horizontes da qualidade da educação, possibilitando um planejamento edificado coletivamente. De acordo com Ferrari (2011, p. 160), “[...] para que isso se efetive, faz-se necessário transcender questões pessoais e dispor-se a pensar no que poderá ser melhor para o grupo”. A escola é um ambiente composto por sujeitos de diversas culturas e singularidades, a democratização dessas singularidades possibilita ressaltar que o coletivo e o bem comum estejam em primeiro lugar nas decisões da escola. Para Ferrari (2001), a participação da comunidade escolar e externa faz com que haja colaboração e participação de todos os envolvidos na educação, por isso é importante dizer que a participação dos sujeitos implica em exercício de poder. A participação da comunidade externa fortalece a escola e, principalmente, a gestão democrática. Portanto, o exercício de poder na escola acontece de maneira implícita ao processo cultural, logo é necessário superar “[...] administrações verticais, surgem propostas de gestão democrática, possibilitando a participação do coletivo na construção do PPP da instituição escolar (FERRARI, 2001, p. 160). Dessa forma, “[...] a escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seus projetos educativos, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base em seus alunos [...]” (VEIGA, 2011, p. 11), o Projeto Político-pedagógico (PPP) deve ser elaborado a partir da realidade concreta. Valemo-nos de Veiga para nos ajudar a entender essas reflexões, para a autora, o projeto “[...] busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente [...]” (1995, p. 13).  Vasconcellos (2009) aponta  que, o PPP é o plano global da escola, e que é nesse plano que são sistematizados os ideais de educação e o planejamento participativo. O autor ressalta, ainda que, o PPP precisa estar em constante construção, tendo em vista que esse movimento de participação e de  mudanças, a escola constrói sua identidade. Dessa maneira, apontamos que o ponto inicial do PPP é o desejo de mudar a  realidade educacional,  a partir do momento que a escola trabalha em conjunto com a comunidade passa a projetar metas, a delimitar caminhos e a traçar objetivos, e o PPP passa a ser o norte para guiar as ações da escola, tanto no aspecto  pedagógico quanto no de gestão.  Vislumbramos a escola  para além de uma instituição educacional, mas uma organização que administra diversas situações sem abandonar o lado pedagógico, a partir de ações realizadas em parcerias com a comunidade escolar e externa, que a escola solidifica seu papel e torna-se educadora. No que tange a dimensão pedagógica, reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que é “[...]a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade” (VEIGA, 1995, p. 13). É por meio desse entendimento que compreendemos a questão  pedagógica como um trabalho próprio da escola. Veiga (1995) nos auxilia a refletir mais sobre o papel pedagógico da escola na formação dos  sujeitos e sobre como a escola é o principal agente que contribui para a   formação coletiva e individual de cada sujeito.  Por isso, o planejamento é tão importante, principalmente no que diz respeito ao PPP, pois um planejamento bem delimitado e explícito consegue promover o ato pedagógico, contribuindo para a formação de cidadãos participativos,  críticos e criativos. A falta de um PPP que tenha especificações e que seja bem-planejado tem efeito contrário ao mencionado, pois torna os alunos e alunas da escola cidadãos submissos, acríticos e meros reprodutores da cultura dominante. É sabido que, a escola tem um papel social extremamente importante, a partir do momento em que ela define suas metas e objetivos, além de apresentar  propostas claras para o trabalho pedagógico dos professores e da comunidade. Assim, o ato pedagógico, cria a possibilidade para que alunos e professores consigam construir novos saberes, novas formas de agir sobre o mundo em que estão inseridos. A educação escolar é um ato pedagógico intrínseco ao processo de ensino e aprendizagem, e envolve não somente o conhecimento científico, mas, efusivamente, os sujeitos que dela fazem parte. Essa afirmação demonstra que os sujeitos educativos (professores, gestores e equipe técnica), são atores essenciais para constituir a intencionalidade política, e o pedagógico passa a atender as demandas concernentes ao processo de ensino e aprendizagem. Para Vasconcellos (2009), o termo político não deve ser compreendido como algo restrito ou uma tarefa técnica, no qual somente especialistas da área podem participar da sua elaboração, deixando de fora segmentos como alunos e a comunidade. Para o autor, “[...] ser político significa tomar posição nos conflitos presentes na pólis, significa, sobretudo a busca de um bem comum. Não deve ser entendido no sentido estrito de uma doutrina ou partido” (VASCONCELLOS, 2009, p. 20). Assim, os termos ‘político’ e ‘pedagógico’, são dois lados da mesma moeda, isso porque é impossível realizar o projeto pedagógico sem as ações do político. Em muitos casos, o termo “político” vem sendo negligenciado ou, até mesmo, omitido das ações coletivas que envolvem a comunidade escolar, e a questão política acaba restringindo-se, apenas, aos profissionais da área pedagógica, fator esse que não é adequado para o princípio de gestão democrática.  Assim, quando desconsideramos o termo “político” dentro do PPP, o projeto acaba perdendo seu sentido pedagógico e político, passando a ser um mero documento burocrático, sem finalidades sociais e coletivas. Por isso, o termo “político” precisa se desvincular da ideia de partido político ou de doutrinação, o termo “político” é empregado no PPP no sentido de            participação cidadã dentro de uma visão mais coletiva, um processo que envolve a pólis   (cidade) e, principalmente, a vida em sociedade. De acordo com Padilha (2005), quando fazemos política na escola, passamos a conhecer mais e melhor nossos estudantes, a realidade de cada um, a carência familiar de cada um, bem como suas necessidades, seus potenciais e   suas expectativas para o futuro. Assim, quando a equipe gestora enfatiza a questão política na escola, a instituição passa a ter um equilíbrio de forças, e sua representatividade passa a ser enxergada. É o momento em que, o coletivo passa a atuar com maior ênfase nesse espaço e passa a fazer parte das  questões financeiras, administrativas e pedagógicas do âmbito escolar,  o termo “político” também  influência nas decisões educacionais, tanto de municípios quanto dos estados e, até mesmo da União. A partir do momento em que refletimos sobre a relação existente entre os conceitos apresentados anteriormente, o PPP começa a delimitar suas vertentes, seus ideais e suas propostas, para garantir processos de ensino e aprendizagem cada vez mais satisfatórios. Quando trabalha-se com os termos “político” e “pedagógico” de maneira unitária, o PPP assume um caráter diferente e passa a envolver a  comunidade nas ações educativas. Logo, essas definições nos permitem perceber que a tarefa de construir o PPP não pode ser interpretada de maneira simplória, o processo de construção do PPP, além de caracterizar-se por ser uma tarefa complexa, deve atender às necessidades da comunidade escolar, e a equipe gestora precisa atrair essa comunidade para participar da elaboração do documento. Entendemos que, o propósito da escola depende desse olhar de cidadania e de coletividade, afinal ela está inserida em uma sociedade histórica e que está em constante movimento. Para Libâneo (2006) com a vigência e aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394/1996 (LDB), a escola passa compreender que o pedagógico e o político são indissociáveis. E, por meio da elaboração e execução do PPP que a escola contribui na construção da cidadania crítica, garante a qualidade, não empresarial, mas a que visa a emancipação humana de todos os seus membros, por isso a importância da participação de todos, que deve ocorrer de maneira dinâmica e coletiva (TOSCHI,1998) . Assim, a gestão das escolas públicas não devem se assentar em direcionamentos de dominação, mas sim de coletividade. Para Veiga (2007), os termos “político” e “pedagógico” são caracterizados por sua interdependência entre eles, pois é a partir desse movimento que o PPP alcança as propostas necessárias e ligadas a ele. Por isso, dizemos que é impossível modificar a realidade da sala de aula sem  mudar a proposta pedagógica da escola, e essa ação só é possível a partir das mudanças e da construção coletiva do PPP. A partir do momento da elaboração do PPP, define-se o tipo de sociedade que se deseja formar, e o trabalho realizado passa a ter objetivos e práticas comuns, resultando em uma gestão democrática inteiramente participativa, e a escola como o lócus da formação cidadã, se torna referencia de relações humanas e sociais.

    Palavras-chave: Projeto Político Pedagógico, Coletivo, Gestão Democrática, Educação de Qualidade.

     

    Referências:

    BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996b. Estabelece as Diretrizes e Bases               da Educação Nacional. Diário Oficial da União , 1996b. Disponível em:          <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em: 20 jan. 2019.

     

    FERRARI, G. V. A importância do coletivo na construção do projeto político-pedagógico na instituição escolar. Perspectiva , Erechim. v. 35, n.132, p.159-170, dez. 2011.

     

    LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática. 5. ed. Goiania: Alternativa, 2006.

     

    PADILHA, P. R. Planejamento dialógico: como construir o projeto político pedagógico           da escola. São Paulo: Cortez, 2005.

     

    TOSCHI, M. S. A nova LDB e o Projeto Político Pedagógico. Comunicações, v. 05, n. 01, p. 36-44. Disponível em: < https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/comunicacoes/article/view/1158/660 >. Acesso em: 25 abr. 2019.

     

    VASCONCELLOS, C. dos S. Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto          político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2009.

     

    VEIGA, I. P. A. Projeto Político-pedagógico da Escola: uma construção possível. Campinas: Papirus, 1995.

     

    VEIGA, I. P. A. Quem Sabe Faz a Hora de Construir o Projeto Político-pedagógico .           Campinas: Papirus, 2007.

     

    VEIGA, I. P. A. Projeto Político-pedagógico da Escola: uma construção possível. 24. ed.          Campinas: Papirus, 2011.

     

  • Palavras-chave
  • Projeto Político Pedagógico, Coletivo, Gestão Democrática, Educação de Qualidade.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Política    Educacional    e    Gestão    
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