Este trabalho propõe uma abordagem crítica sobre o papel dos centros de memória — arquivos, bibliotecas, museus e fundações — como estruturas ativas na redução das desigualdades informacionais por meio do fortalecimento do capital social no ambiente digital. Compreendidos como agentes mediadores entre sujeitos, narrativas e tecnologias, tais instituições assumem função estratégica na promoção do acesso, da justiça cognitiva e da pluralidade das memórias coletivas. O estudo parte da concepção de capital social como um conjunto de redes, normas e relações baseadas na confiança (Putnam, 2000; Bourdieu, 1999) e articula referenciais teóricos da Ciência da Informação, da Teoria Social Crítica e dos Estudos de Memória. A análise destaca o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na curadoria, preservação e disseminação de documentos digitais — nato-digitais e digitalizados — como forma de ampliar o alcance dos acervos e incorporar memórias historicamente marginalizadas. No entanto, o trabalho também problematiza os riscos de exclusão digital, limites de infraestrutura e disputas simbólicas que atravessam as políticas de memória. Com base em metodologia qualitativa, o estudo propõe analisar experiências institucionais voltadas à curadoria digital participativa e à valorização de saberes comunitários. Conclui-se que, orientadas por princípios de responsabilidade social, escuta ativa e sustentabilidade informacional, as instituições de memória podem (re)configurar suas práticas para atuar como espaços de cuidado, reconhecimento e transformação, contribuindo para a construção de um ecossistema informacional mais justo.
ISSN: 2965-4130
Comissão Organizadora
Victor Barros
Francisco Carlos Paletta
Comissão Científica
Armando Malheiro da Silva, Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Audilio Gonzales Aguilar, Université Paul-Valéry Montpellier III
Francisco Carlos Paletta, Universidade de São Paulo
José Antonio Moreiro, Universidade Carlos III de Madrid
Victor Barros, Universidade do Minho