Este trabalho tem por objetivo fazer uma discussão que reforce a importância do uso de estratégias de aprendizagem autorreguladas e de investigações mais aprofundadas sobre o uso das tecnologias digitais por universitários, fomentando programas de intervenção que contribuam para a permanência universitária. Recursos tecnológicos são cada vez mais escolhidos como apoio nas estratégias de aprendizagem no planejamento e execução de tarefas acadêmicas. As estratégias de aprendizagem referem-se aos meios que os estudantes usam para favorecer a sua própria aprendizagem (GÓES; BORUCHOVITCH, 2020, p. 7). Entretanto, é preciso que estejamos atentos para o uso excessivo das tecnologias digitais, pois ele pode ocasionar dependência desses aparatos tecnológicos, não só de uma maneira integral, mas também, especificamente no processo de aprendizagem. Pesquisas têm identificado que o uso indiscriminado das tecnologias digitais pode ocasionar dependência seguida de transtorno emocional e psicológico (GARCÍA et al., 2020; KING; NARDI; CARDOSO, 2014; MORILLA et al., 2020; PASTOR MOLINA, 2021; TEIXEIRA et al., 2019), atualmente denominado de nomofobia. O termo refere-se ao medo de ficar sem celular ou outras tecnologias digitais (como, por exemplo, o computador) ou sem acesso à internet (KING et al., 2014). Em razão disso, acreditamos que investigar o uso das estratégias de aprendizagem cognitivas e metacognitivas é essencial para compreender a forma como os estudantes utilizam as tecnologias digitais para aprender. Usamos a metodologia quantitativa. Aplicamos um questionário de nomofobia (NMP-Q) e uma escala de estratégias de aprendizagem (EEA-U) para medir ambas variáveis em alunos universitários. O resultado dos dados sugere um nível moderado a grave de nomofobia e um nível moderado de estratégias de aprendizagem. A literatura aponta para a importância de características autorregulatórias para a prevenção ao vício nas tecnologias digitais e também para a permanência estudantil. Santos (2013) declarou em seu estudo de análise de publicações na ANPED e CAPES sobre evasão no ensino superior, alguns fatores tiveram grande recorrência tendo sido apontado como deficiências e dificuldades na permanência universitária, são eles: "falta de motivação para continuar estudando e a falta de hábitos e técnicas de estudo individualizado, a dificuldade de organizar o tempo disponível para os estudos, a dificuldade de conciliar estudo e trabalho, formação escolar anterior precária" (SANTOS, 2013, p. 1). Exceto a última, todas as demais deficiências e dificuldades que Santos (2013) constatou como principais motivos de evasão, podem ser sanadas ou desenvolvidas através da autorregulação da aprendizagem, fundamentalmente, no uso de estratégias cognitivas e metacognitivas que possibilitam uma maior autonomia na aprendizagem, da mesma maneira que conscientizam e controlam variáveis psicológicas que podem interferir no processo de aprendizagem (GÓES; BORUCHOVITCH, 2020). Por último, existe um consenso entre os teóricos no que diz respeito às estratégias de aprendizagem, eles concordam que elas contemplam o uso da cognição e da metacognição e, igualmente, contemplam a motivação, as emoções e o engajamento dos alunos nos comportamentos que amplificam as chances de alcançar o sucesso acadêmico (BORUCHOVITCH; DOS SANTOS, 2015). Portanto, inferimos que é necessário a elaboração de programas de apoio à aprendizagem que contribuam para o desenvolvimento das estratégias de aprendizagem autorreguladas de modo que se beneficie a permanência na universidade e, consequentemente, a redução da taxa de evasão.
Prezadas e prezados congressistas e demais leitores, te apresentamos o E-book dos Anais do XI CLABES – Congresso Latino-americano sobre o Abandono na Educação Superior, celebrado entre os dias 16 e 18 de novembro de 2022 na Universidade Católica de Brasília, na cidade de Brasília, Brasil.
Neste XI CLABES tivemos como temática central os Limites e Aproximações entre a Educação Básica e Superior. Assim, ao abordar a temática do abandono e da permanência na educação superior compreendemos a necessidade de revisitar conceitos, estratégias e práticas que envolvam a ideia de continuidade da educação e a importância da aproximação dos diferentes níveis e etapas do sistema educativo como um todo.
Nesse sentido, a temática do Abandono e da Permanência é abordada a partir de diferentes fatores e aspectos, os quais estão distribuídos em cinco linhas temáticas, quais sejam:
Linha 1 - Teorias e fatores associados à permanência e ao abandono. Tipos e perfis de abandono
Linha 2 - Articulação da Educação Superior com a Educação Básica
Linha 3 - Práticas curriculares para a redução do abandono e promoção da permanência
Linha 4 - Práticas de integração universitária para fomentar a permanência e para redução da evasão (Tutorias-Mentorias)
Linha 5 - Políticas nacionais e gestão institucional para a promoção da permanência e redução do abandono
Nesta edição, foram submetidos 157 trabalhos, destes 137 foram aprovados para apresentação no evento. Sendo 27 na Linha 1, 20 trabalhos na Linha 2, 14 na Linha 3, 46 na Linha 4 e 23 na Linha 5. Dos 130 trabalhos apresentados, contamos com a participação de pesquisadores dos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Ecuador, Espanha, Honduras, México, Panamá, Portugal e Uruguay.
Pelas pesquisas e trabalhos apresentados, notamos o crescimento de abordagens sobre as Práticas de integração universitária para fomentar a permanência e para a redução do abandono. Nesse sentido, no XI CLABES, por meio dos pesquisadores, autores dos artigos, foram apresentadas reflexões e ações que valorizam a educação, objetivando a permanência com equidade, qualidade e o sucesso acadêmico.
Nesta direção, esperamos que o conteúdo desde E-book de Anais brinde um debate aberto para o desenvolvimento da área de conhecimento sobre o abandono e permanência estudantil, assim como auxilie a fortalecer argumentações e diálogos, com o intuito de alcançar Políticas Públicas e garantir o direito a educação de qualidade a toda a população.
Os textos aqui apresentados demostram o comprometimento dos investigadores, estudantes, docentes, gestores, com o desenvolvimento e fortalecimento de reflexões e iniciativas que sustentam o valor da educação, neste caso mais proximamente da educação superior, e a corresponsabilidade de seus atores no cenário, principalmente, da América Latina.
Desejo uma frutífera leitura.
Pricila Kohls-Santos
Presidente do XI CLABES.
Universidade Católica de Brasília
Comissão Científica
Prof. Dr. Renato Oliveira Brito – UCB/Brasil - Presidente da Comissão Científica
Profª. Dr. Adriana Justin Cerveiro Kampff – PUCRS/Brasil
Profª. Dr. Bettina Steren dos Santos – PUCRS/Brasil
Profª. Dr. Carla Spagnolo – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Carlos Ângelo de Meneses Sousa – UCB/Brasil
Prof. Dr. Celio da Cunha – UCB/Brasil
Profª. Dr. Elisabete Cerutti – URI/Brasil
Prof. Dr. Eduardo Amadeu Moresi – UCB/Brasil
Prof. Dr. Geraldo Caliman – UCB/Brasil
Profª. Dr. Johana Vásquez Velásquez – UNAL/Colombia
Profª Dr. Lúcia Mari Martins Giraffa – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Lucio Dantas – UCB/Brasil
Profª. Dr. Magda Campillo Labrandero – UNAM/Mexico
Profª. Dr. Marilene Batista da Cruz Nascimento – UFS/Brasil
Profª. Dr. Marilene Dalla Corte – UFSM/Brasil
Profª. Dr. Marília Costa Morosini – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Martín Saino – UNC/Argentina
Prof. Dr. Miguel Aurelio Alonso Garcia – UCM/Espanha
Profª. Dr. Pricila Kohls-Santos – UCB/Brasil
Prof. Dr. Rafael Rey – UDELAR/Uruguay
Prof. Dr. Rodrigo del Valle Martin – UCT/Chile
Profª. Dr. Sônia Regina de Souza Fernandes – IFC/Brasil
Profª. Dr. Sirlei de Lourdes Lauxen – UNICRUZ/Brasil
Profª. Dr. Valdivina Alves Ferreira – UCB/Brasil
Profª. Dr. Vera Lúcia Felicetti – UNILASALLE/Brasil
Comissão Organizadora
Profª. Dr. Pricila Kohls-Santos
Profª. Ms. Patricia Estrada Mejía
Mestranda Ana Carolina Ribeiro Hee