INTRODUÇÃO
O diabetes é uma desordem do metabolismo energético com dois componentes principais: a hiperglicemia e as complicações vasculares. Sua incidência na população vem crescendo assustadoramente. De um total de 30 milhões de portadores em 1985, a OMS prevê que o mundo chegará em 2025 com 300 milhões de portadores. Existem quatro formas principais de diabetes melito: tipo 1, tipo 2, secundária e gestacional. O tipo II é o mais comum, com cerca de 90% dos casos, seguido pelo tipo I com algo entre 5 e 10% dos casos. Os dois outros tipos são, comparativamente, considerados raros (BAYNES; DOMINICZAK, 2011).
O diabetes tipo I é uma doença autoimune causado pela destruição das células ? pancreáticas. Normalmente se desenvolve até aos 35 anos de idade sendo mais comum surgir por volta dos 12 anos. Acredita-se que pode ser iniciado pela resposta de citocina a alguma infecção. O diabetes tipo II normalmente se desenvolve em pessoas obesas com mais de 40 anos de idade. Ele é provocado por uma combinação de resistência à insulina com diminuição de sua secreção (BAYNES; DOMINICZAK, 2011).
MATERIAL E MÉTODOS
Com abordagem sobre Diabetes Melittus tipo II, através do método dedutivo, por meio da leitura de revisão de artigos científicos e livros médicos. Os artigos foram encontrados na plataforma do Google Acadêmico, utilizando as palavras chaves "DIABETES MELITO II" e "DIABETES MELLITUS II" que direcionou os resultados da pesquisa e para identificar os artigos acerca do assunto, realizou-se busca nas bases de dados eletrônicas PUBMED, SCIELO, entre outras revistas digitais, durante os meses de agosto e setembro de 2020. Como método de pesquisa, os artigos foram selecionados de acordo com a questão direcional: as causas, consequências e tratamento do Diabetes Melito tipo II. Após isso, os artigos foram lidos e, no total, foram utilizados 5 para elaboração do trabalho.
FISIOPATOLOGIA
O diabetes tipo II é uma doença ligada ao excesso de ingestão de calorias e se caracteriza pelo desenvolvimento da resistência à insulina nas células dependentes do transportador de glicose GLUT4, principalmente as células do músculo, do tecido liposo e do fígado. Para compensar, as células ? do pâncreas produzem cada vez mais insulina a fim de manter a regulação da glicose, até que finalmente chegam a exaustão e falham (NELSON; COX, 2010).
O surgimento da resistência à insulina é explicada pela teoria da toxicidade lipídica. Em condições normais os adipócitos estão preparados para sintetizar e armazenar triglicerídeos. Contudo o excesso de ingestão de calórica nos obesos ultrapassa a capacidade dos adipócitos de acumularem triglicerídeos. Assim o tecido adiposo repleto de triglicerídeos libera fatores proteicos que atraem macrófagos que desencadeiam uma resposta inflamatória que prejudica a deposição de ácido graxo nos adipócitos e ainda os liberam para o sangue. Este excesso de triglicerídeos no sangue entra nas células hepáticas e musculares formando gotículas lipídicas. Esta deposição ectópica de triglicerídeos estimula nestas células a resistência à insulina. (NELSON; COX, 2010).
ALTERAÇÃO NO METABOLISMO ENERGÉTICO
No diabetes, a glicólise, glicogênese e a lipogênese estão inibidas pela falta ou resistência à insulina. Enquanto, a glicogenólise, a gliconeogênese, a lipólise e a cetogênese estão estimuladas pelo glucagon. O fígado se torna um órgão produtor de glicose. Como as células não conseguem absorver esta glicose em excesso gerada pelo fígado ocorre a hiperglicemia, mesmo em jejum. Parte desta glicose consegue ser excretada pelos rins. Devido à osmolaridade da glicose, uma grande quantidade de água é excretada junto com ela, o que explica a poliúrica dos diabéticos (BAYNES; DOMINICZAK, 2011).
O excesso de ácido graxo promovido pela lipólise e a incapacidade do Ciclo do Krebs de processar todo o acetil-CoA gerado pela oxidação dos ácidos graxos, uma vez que ele está modulado negativamente pela gliconeogênese (ambos concorrem pelo oxaloacetato), estimula a conversão do acetil-CoA em corpos cetônicos. O excesso de corpos cetônicos no plasma diminui o PH do sangue, a chamada cetoacidose diabética, além de gerar o hálito cetônico relatado nos diabéticos. A cetoacidose é mais comum no Diabetes Melito tipo I e RARAMENTE ocorre na Diabetes Melito tipo II (BAYNES; DOMINICZAK, 2011).
DISFUNÇÕES VASCULARES DO DIABETES MELITO TIPO II
A exposição prolongada dos tecidos vasculares à hiperglicemia provoca anormalidades estruturais e funcionais das artérias pequenas (microangiopatia) e grandes (macroangiopatia). O aumento de radicais livres (estresse oxidativo), a glicação não-enzimática das proteínas com a geração de produtos finais da glicação avançada (AGE) e o aumento da atividade da via poliol são os principais mecanismos causadores das disfunções endoteliais e na aterogênese, que precedem as complicações vasculares dos diabéticos (SILVA; COSTA, 2008).
O corpo se encontra sob estresse oxidativo quando ocorre um desequilíbrio entre os sistemas pró-oxidante e anti-oxidante, o que acarreta a formação de produtos tóxicos ou danosos aos tecidos, chamados radicais livres ou espécie reativa do oxigênio (ERO). Para se proteger dos radicais livres o organismo dispõe de moléculas com propriedades antioxidantes consumidas na dieta e enzimas presentes intra e extracelular como a superóxido dismutase, a catalase e a glutationa peroxidase. Estes mecanismos compensatórios porém estão alterados pelo excesso de radicais livres gerados pelos produtos finais de glicosilação avançado (AGE) (BAYNES; DOMINICZAK, 2011).
O aumento da glicose no sangue favorece a glicação não enzimática das proteínas, que é a fixação da glicose nas proteínas através da sua ligação com o grupo amino terminal das proteínas, sendo a valina e a lisina os sítios primários desta ligação. Lipídeos também sofrem glicação. Normalmente as glicações são reversíveis, e na sua produção são geradas espécies reativas do oxigênio (ERO) que levam ao estresse oxidativo. Produtos glicados podem sofrer rearranjos moleculares produzindo produtos finais da glicação avançada (AGEs), que são irreversíveis. A glicação no colágeno e em outras proteínas da parede dos vasos evolui para rearranjos químicos que formam AGE. A formação de AGE no colágeno das paredes vasculares causa ligações cruzadas na membrana dos mesmos e aprisionam as proteínas plasmáticas ou intersticiais não glicadas. O aprisionamento do LDL nos vasos calibrosos retarda seu efluxo a partir da parede vascular e acelera a deposição de colesterol levando a aterogênese. A membrana basal glicada dos capilares causa a fixação da albumina aumentando sua espessura, característica da microangiopatia diabética (SILVA; COSTA, 2008).
Com o excesso de glicose no plasma, uma parte pode sofrer uma redução enzimática se transformando em sorbitol e depois em frutose. Acontece que estes produtos aumentam a osmolaridade do meio em que se encontram. Problema maior acontece em células insulina-independentes (neurônio, cristalino, retina, célula de Schwann do nervo periférico, rim e endotélio do vaso sanguíneo) que estão repletas de glicose. A formação de frutose e sorbitol no seu interior aumentam significantemente a osmolaridade causando o influxo de água com conseqüências funcionais gravíssimas para a homeostase destas células. No cristalino o influxo de água provoca tumefação e opacidade. Este mecanismo pode também causar a lesão nos pericitos dos capilares retinianos que junto da diminuição da produção prostaciclina leva a retinopatia diabética que pode evoluir para a cegueira. Nos neurônios a acumulo de sorbitol pode levar a diminuição do potencial elétrico na membrana neuronal com diminuição da transmissão de impulsos nervosos (SILVA; COSTA, 2008).
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
Na atualidade, é comum o uso da metformina, que possui a capacidade de diminuir a glicemia e também é o principal fármaco no tratamento da Diabetes Melito tipo II (HASAN et al., 2014). Essa droga diminuí a liberação hepática da glicose e consegue ampliar o seu alcance aos tecidos periféricos (FAIN et al., 2006; CHAI et al., 2012). O seu mecanismo de ação começa no adipócito, ela interrompe a lipólise e a disponibilidade dos ácidos graxos livres. Depois, amplia a quantidade e aperfeiçoa a afinidade dos receptores de insulina no adipócito e músculos. Além disso, a metformina amplifica o funcionamento da tirosinaquinase do receptor de insulina, assim incita a translocação do GLUT4 e o mecanismo glicogênio-sintetase (SANTOS et al., 1995).
Já, os inibidores da Alfa-glicosidase, são responsáveis pela redução da absorção intestinal de glicose, pelo fato de impossibilitarem a decomposição dos carboidratos mais complexos no aparelho gastrointestinal (KAHN et al., 2014). O seu mecanismo de ação se inicia através de uma desagregação hidrolítica de ligações ? ou ?-glicosídicas realizadas pelas glicosidases, assim ocorre a junção de dois açúcares em um átomo de O2, que dá origem à partículas monossacarídicas de carboidratos oriundos dos oligossarídeos e polissacarídeos da alimentação (MELO et al., 2006; FERREIRA et al., 2010). O tratamento com esse medicamento é uma ótima opção para indivíduos com diabetes tipo II em estado grave, pelo fato dele não depender da secreção da insulina pelo pâncreas.
Enquanto as tiazolidinedionas detêm o papel de atuar na sensibilização da ação da insulina no fígado, músculos e adipócitos, assim contribuindo para a redução da resistência periférica. O seu mecanismo de ação consiste na ativação dos receptores nucleares intracelulares (PPAR-g), os quais participam da expressão dos genes envolvidos no comprometimento do metabolismo glicídico e lipídico, adipogênese e no mecanismo inflamatório. Na região promotora, as proteínas PPAR?, PPAR e PPAR
COMISSÃO ORGANIZADORA E CIENTÍFICA
FACULDADE METROPOLITANA SÃO CARLOS
Avenida Governador Roberto Silveira, nº 910
Bom Jesus do Itabapoana-RJ CEP: 28.360-000
Site: www.famescbji.edu.br
Telefone: (22) 3831-5001
O conteúdo de cada trabalho é de responsabilidade exclusiva dos autores.
A reprodução dos textos é autorizada mediante citação da fonte.