CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIOESTE CAMPUS CASCAVEL, UM OLHAR ESTATÍSTICO
MsC. Josenei Godoi de Medeiros – UTFPR – joseneigodoi@yahoo.com.br
Ms. Elza Corbari – UNIOESTE – elza.corbari@unioeste.br
Dra. Liliam Faria Porto Borges – UNIOESTE – liliamfpb@gmail.com
2-Política Educacional e Gestão
Resumo
O objetivo deste trabalho é realizar uma pesquisa quantitativa, e obter um perfil do estudante de Pedagogia no período a partir da informatização dos dados acadêmicos por meio do sistema de gestão denominado Academus. Foram explorados os dados cadastrais e a vida acadêmica dos alunos matriculados e estes revelaram informações totalizadoras do curso, que mostraram um maior aproveitamento de alunos cotistas, do gênero feminino e as polarizações estabelecidas pelos conceitos de progênies.
Palavras Chaves: Evasão, Curso de Pedagogia, Estatística
1. Introdução
O Curso de Pedagogia da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus Cascavel, teve sua autorização de Funcionamento pelo Decreto Federal nº 70.521/75 de 15 de maio de 1972, publicado no Diário Oficial da União (DOU) de 16 de maio de 1972. Iniciou suas atividades letivas no segundo semestre de 1972 (BRASIL, 1976).
Com o objetivo de realizar uma pesquisa quantitativa, e obter um perfil do estudante de Pedagogia no período de atividade informatizada do curso e da mesma forma a caracterização assumida neste período, foram explorados os dados fornecidos e coletados do sistema interno da Unioeste denominado “Academus”.
A coleta de dados foi articulada referenciando dois momentos devido as características tecnológicas de cada momento. O primeiro momento refere-se ao período de 2003 até o ano de 2009, e o segundo momento de 2009 até o ano de 2018.
A caracterização numérica é importante para que se possa ter uma consciência numérica e histórica e, além disso, ter dados balizantes para uma possível intervenção em pontos que mereçam ajustes, ou até mesmo um conjunto de informações para adequação ou mudanças pertinentes a uma provável demanda coexistente ou futura, da formação do Pedagogo.
A metodologia adotada, foi a avaliação dos dados intrínsecos ao sistema e a documentação, delimitando assim o universo pesquisado a uma totalidade censual dos alunos matriculados no período.
2. Fundamentação teórica
A compilação dos dados numéricos e estatísticos torna possível construir um corpo que tenha definições mensuráveis e factíveis e possa assim ser observado no plano cartesiano. As possibilidades de cruzamento dos dados fornecidos, extrapolam os olhares iniciais, e permitem que se tenha outras óticas e contextualizações, tanto do curso como dos alunos ingressantes.
Mesmo não tendo um cunho avaliativo qualitativamente, mas sim, procurando explorar os dados, existe a possibilidade de se remeter a um pretenso posicionamento, pois tem-se explicitados dados legitimados, os quais promovem a quantificação do curso em si, o que pode por sua vez, mostrar, em seus resultados, a pretensão de uma conformidade objetivista tendenciosa ou a negação da mesma (WERLE, 2010, p. 25) ou ainda nas palavras de Soligo; Gasparin, (2011) “A representação tem a capacidade de se substituir a realidade que representa”, quando se referiam a construções avaliativas institucionais tendenciosas fomentadas pela divulgação de índices numéricos de avaliação escolar.
Entretanto a liquidez exploratória de dados, permite que, no viés filosófico, se tenha turbidamente ou até mesmo tautonicamente esta ambiguidade, o que não vincula uma inferência observacional à pesquisa, mas tange às iconicidades semióticas encontradas e que faceiam o curso.
Não se trata, portanto neste trabalho, de uma afirmação positivista que visa somente subsidiar o método científico, aplicando cartesianamente, fatos e estabelecendo cenários, ou ainda a limítrofe indagação aos métodos aplicados pela lógica de Comte, para que se tenha base racional e assim justificar a Pedagogia como ciência, como nos chama a atenção (ABBAGNANO; VISALBERGHI, 1957, p. 646,695). Procura-se aqui, estabelecer na historicidade factual a abertura do diálogo para a representação crítica formando uma probabilidade do constructo pedagógico que se constitui o curso analisado.
3. Materiais e métodos
O Brasil, contempla um total de 1629 cursos ativos de Pedagogia, ofertando um total de 259.906 vagas presenciais em 1.598 instituições de ensino no ano de 2018. Já o estado do Paraná, possui um total de 135 cursos ativos, em 109 instituições, sendo que 6 instituições públicas oferecem 1824 vagas, o que coloca o Paraná em 4º lugar no ranking nacional (“e-MEC”, 2018).
Os ingressantes foram contabilizados a partir de 1993, assim para o período de 1993 a 2008 tem-se um total de 1175 ingressantes e no período de 2009 a 2017, 726, contabilizando um total de 1901 ingressantes.
Tem-se uma média de 63.36 ingressantes por ano. A quantidade de cada ano é mostrada na Figura 1. Observa-se no período até 1997, são ofertadas 40 vagas por ano para o período matutino, para os anos de 1998 a 2017, tem-se, 40 matutinas e 40 noturnas.
Figura 1 - Quantidade de ingressantes por ano.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Com relação a cor, tem-se uma predominância da cor branca com 61,85%, 14,33% para parda e 3,44% para pretos, 0,41% para indígenas e 0,83% para amarelos.
Para o segundo momento, ou seja, a partir de 2009 os ingressantes, são classificados conforme a situação acadêmica como mostrado na Figura 2.
Figura 2 - Ingressantes por Situação
Fonte: Elaborado pelo autor.
Deste universo pesquisado, no segundo momento, pode-se ainda expressar a quantificação quanto ao gênero sendo que 86% dos ingressantes são do gênero feminino e 14% são do sexo masculino, 51% no período noturno e 49% no período matutino. A média de idade de ingresso do aluno de Pedagogia é de 21,26 anos.
A Figura 3 mostra a formas de ingresso dos alunos , sendo que a maioria ingressa por vestibular.
Figura 3 – Formas de ingresso no período de 2009 a 2018 incluindo SISU, com início em 2014.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os Ingressantes são em sua maioria provenientes de escolas públicas, 85,67% sendo que nesta maioria prevalece o gênero feminino com 87,46% e para os 12,81% dos provenientes do ensino particular 81,72% são do gênero feminino. O ingresso por cotas ocorreu a partir de 2007, e tem-se 39,53% optantes por cota, 60,47% que não.
A média dos alunos no período estudado é de é de 69,39, sendo que os Cotistas possuem uma média maior de 70,99 e os não cotistas 68,30. As mulheres possuem uma média de 71,55 e os homens possuem uma média de 55,83. Tem-se um total de 11.43% de alunos com média acima de 90 e 24,1% dos alunos inscritos possuem média abaixo de 60.
4. Resultado e Discussões
Considerando os campos relacionados a saída do aluno como evasão, de acordo com o estudo dirigidos por (BORGES, 2018) onde estabelece-se como critérios os índices de evasão o abandono, cancelado e cancelado por desistência, tem-se uma soma de 26% do total de alunos do segundo momento. Contudo há de se atentar sobre o índice de 19% com o cancelamento por desistência, o que pode ser analisado a miúde para uma possível intervenção.
Uma perspectiva marcante do Curso de Pedagogia é sua caracterização pelo gênero, o que no caso da Unioeste é historicamente comprovado pelos 85% de dominância do gênero feminino, contudo a formação do pedagogo do gênero masculino está presente.
Os estudos realizados por (CORBARI, 2018) mostram a influência das cotas, e consequentemente as possibilidades de inclusão na Universidade. Este estudo mostrou que as estudantes cotistas possuem uma média maior que as não cotistas.
5. Conclusões
As conclusões advindas deste trabalho, trazem em si uma certa corroboração de um cenário, provavelmente já percebido por quem está no “front” do Curso de Pedagogia, contudo a materialização em dados formata este corpo. Absorver os dados formatados aqui, reflexivamente, demanda tempo e ligações teóricas implícitas em cada indivíduo, o que pode trazer novas percepções para a construção de novas formulações para possíveis problemas enfrentados.
As observâncias e a caracterização do aluno, são de suma importância para uma melhor compreensão do próprio curso e do seu papel social. Fomentar melhorias que incentivem a permanência do aluno, bem como a sua integração social e acadêmica pode sem dúvida, trazer uma diminuição na construção de um índice de evasão por desistência menor. Esta consideração reflete também um melhor aproveitamento dos recursos financeiros e estruturais destinados pela universidade e pelo governo.
Ademais espera-se que este trabalho contribua para um maior reconhecimento do profissional da educação, estabelecendo um valor maior, tanto socialmente como profissionalmente.
6. Referência Bibliográfica
ABBAGNANO, N.; VISALBERGHI, A. História da Pedagogia. Lisboa: Livros Horizonte, 1957.
BORGES, Liliam Faria Porto. Educação Superior: ampliação do acesso e abandono. Elementos acerca da função social da Universidade, a relação entre ensino e fracasso e os cursos de graduação da Unioeste –campus de Cascavel (2009 a 2017). 2018. 125 f. Pós Doutorado – UNICAMP, Campinas SP, 2018.
CORBARI, Elza. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ–CAMPUS DE TOLEDO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS – MESTRADO. 2018. 103 f. Dissertação de Mestrado – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Toledo, 2018. Disponível em: <http://tede.unioeste.br/handle/tede/3839>. Acesso em: 14 fev. 2009.
e-MEC. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: 15 nov. 2018.
SOLIGO, Valdecir; GASPARIN, Marinez. AS AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA E A IMPRENSA: RESULTADOS, REGULAÇÃO E OS PRINCÍPIOS DE QUASE MERCADO. In: SEMINÁRIO NACIONAL ESTADO E POLÍTICAS SOCIAIS, 9 out. 2011, Cascavel. Anais... Cascavel: Unioeste - Campus de Cascavel, 9 out. 2011.
WERLE, Flávia Obino Corrêa (Org.). Avaliação em larga escala: foco na escola. 1. ed. Brasília D.F.: [s.n.], 2010. v. 1.
Comissão Organizadora
Érico Ribas Machado
Comissão Científica