Durante o período de situação emergencial de saúde devido à pandemia de COVID-19, as instituições de ensino precisaram criar ferramentas para manter suas funções educativas de forma remota. O objetivo deste trabalho é analisar as estratégias criadas por uma Universidade Federal para enfrentar o período de crise e os possíveis impactos destas estratégias na vida acadêmica de seus estudantes. Para tanto, foram analisados os dados produzidos pela Comissão de Acompanhamento do Ensino Remoto Emergencial (ERE) nos relatórios de 2020/1 e 2020/2 e as normativas criadas pela instituição para regulamentar tal ensino. A partir de um aparato legal, foram reguladas formas de ensino, registros acadêmicos e a suspensão de dispositivos de controle de desempenho dos estudantes. O delineamento de um Ensino Remoto Emergencial buscou preservar a situação dos estudantes pré-pandemia, congelando índices de desempenho e suspendendo desligamentos, exceto os solicitados pelo aluno. Assim, embora não tenhamos o registro de desligamento dos estudantes, gerando evasão, é possível mapear como se deu a permanência destes durante esse período. O quantitativo de alunos que solicitaram matrícula em 2022/1, primeiro semestre após o ERE, foi 7% menor do que no semestre 2020/2 (primeiro semestre de matrícula já em ERE). Essa leve queda pode estar relacionada com a dificuldade de retornar ao ensino presencial após dois anos de estratégias remotas. A média de atividades cursadas por aluno também apresentou ligeiro aumento durante a vigência do ERE, em torno de 2%, em relação aos semestres imediatamente anteriores. Em termos de desempenho, o número de reprovações no semestre 2020/1 foi reduzido em quase 11% em relação às reprovações do semestre de 2019/1. Já o número de exclusões de matrícula em 2020/1 cresceu quase 5 vezes em relação ao semestre 2019/1. Também se verificou um aumento do abandono das Atividades de Ensino, porém, como não havia como precisar o motivo do abandono, estes estudantes ficaram com registro de conceito Não Informado ao final do semestre. Uma análise inicial destes dados nos instiga a questionar: por que estudantes de cursos presenciais buscaram matricular-se em mais atividades de ensino durante o Ensino Remoto Emergencial do que em semestres regulares? O que fomentou esse interesse? Nos questionários realizados pela instituição os estudantes indicaram que a realização das atividades de forma remota, sem necessidade de deslocamento, assim como a possibilidade de ter as aulas gravadas podendo revê-las foram pontos positivos dessa estratégia de ensino. Conquanto alguns pontos positivos foram ressaltados, verifica-se um aumento significativo de alunos que não cursaram atividades de ensino nos semestres 2020/1 (3.890) e 2020/2 (5.400) em relação aos semestres 2019/1 (1.911) e 2019/2 (1.499). Esse aumento parece estar relacionado com a possibilidade de exclusão de matrícula durante todo o semestre permitindo que os alunos tentassem a aprovação na atividade até o fim do semestre e, ao não lograr um bom desempenho, excluírem a atividade. Essa ação, quando analisada junto ao aumento de atividades por aluno, demonstra que os estudantes buscaram utilizar esse período de ERE para avançar de forma mais rápida no curso. Contudo, a diminuição no número de concluintes pode indicar que essa tentativa não alcançou o êxito desejado. Os resultados deste estudo indicam que ainda há outros impactos a serem analisados após este período emergencial remoto, sendo necessário questionar que efeitos o isolamento durante os semestres de 2020 e 2021 pode ter no retorno ao ensino presencial regular e como isso afetou os estudantes, especialmente os ingressantes.
Prezadas e prezados congressistas e demais leitores, te apresentamos o E-book dos Anais do XI CLABES – Congresso Latino-americano sobre o Abandono na Educação Superior, celebrado entre os dias 16 e 18 de novembro de 2022 na Universidade Católica de Brasília, na cidade de Brasília, Brasil.
Neste XI CLABES tivemos como temática central os Limites e Aproximações entre a Educação Básica e Superior. Assim, ao abordar a temática do abandono e da permanência na educação superior compreendemos a necessidade de revisitar conceitos, estratégias e práticas que envolvam a ideia de continuidade da educação e a importância da aproximação dos diferentes níveis e etapas do sistema educativo como um todo.
Nesse sentido, a temática do Abandono e da Permanência é abordada a partir de diferentes fatores e aspectos, os quais estão distribuídos em cinco linhas temáticas, quais sejam:
Linha 1 - Teorias e fatores associados à permanência e ao abandono. Tipos e perfis de abandono
Linha 2 - Articulação da Educação Superior com a Educação Básica
Linha 3 - Práticas curriculares para a redução do abandono e promoção da permanência
Linha 4 - Práticas de integração universitária para fomentar a permanência e para redução da evasão (Tutorias-Mentorias)
Linha 5 - Políticas nacionais e gestão institucional para a promoção da permanência e redução do abandono
Nesta edição, foram submetidos 157 trabalhos, destes 137 foram aprovados para apresentação no evento. Sendo 27 na Linha 1, 20 trabalhos na Linha 2, 14 na Linha 3, 46 na Linha 4 e 23 na Linha 5. Dos 130 trabalhos apresentados, contamos com a participação de pesquisadores dos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Ecuador, Espanha, Honduras, México, Panamá, Portugal e Uruguay.
Pelas pesquisas e trabalhos apresentados, notamos o crescimento de abordagens sobre as Práticas de integração universitária para fomentar a permanência e para a redução do abandono. Nesse sentido, no XI CLABES, por meio dos pesquisadores, autores dos artigos, foram apresentadas reflexões e ações que valorizam a educação, objetivando a permanência com equidade, qualidade e o sucesso acadêmico.
Nesta direção, esperamos que o conteúdo desde E-book de Anais brinde um debate aberto para o desenvolvimento da área de conhecimento sobre o abandono e permanência estudantil, assim como auxilie a fortalecer argumentações e diálogos, com o intuito de alcançar Políticas Públicas e garantir o direito a educação de qualidade a toda a população.
Os textos aqui apresentados demostram o comprometimento dos investigadores, estudantes, docentes, gestores, com o desenvolvimento e fortalecimento de reflexões e iniciativas que sustentam o valor da educação, neste caso mais proximamente da educação superior, e a corresponsabilidade de seus atores no cenário, principalmente, da América Latina.
Desejo uma frutífera leitura.
Pricila Kohls-Santos
Presidente do XI CLABES.
Universidade Católica de Brasília
Comissão Científica
Prof. Dr. Renato Oliveira Brito – UCB/Brasil - Presidente da Comissão Científica
Profª. Dr. Adriana Justin Cerveiro Kampff – PUCRS/Brasil
Profª. Dr. Bettina Steren dos Santos – PUCRS/Brasil
Profª. Dr. Carla Spagnolo – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Carlos Ângelo de Meneses Sousa – UCB/Brasil
Prof. Dr. Celio da Cunha – UCB/Brasil
Profª. Dr. Elisabete Cerutti – URI/Brasil
Prof. Dr. Eduardo Amadeu Moresi – UCB/Brasil
Prof. Dr. Geraldo Caliman – UCB/Brasil
Profª. Dr. Johana Vásquez Velásquez – UNAL/Colombia
Profª Dr. Lúcia Mari Martins Giraffa – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Lucio Dantas – UCB/Brasil
Profª. Dr. Magda Campillo Labrandero – UNAM/Mexico
Profª. Dr. Marilene Batista da Cruz Nascimento – UFS/Brasil
Profª. Dr. Marilene Dalla Corte – UFSM/Brasil
Profª. Dr. Marília Costa Morosini – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Martín Saino – UNC/Argentina
Prof. Dr. Miguel Aurelio Alonso Garcia – UCM/Espanha
Profª. Dr. Pricila Kohls-Santos – UCB/Brasil
Prof. Dr. Rafael Rey – UDELAR/Uruguay
Prof. Dr. Rodrigo del Valle Martin – UCT/Chile
Profª. Dr. Sônia Regina de Souza Fernandes – IFC/Brasil
Profª. Dr. Sirlei de Lourdes Lauxen – UNICRUZ/Brasil
Profª. Dr. Valdivina Alves Ferreira – UCB/Brasil
Profª. Dr. Vera Lúcia Felicetti – UNILASALLE/Brasil
Comissão Organizadora
Profª. Dr. Pricila Kohls-Santos
Profª. Ms. Patricia Estrada Mejía
Mestranda Ana Carolina Ribeiro Hee