ANFETAMINAS E SEUS EFEITOS COLATERAIS
DAHER, Hugo Orçai
Graduando do Curso de Medicina da Faculdade Metropolitana de São Carlos
(FAMESC) – Unidade Bom Jesus do Itabapoana – RJ
hugo.daher@hotmail.com
GADELHA, Tulio Atta
Graduando do Curso de Medicina da Faculdade Metropolitana de São Carlos
(FAMESC) – Unidade Bom Jesus do Itabapoana – RJ
tulio_atta@hotmail.com
RODRIGUES, Nathan Lucas Franquilim
Graduando do Curso de Medicina da Faculdade Metropolitana de São Carlos
(FAMESC) – Unidade Bom Jesus do Itabapoana – RJ
nathanlucasfr@gmail.com
ISTOE, Carolina Crespo
Doutoranda do Programa de Ciências Aplicadas à Produtos da Saúde da Universidade Federal Fluminense (UFF)
carolcistoe@yahoo.com.br
MANGIAVACCHI, Bianca Magnelli
Doutora em Biociências e Biotecnologia pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
bmagnelli@gmail.com
INTRODUÇÃO
O presente trabalho acadêmico tem como objetivo discorrer acerca das drogas estimulantes que atuam no sistema nervoso central, as anfetaminas, as quais tem a função de aumentar a capacidade física e psicológica de seus usuários. Contudo, como é um fármaco traz também diversos efeitos adversos, e com a sua produção e alteração de moléculas acabam sendo desviados do seu principal utilitário, qual seja, de curar pacientes que apresentam alguma patologia. As anfetaminas a muito tempo estão sendo usadas como uma droga de recreações, para emagrecer e para ter maior concentração para estudantes.
As anfetaminas foram desenvolvidas inicialmente para uso em tratamentos com pacientes portadores de narcolepsia, transtorno de déficit de atenção e obesidade, entretanto, há um comercio ilegal que atua para a fabricação e comercialização das anfetaminas com o intuito de promover sensações prazerosas e de euforias em quem as usa em festas como raves. Tanto no uso terapêutico como no uso sem intervenção médica profissional, há efeitos colaterais dos usuários, porém, durante um uso irresponsável os efeitos a curto e ao longo prazo são mais acentuados, chegando ao limite da vida humana, provocando a morte. (MARCON et al.,2010).
Ao longo da análise do tema, utilizou-se o método indutivo, com o intuído de expor uma pesquisa de cunho explicativo, auxiliado por técnicas de revisão de literatura no campo da saúde. Para a elaboração deste trabalho foram utilizados como referências diversos trabalhos acadêmicos já finalizados disponíveis em plataformas digitais datados entre 2007 e 2020.
A sociedade atual vive uma profunda transformação principalmente no que concerne no campo das tecnologias e no progresso médico, porém isso traz riscos para a população, com isso as pessoas têm maiores acesso a informações e manipulam substancias que elas não têm sequer o conhecimento básico para tal feito. Por outro lado, se utilizam de substancias que não são próprias para elas, pois não apresentam qualquer mal para aquele fármaco. Neste sentido Marcon Et al. (2012, p. 248) “o uso abusivo de medicamentos na atualidade parece ser um dos traços significativos de nossa cultura ocidental, na qual impera a convicção de que o mal-estar, bem como o sofrimento de todo gênero, deve ser abolido a qualquer preço”.
São diversas as drogas que criam esta sensação de prazer e euforia momentânea, entre elas estão a cocaína e as anfetaminas. Como bem explica Esposti (2017, online) “as anfetaminas são drogas estimulantes, ou seja, estimulam o sistema nervoso central, provocando aumento das capacidades físicas e psíquicas”. Em complemento, ensina Teixeira:
A primeira anfetamina foi sintetizada por volta de 1887, entretanto, seus efeitos terapêuticos só foram descobertos no final da década 1920. Nesse período a anfetamina foi utilizada no tratamento da hipotensão, obesidade, narcolepsia e síndrome de hiperatividade em crianças. A partir de 1937 esta substância passou a ser comercializada como controlada, o que se deu em razão de suas propriedades estimulantes e reforçadoras (OGA et al, 2003 apud TEIXEIRA, 2011, p. 11).
Anos mais tarde ao seu surgimento a droga anfetamina fora recomendada para medicar casos de asmas, os quais serviam para abrandar a fadiga e aumentar a passagens dos brônquios. A primeira comercialização farmacêutica foi na França, em 1932, vendido em forma de pó para inalação nasal e teve o nome de “Benzedrine”. Depois com a evolução da indústria farmacêutica este medicamento passou a ser fornecido em forma de pílula e fora vendido mais de 50 milhões logo nos três anos que entrou no mercado, foi listado 39 usos de clínicos para a anfetamina até 1946 (ESPOSTI, 2017).
No Brasil hoje, as anfetaminas são proibidas sem a prescrição medica devido ao seu uso irresponsável que perdurou por muitos anos. Relata Teixeira (2011, p. 09) “como droga de abuso, está presente em diversos segmentos da sociedade, como por exemplo, estudantes, meninos de rua, atletas e caminhoneiros”. As anfetaminas são da classe das feniletilaminas o qual há uma substituição de moléculas de metila na composição do carbono. Marcon et al. (2012, p. 249) reza que “diversas substituições na estrutura química da feniletilamina foram realizadas, gerando outros fármacos com propriedades anorexígenas como o femproporex e o clobenzorex”.
Como demonstra a formula estrutural abaixo:
Figura1 – formula química estrutural das anfetaminas
Fonte: (pt.dreamstime.com, 2011, online).
Essas substâncias são simpatomiméticas e tem sua ação principal no sistema nervoso central, quando agem a dopamina nos intraneurais, além de promover a liberação de diversos neurotransmissores, tais como a serotonina e noradrenalina. Sintetiza Marcon Et al. (2012, p. 245) “O complexo mecanismo de ação das anfetaminas envolve outros efeitos que podem afetar os níveis extracelulares de catecolaminas, incluindo inibição da recaptação, efeito na exocitose, síntese e metabolismo de neurotransmissores “. Bessa Et al. (2012, p. 03) “ No Brasil, a anfetamina mais famosa e também a mais utilizada é a 3,4-metilenedioxi-metanfetamina, também conhecia como MDMA ou ecstasy, ela é uma metanfetamina ilegal que foi inicialmente identificada em posse de pessoas que frequentam festas, conhecidas como raves”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As anfetaminas são usadas terapeuticamente no tratamento de algumas patologias segundo Sousa (2015, p. 37) “preconizada no TDAH e na narcolepsia é a utilização do MTF na maioria dos casos. Como parte de um programa amplo de tratamento, que envolve medidas psicológicas, educacionais e sociais”. As intervenções farmacológicas no transtorno do déficit de atenção com hiperatividade agem no sentido de melhorar o paciente com a concentração e a hiperatividade. Já no tratamento de narcolepsia, ajudando ao paciente na fragmentação do seu sono. (CIPRIANO, 2018)
Tanto o uso terapêutico como o uso recreativo das anfetaminas acarretam em efeitos colaterais, uns mais sérios que o outro dependendo da dose e do usuário. Cipriano (2018, p. 21) diz que “os efeitos fisiológicos das Anfetaminas se assemelham aos da cocaína, ambas as substâncias produzem um estado eufórico e um estado de alerta aumentado”. Assim, tanto a anfetaminas e seus derivados compostos apresentam diversos efeitos adversos que impactam no sistema nervoso central, no cérebro e corpo do usuário desta substância.
A anfetamina aumenta a pressão de pulso por sua atividade nos receptores alfa e beta adrenérgicos e produz elevação das pressões arteriais sistólica e diastólica. A frequência cardíaca geralmente é diminuída por via reflexa, todavia o debito cardíaco não é alterado em doses terapêuticas, bem como não e notável grande alteração no fluxo sanguíneo cerebral. Em doses altas a substância pode provocar arritmias cardíacas (FREITAS, 2000 apud TEIXEIRA, 2011, p. 12).
No que tange aos efeitos colaterais das substancias simpatomiméticas, explica Silva:
Elas podem causar efeitos cardiovasculares graves, aumentando as pressões diastólica e sistólica, além de reduzir reflexamente a frequência cardíaca. Com altas doses, podem surgir outros efeitos, como taquicardias e arritmias, tornando-as um grande perigo para usuários com histórico de hipertensão e doenças cardíacas. Essas substancias ativam o sistema adrenal causando hipertermia periférica e produzem hipotermia de origem central mediada pela atividade do hipotálamo anterior. Há um eleveção da atividade locomotora resultante do sistema dopaminérgico mesolímbico e também surgem efeitos comportamentais estereotípicos como: ranger os dentes, fungar, morder, movimentos das pernas e cabeça. Dependendo do ambiente, da dose, e do indivíduo essa droga pode provocar respostas de fuga ou de defesa e até aumento da agressividade. (SILVA, 2002 apud Marcon Et al. 2012, p. 255).
Os efeitos podem variar com o tempo de uso e as quantidades de doses da anfetamina, apresentando também dilatação excessiva das pupilas, palidez, além de causarem insônia e perda de apetite e em um grau agudo do uso é liberado dopamina, noradrenalina e serotonina em excesso e se alojam no espaço na matriz extracelular. Os efeitos em curto prazo são a agitação psicomotora, aumento da temperatura corpórea, ansiedade, paranoias, espasmos, alegria momentânea insônia e outros (CIPRIANO, 2018).
No que concerne ao uso abusivo da droga os seus efeitos são ainda mais alarmantes, como explica Teixeira (2011, p. 09) “a toxicidade resulta da exacerbação das propriedades farmacológicas destas substâncias e está associada a manifestações principalmente ao Sistema Nervoso Central e ao sistema cardiovascular”. Em alguns usuários o uso indevido e em escala maior da droga pode levar a miocardite, segundo Marcon Et al. (2012, p. 255) “complicações vasculares incluem vasoespasmos, edema, necrose, dores e parestesia. A estimulação excessiva do coração pode causar hipertensão, arritmia, colapso cardiovascular e morte súbita”. O uso continuo da anfetamina pode degenerar as células cerebrais de forma irreversíveis.
Outros efeitos a longo prazo conhecidos desta substancia os distúrbios fisiológicos e comportamentais, mudanças repentinas de humor, depressão, bipolaridade, instabilidade emocional, redução do apititive, doenças mentais, ulceras, coma, chegando até a morte (CIPRIANO, 2018). O uso sem prescrição médica pode resultar em efeitos colaterais gravíssimos, muitos sem reparo, como demonstra Cipriano (2018, p. 22) “leva a uma gama enorme de sintomas que vão desde contrações musculares involuntárias, psicoses agudas até choques cardiogênicos, hemorragia cerebral, colapsos circulatórios e em casos mais graves a morte”.
CONSIDERAÇÕE FINAIS
Neste presente resumo buscou-se analisar a anfetamina em seu aspecto histórico, com o seu surgimento e proliferação pelo mundo e pelo Brasil, também foi traçado a estrutura química da anfetamina, e como se dá a sua composição. A partir destes dados foi elaborado um estudo a respeito dos efeitos no seu uso terapêutico, legal e prescrito por um profissional qualificado na área da saúde, e seus efeitos no uso recreativo, instrumental e crônico ou para outros fins não prescritos por um médico, como é o caso de emagrecimentos.
Pode-se observar que as anfetaminas têm uma importância vital para os usuários que precisam deste fármaco, para a manutenção de sua saúde, tanto física quanto mental, visto que esta substancia ajuda no tratamento de diversas patologias como o transtorno do déficit de atenção, o que apresenta uma melhora significativa, principalmente em crianças. Contudo nota-se que seu objetivo vem sendo ceifado e tornando-se uma droga para diversão e prazer, mas seus efeitos colaterais são devastadores no corpo e na mente de quem usa.
Desta forma, os usuários de anfetaminas estão sujeitos a diversos tipos de efeitos adversos, haja vista esta substancia implicar diretamente no sistema nervoso central, modificando o comportamento de quem usa. Os efeitos são a euforia, a sensação de poder devido a capacidade corporal aumentada, contudo os efeitos colaterais são preocupantes, uma vez que pode levar até mesmo a morte do usuário, dependendo da quantidade de anfetaminas e o modo como ela é ingerida. Destarte é um problema de saúde pública que deve ser melhor regulado e estudado para que não aumente ainda mais os casos de morte por esta droga.
REFERÊNCIAS
MARCON, C., SILVA, L. A. M., MORAES, C. M. B., MARTINS, J. S. CARPES. A. D. Uso de anfetaminas e substâncias relacionadas na sociedade contemporânea. Disciplinarum Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 13, n. 2, p. 247-263, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumS/article/viewFile/1018/963. Acesso em: 19 set, 2020.
CIPRIANO, P. A. D. Fenetilaminas: de drogas de abuso ao uso medicinal – síntese, propriedades farmacológicas e toxicológicas. Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado no 1º semestre do ano de 2018 ao Curso de Química, Grau Acadêmico Bacharelado, da Universidade Federal de São João del-Rei. Disponível em: https://ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/coqui/TCC/TCC%20Paulo%20A%20Cipriano%20(Versao%20apos%20a%20Defesa).pdf. Acesso em: 06 set, 2020.
ESPOSTI, H. C. O uso abusivo de anfetaminas por estudantes universitários. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 04. Ano 02, Vol. 01. pp 05-14, Julho de 2017. ISSN:2448-0959. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/uso-de-anfetaminas-universitarios. Acesso em: 04 set, 2020.
SOUSA, D. V. ANFETAMINAS: Efeitos, mecanismo de ação, usos clínicos e de abuso. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de bacharelado em farmácia, da universidade Federal de Campina Grande, 2015. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/bitstream/riufcg/9059/1/DANILO%20VALENTIM%20SOUSA%20-%20TCC%20FARM%C3%81CIA%20%202015.pdf. Acesso em: 04 set, 2020.
TEIXEIRA, E. B. Análise da incidência do uso de anfetaminas por motoristas do litoral norte gaúcho. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, 2011. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/711/1/Edson%20Bobsin%20Teixeira.pdf. Acesso em: 04 set, 2020.
DREAMSTIME. Fórmula Estrutural Da Anfetamina Ilustração do Vetor - Ilustração de anfetamina, estrutural: 22297199. Disponível em: <https://pt.dreamstime.com/imagens-de-stock-royalty-free-fórmula-estrutural-da-anfetamina-image22297199>. Acesso em: 19 set. 2020.
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