CRENÇA DE AUTOEFICÁCIA DURANTE O PRIMEIRO SEMESTRE DA GRADUAÇÃO

  • Author
  • Thiago Januario Lisbôa
  • Co-authors
  • Silvia Brilhante Guimarães
  • Abstract
  • A autoeficácia é um construto formulado no cerne da Teoria Social Cognitiva. De acordo com Bandura (1994, p. 71) ela pode ser definida como “as crenças das pessoas sobre suas capacidades de produzir níveis designados de desempenho que exercem influência sobre eventos que afetam suas vidas”. Deste modo, ao inserirmos o construto de Bandura dentro do contexto educacional do ensino superior, podemos dizer que a crença de autoeficácia acadêmica é a “capacidade em organizar e executar cursos de ações requeridos para produzir certas realizações, referentes aos aspectos compreendidos pelas tarefas acadêmicas pertinentes ao ensino superior” (POLYDORO; GUERREIRO-CASANOVA, 2010, p. 268).

    Ao refletirmos sobre as dificuldades enfrentadas pelos estudantes ao longo do Ensino Superior, encontramos na literatura que o começo da graduação é um momento na vida dos estudantes que representa um grande desafio (MOHALLEM, 2016). Isto ocorre por conta de uma série de mudanças na vida acadêmica entre o ensino médio e o superior, As principais mudanças são: horários com maior flexibilidade, professores mais distantes, atividades curriculares menos sequenciadas e apoiadas em materiais didáticos diversificados, nova rotina de estudo e prazos para entrega de trabalhos curtos e por vezes concomitantes (ALMEIDA, 2007; SAMPAIO, 2011; JOLY et al., 2012; MAGALHÃES, 2013).

    Além disso, a literatura (ZIMMERMAN; CLEARY, 2006) expõe que a crença de autoeficácia está relacionada tanto com o desempenho acadêmico dos estudantes quanto com o sucesso acadêmico dos estudantes. Os que apresentam maior crença de autoeficácia também apresentam melhor desempenho acadêmico e, seguindo este raciocínio, as chances deles apresentarem resiliência aos desafios impostos e não abandonarem seus cursos acaba sendo maior, alcançando dessa maneira um maior sucesso em sua vida acadêmica. Desta forma, é de suma importância que investiguemos como a crença de autoeficácia acadêmica evolui ao longo do primeiro semestre da graduação.

    Sendo assim, o objetivo desta pesquisa foi investigar como a crença de autoeficácia acadêmica se comporta ao longo do primeiro semestre. A pesquisa foi composta por um estudo longitudinal que apresentou delineamento quantitativo. Ao todo participaram 70 estudantes universitários ingressantes. Eles, após consentirem com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, responderam a Escala de Autoeficácia na Formação Superior (AEFS) (POLYDORO; GUERREIRO-CASANOVA, 2010). Seu objetivo é avaliar as crenças dos estudantes em sua capacidade de executar as tarefas relacionadas a sua formação acadêmica a nível superior. 

    Os dados coletados, em vista de atender ao objetivo proposto, foram submetidos a análise por meio do software Statistical Package for Social Sciences v.20 (IBM, 2011). Inicialmente, para verificar a normalidade da distribuição do escore total e das dimensões, os resultados da AEFS foram submetidos ao teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Foi verificado que parte dos dados era paramétrica e parte não-paramétrica. A partir daí, foi realizado o teste de sinais de Wilcoxon para verificar as diferenças entre as médias nas duas aplicações (dados não-paramétricos) e o teste t pareado (dados paramétricos). A análise dos resultados dos testes realizados mostrou que houve diferença estatisticamente significativa entre as médias apenas da dimensão Autoeficácia Acadêmica. As demais dimensões assim como o total da AEFS não apresentaram diferença significativa. Este resultado indica que os estudantes por si só não foram capazes de aumentar sua crença de autoeficácia acadêmica durante o primeiro período. 

    Considerando a relação da crença de autoeficácia com o sucesso acadêmico, o resultado encontrado aponta para a necessidade da realização de intervenções que visem estimular a autoeficácia acadêmica dos estudantes visto que, por si só, os estudantes ingressantes não elevaram de maneira significativa sua crença de autoeficácia ao longo do primeiro semestre da graduação. A realização das intervenções pode favorecer a permanência estudantil na graduação de forma a diminuir a evasão universitária.

     

     

  • Keywords
  • Autoeficácia, Programas de Intervenção, Permanência Estudantil
  • Modality
  • Comunicação oral
  • Subject Area
  • Linha 4: Práticas de integração universitária para reduzir o abandono
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Apresentação

Prezadas e prezados congressistas e demais leitores, te apresentamos o E-book dos Anais do XI CLABES – Congresso Latino-americano sobre o Abandono na Educação Superior, celebrado entre os dias 16 e 18 de novembro de 2022 na Universidade Católica de Brasília, na cidade de Brasília, Brasil.

Neste XI CLABES tivemos como temática central os Limites e Aproximações entre a Educação Básica e Superior. Assim, ao abordar a temática do abandono e da permanência na educação superior compreendemos a necessidade de revisitar conceitos, estratégias e práticas que envolvam a ideia de continuidade da educação e a importância da aproximação dos diferentes níveis e etapas do sistema educativo como um todo.

Nesse sentido, a temática do Abandono e da Permanência é abordada a partir de diferentes fatores e aspectos, os quais estão distribuídos em cinco linhas temáticas, quais sejam:

Linha 1 - Teorias e fatores associados à permanência e ao abandono. Tipos e perfis de abandono

Linha 2 - Articulação da Educação Superior com a Educação Básica

Linha 3 - Práticas curriculares para a redução do abandono e promoção da permanência

Linha 4 - Práticas de integração universitária para fomentar a permanência e para redução da evasão (Tutorias-Mentorias)

Linha 5 - Políticas nacionais e gestão institucional para a promoção da permanência e redução do abandono

Nesta edição, foram submetidos 157 trabalhos, destes 137 foram aprovados para apresentação no evento. Sendo 27 na Linha 1, 20 trabalhos na Linha 2, 14 na Linha 3, 46 na Linha 4 e 23 na Linha 5. Dos 130 trabalhos apresentados, contamos com a participação de pesquisadores dos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Ecuador, Espanha, Honduras, México, Panamá, Portugal e Uruguay.

Pelas pesquisas e trabalhos apresentados, notamos o crescimento de abordagens sobre as Práticas de integração universitária para fomentar a permanência e para a redução do abandono. Nesse sentido, no XI CLABES, por meio dos pesquisadores, autores dos artigos, foram apresentadas reflexões e ações que valorizam a educação, objetivando a permanência com equidade, qualidade e o sucesso acadêmico.

Nesta direção, esperamos que o conteúdo desde E-book de Anais brinde um debate aberto para o desenvolvimento da área de conhecimento sobre o abandono e permanência estudantil, assim como auxilie a fortalecer argumentações e diálogos, com o intuito de alcançar Políticas Públicas e garantir o direito a educação de qualidade a toda a população.

Os textos aqui apresentados demostram o comprometimento dos investigadores, estudantes, docentes, gestores, com o desenvolvimento e fortalecimento de reflexões e iniciativas que sustentam o valor da educação, neste caso mais proximamente da educação superior, e a corresponsabilidade de seus atores no cenário, principalmente, da América Latina.

Desejo uma frutífera leitura.

Pricila Kohls-Santos

Presidente do XI CLABES.

Universidade Católica de Brasília

 

  • Linha 1: Fatores associados ao abandono. Tipos e perfis de abandono
  • Linha 2: Articulação da educação superior com o ensino médio
  • Linha 3: Práticas curriculares para reduzir a evasão.
  • Linha 4: Práticas de integração universitária para reduzir o abandono
  • Linha 5: Políticas nacionais e gestão institucional para reduzir a evasão

Comissão Científica

Prof. Dr. Renato Oliveira Brito – UCB/Brasil - Presidente da Comissão Científica
Profª. Dr. Adriana Justin Cerveiro Kampff – PUCRS/Brasil
Profª. Dr. Bettina Steren dos Santos – PUCRS/Brasil
Profª. Dr. Carla Spagnolo – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Carlos Ângelo de Meneses Sousa – UCB/Brasil
Prof. Dr. Celio da Cunha – UCB/Brasil
Profª. Dr. Elisabete Cerutti – URI/Brasil
Prof. Dr. Eduardo Amadeu Moresi – UCB/Brasil
Prof. Dr. Geraldo Caliman – UCB/Brasil
Profª. Dr. Johana Vásquez Velásquez – UNAL/Colombia
Profª Dr. Lúcia Mari Martins Giraffa – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Lucio Dantas – UCB/Brasil
Profª. Dr. Magda Campillo Labrandero – UNAM/Mexico
Profª. Dr. Marilene Batista da Cruz Nascimento – UFS/Brasil
Profª. Dr. Marilene Dalla Corte – UFSM/Brasil
Profª. Dr. Marília Costa Morosini – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Martín Saino – UNC/Argentina
Prof. Dr. Miguel Aurelio Alonso Garcia – UCM/Espanha
Profª. Dr. Pricila Kohls-Santos – UCB/Brasil
Prof. Dr. Rafael Rey – UDELAR/Uruguay
Prof. Dr. Rodrigo del Valle Martin – UCT/Chile
Profª. Dr. Sônia Regina de Souza Fernandes – IFC/Brasil
Profª. Dr. Sirlei de Lourdes Lauxen – UNICRUZ/Brasil
Profª. Dr. Valdivina Alves Ferreira – UCB/Brasil
Profª. Dr. Vera Lúcia Felicetti – UNILASALLE/Brasil

Comissão Organizadora

Profª. Dr. Pricila Kohls-Santos
Profª. Ms. Patricia Estrada Mejía
Mestranda Ana Carolina Ribeiro Hee