CARACTERÍSTICAS DOS ACIDENTES BOTRÓPICOS NO BRASIL
PRUCOLI, Monique Bessa de Oliveira
Mestranda em Cognição e Linguagem- UENF
Especialista em Saúde da Família- UERJ
NASCIMENTO, Roberta da Silva
Especialista em Saúde da Família (UERJ-UNASUS)
Especialista em Saúde do Idoso (UERJ-UNASUS)
Mestre em cognição e Linguagem (UENF)
robertasnascimento14@gmail.com
JUNIOR, João Batista de Souza Pena
Graduanda do Curso de Enfermagem da FAMESC – Faculdade Metropolitana São Carlos.
joaobatista_junior17@hotmail.com
INTRODUÇÃO
De acordo com Ministério da Saúde, as notificações dos acidentes por animais peçonhentos chegam perto de 100 mil por ano e vem aumentando gradativamente, expondo o número de casos e mortalidade por tipo de ocorrências, entre eles as aranhas com 22.835 casos, tendo 1% de mortalidade, escorpião 37.495 casos e 2% mortalidade, em realce a serpente com 5% de mortalidade em 27.069 casos, causando um problema de saúde pública desinente da elevada incidência e da gravidade (RAMALHO, 2014).
Em relação as serpentes peçonhentas que causam acidentes com humanos no Brasil incluem-se os da família Viperidae, destacando-se a subfamília Crotalinae, à qual pertencem os gêneros Crotalus (cascavel), Bothrops (jararaca) e Lachesis (surucucu); e da família Elapidae, que engloba o gênero Micrurus, cujas espécies são conhecidas popularmente por corais verdadeiras (MATOS; IGNOTTI, 2018).
Os acidentes por contato com esses animais ocorrem com bastante frequência na zona rural e atingem principalmente a população de trabalhadores devido à proximidade com os meios naturais e às precárias condições de trabalho, que os expõem ao contato direto com animais (CARMO et al., 2016)
O aumento dos acidentes provocados por estes animais pode estar ligado a alterações climáticas ocorridas ao longo dos anos, desmatamentos que provocaram desequilíbrios ecológicos; crescimento urbano desordenado; falta de saneamento; acúmulo de lixo em terrenos baldios, faixas marginais de estradas e parques, fazendo com que estes acidentes ocorram fora do ambiente natural das serpentes, nas proximidades de casas e em plantações (RITA; SISENADO; MACHADO, 2016)
MATERIAL E MÉTODOS
Os materiais e métodos utilizados para a elaboração deste trabalho foram diversas pesquisas realizadas em diferentes sites, revistas e artigos como Reben, Scielo e Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), que por sua vez abordam de maneira explicativa o tema escolhido.
A busca deu-se através das seguintes descrições: Acidentes com animais peçonhentos, Acidentes com ofídicos, Acidentes com Bothrops e Ações de Enfermagem em Acidentes Botropicos. Os artigos foram escolhidos através da análise de seus conteúdos e o sentido do tema escolhido.
O objetivo foi destacar o grande número e as características dos acidentes ofídicos causadas pelo gênero Bothrops.
DESENVOLVIMENTO
Os acidentes ofídicos, são aqueles causados por serpentes são divididos em quatro. Acidente Botrópico causado por espécies do gênero Bothrops. Acidente Crotálico causado pelas espécies pertencentes ao gênero Crotalus. Acidentes Laquéticos, causados por espécies do gênero Lachesis e acidente causados espécies do gênero Micrurus, o qual não possui um nome específico (MOREIRA; MORATO, 2014).
No período de 2003 a 2012, foram notificados 275.117 acidentes causados por serpentes envolvendo humanos em nosso país, com uma média de 27.511 acidentes por ano. O principal gênero causador de acidentes foi o Bothrops com 86,8%, seguido pelo gênero Crotalus com 8,9% dos acidentes. O gênero Lachesis e Micrurus foram responsáveis respectivamente por 3,5 e 0,8% dos acidentes (MATOS; IGNOTTI, 2018)
As principais responsáveis pelos acidentes ofídicos no Brasil são as serpentes do gênero Bothrops. 29.505 casos de acidentes ofídicos foram notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) em 2010, sendo o gênero Bothrops responsável por 21.471. O alto número de acidentes Botrópicos se dá pela excepcional capacidade de adaptação dessa espécie ao ambiente, com uma extensa distribuição em todo território nacional. (RITA; SISENADO; MACHADO, 2016)
Bothrops é o gênero que compõe as diversas espécies de Jararaca. Das mais de quinze espécies que existem, pode-se diferenciá-las de acordo com o focinho, levantado ou não, e a cor de seu ventre, xadrezado ou claro ou salpicado de escuro. Quando adultas, ocupam desde áreas secas até alagadiças, possuindo assim uma grande capacidade de adaptação a diversos tipos de ambientes (MOREIRA; MORATO, 2014).
Os meses mais chuvosos e quentes são os que concentram a maior quantidade de acidentes envolvendo serpentes. Cobras são encontradas mais facilidade em períodos de temperatura mais elevada devido à variação de sua temperatura corporal conforme o ambiente. Isso ocorre pois durante o inverno, serpentes hibernam, para não ficarem expostas às baixas temperaturas. Sendo Assim, no verão, elas saem para caçar alimentos, e refrescar a temperatura corporal e por esse motivo acabam ocorrendo os acidentes (MOREIRA; MORATO, 2014).
As serpentes gênero Bothrops possuem venenos com propriedades coagulantes, proteolítica e vasculotóxica. A ação coagulante é características também das serpentes dos gêneros Crotalus e Lachesis, tem a função de transformar diretamente o fibrinogênio em fibrina o que torna o sangue incoagulável. A ação proteolítica causa necrose, na ação vasculotóxica a peçonha das serpentes do gênero Bothrops pode causar hemorragia local ou sistêmica em órgãos como rins, pulmões e cérebro (ARRUDA, 2015).
O acidente botrópico geralmente causa alterações locais como dor, edema e equimoses. Nem sempre as marcas deixadas pelas presas são evidentes. Mais tardiamente, bolhas podem surgir e até necrose. Outra complicação acontece quando bactérias que vivem na boca da cobra causam infecção na pele do paciente (ZIPORAH, 2010).
O diagnóstico do acidente ofídico deve ser feito pela identificação da serpente. Caso não seja possível, a equipe deve orientar-se pelo quadro clínico apresentado pelo paciente. O local de inoculação do veneno deve ser limpo com água e sabão, a elevação do membro afetado pouco elevado acima do resto do corpo pode facilitar a diminuição do edema (ARRUDA, 2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme dados apresentados por Ramalho (2014), no Brasil, por ano, ocorrem cerca de cem mil acidentes causados por animais peçonhentos. Sendo que desses acidentes a maior parte são causados por escorpiões 37.495 casos, no entanto, apesar de possuir um número menor de casos, os acidentes causados por serpentes 27.069, possuem uma maior letalidade, sendo superior aos casos de letalidade causados por escorpiões.
O estudo de Matos e Ignotti (2018) apresentou as principais espécies peçonhentas responsáveis pelos acidentes ofídicos no Brasil, a partir de dados coletados no período de 2003 a 2012, o qual apresentou 275.117 casos, sendo a maior parte deles causados pelas serpentes do gênero Bothrops 86,5% dos casos, em seguida vem as do gênero Crotalus com 8,9% e os gêneros Lachesis e Micrurus respectivamente 3,5 e 0,8%.
Os dados do SINAN de 2010, apresentados no estudo de Rita, Sisenado e Machado (2016) apontam que 21.471 casos de acidentes com serpentes foram causados pela espécie do gênero Bothops (Jararaca). Segundo Moreira e Morato (2014), o número de acidentes causado por Bothrops tem relação direta com sua capacidade de adaptação a diferentes ambientes, o que também é evidenciado no estudo de Rita, Sisenado e Machado (2016) que relata que essa espécie habita desde territórios secos até alagados, o que propicia sua ampla distribuição em todo território nacional.
De acordo com Carmo et al. (2016), a prevalência desses acidentes com serpentes se dá em áreas rurais, e principalmente com a população que trabalha no campo dentre as ações que tem causado o aumento desse número de acidentes, o estudo de Rita, Sisenado e Machado (2016), aponta as alterações climáticas, desmatamento, crescimento urbano desordenado, a falta de saneamento básico e a constante invasão de áreas onde são habitat natural dessas espécies.
Além disso, segundo Moreira e Morato (2014) o maior número de casos de acidentes acorre em períodos quentes e chuvosos devido a devido às baixas temperaturas do inverno, serpentes hibernam, para não ficarem expostas às temperaturas baixas. Assim no verão elas saem para se alimentar, e refrescar a temperatura corporal e assim acabam ocorrendo os acidentes
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das análises de diferentes trabalhos relacionados ao tema proposto foi possível chegar a resultados satisfatórios a questão proposta.
Dessa forma, foi possível identificar as características dos acidentes botrópicos no Brasil, além de identificar características da espécie e sua fácil adaptação a diferentes ambientes do território nacional.
E ainda, foi possível conhecer o período de maior incidência de casos de acidentes ofídicos e relacioná-lo a uma característica da espécie, esse fator nos faz refletir e ter mais cautela em determinados períodos como no verão, onde parte da população busca locais mais frescos como regiões de mata e cachoeiras, afim de fugir das altas temperaturas.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, Maria Marilaque Silva de Souza. A sistematização da assistência de enfermagem para ítimas de acidente ofídico. Scielo. Disponível em: <http://repositorio.saolucas.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/1474/Maria%20Marilaque%20Silva%20de%20Souza%20Arruda%20%20A%20sistematiza%E7%E3o%20da%20assist%EAncia%20de%20enfermagem%20para%20v%EDtimas%20de%20acidente%20of%EDdico.pdf?sequence=1>. Acesso em 22 de Setembro 2020.
CARMO, Érica Assunção et al. Internações hospitalares por causas externas envolvendo contato com animais em um hospital geral do interior da Bahia, 2009-2011. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 25, p. 105-114, 2016. Disponível em:< https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222016000100105>. Acesso em 15 de Setembro 2020.
CRUZ, Ziporah Calina Santos. Assistência de enfermagem a pacientes vítimas de acidente ofídico do gênero botrópico investigados no Centro de Medicina Tropical de Rondônia (CEMETRON) no município de Porto Velho/RO. Scielo Disponível em: ZCS Cruz - 2010 - repositorio.saolucas.edu.br. Acesso em 22 de Setembro 2020.
MATOS, Rafael Rodrigues; IGNOTTI, Eliane. Incidência de acidentes ofídicos por gêneros de serpentes nos biomas brasileiros. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 2837-2846, 2020 Disponível em: <https://www.scielosp.org/article/csc/2020.v25n7/2837-2846/pt/>. Acesso em 15 de Setembro 2020.
MOREIRA, João Paulo Lima; MORATO, Rúbia Gomes. Incidência e ocorrência de ataques ofídicos no Brasil em 2012. Simpósio Mineiro de Geografia, v. 1, 2014. Disponível em: <https://www.unifalmg.edu.br/simgeo/system/files/anexos/Jo%C3%A3o%20Paulo%20Lima%20Moreira.pdf>. Acesso em 15 de Setembro 2020.
SANTA RITA, Ticiana; SISENANDO, Herbert Ary; MACHADO, Claudio. Análise epidemiológica dos acidentes ofídicos no município de Teresópolis-RJ no período de 2007 a 2010. Revista Ciência Plural, v. 2, n. 2, p. 28-40, 2016. Disponível em:< https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/view/9639/8402>. Acesso em 15 de Setembro 2020.
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