Coleções especiais em bibliotecas possuem diversas camadas de informação e de memória, frequentemente não acessíveis para o pesquisador tanto na bibliosfera quanto na infosfera. A representação descritiva e temática detalhada da coleção e de seus itens permitiria a multiplicação de pontos de acesso e aumentaria as chances de localização pelo usuário. O estudo enfoca os fundamentos da curadoria digital e explora as relações com a representação descritiva das coleções especiais bibliográficas, em especial os modelos conceituais da IFLA. A metodologia adotada partiu da pesquisa bibliográfica em bases de dados nacionais e estrangeiras, seguida de seleção dos textos considerados mais pertinentes para identificar as reflexões e apontamentos para delinear a triangulação entre curadoria digital, modelos conceituais de representação e coleções especiais bibliográficas. No universo bibliográfico, diante da evolução dos princípios internacionais de catalogação, temos a coexistência da catalogação tradicional e da moderna, a primeira baseada em dados de autoridade e bibliográficos, e a segunda, em entidades-relacionamento e em linked data. Em relação a coleções especiais, é preciso considerar livros e bibliotecas além de seu aspecto informativo, analisando o livro como objeto e como artefato, e as coleções de bibliotecas como expressão de “vozes” de seus colecionadores e formadores, e ainda a singularidade trazida pela sinergia do contexto institucional com seus acervos. Dentre os fundamentos da curadoria digital, destacam-se a articulação entre gestão, preservação e curadoria digital, as ações possíveis por diversos atores no ciclo da curadoria, os padrões e recomendações para a identificação e seleção de conteúdos, incluindo a consideração da influência de contextos históricos, políticos, intelectuais e econômicos, e o envolvimento com a comunidade. A análise dessa tríade - modelos conceituais - coleções especiais - curadoria digital - revela possibilidade de expressão e registro da polifonia de vozes nos acervos bibliográficos. Bibliotecas são órgãos ou setores longevos, muitas vezes, um dos espaços de memória mais antigos em suas instituições, acumulando documentos, informações, histórias e memórias. As várias camadas de informação e memória, além de objeto de trabalho das equipes bibliotecárias, também é um campo de estudo e pesquisa para a academia e um patrimônio a ser usufruído pela sociedade.
ISSN: 2965-4130
Comissão Organizadora
Victor Barros
Francisco Carlos Paletta
Comissão Científica
Armando Malheiro da Silva, Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Audilio Gonzales Aguilar, Université Paul-Valéry Montpellier III
Francisco Carlos Paletta, Universidade de São Paulo
José Antonio Moreiro, Universidade Carlos III de Madrid
Victor Barros, Universidade do Minho