USO OFF LABEL DE MEDICAMENTOS NO TRATAMENTO DA INSÔNIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA.

  • Autor
  • Lidiane Silva
  • Co-autores
  • Milena Castro , Luiza Guimarães , Bianca Magnelli MANGIAVACCHI , Carolina Crespo Istoe
  • Resumo
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    USO OFF LABEL DE MEDICAMENTOS NO TRATAMENTO DA INSÔNIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA.

     

    SILVA, Lidiane

    Graduanda do curso de Medicina da Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC)

    lidianepsique@gmail.com

     

    CASTRO, Milena

    Graduanda do curso de Medicina da Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC)

    milenacastro3700@gmail.com

     

    GUIMARÃES, Luiza

    Graduanda do curso de Medicina da Faculdade Metropolitana São Carlos (FAMESC)

             luizaguimaraes9309@gmail.com

     

    ISTOE, Carolina

    Doutoranda do Programa de Ciencias Aplicadas a Produtos da Saúde da Universidade Federal Fluminense

                      carolcistoe@yahoo.com.br

     

    MANGIAVACCHI, Bianca Magnelli

    Doutora em Biociencias e Biotecnologia pela universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)

                             bmagnelli@gmail.com

     

     

    INTRODUÇÃO

     

    A insônia é o transtorno do sono de maior incidência, sendo comumente encontrada na prática clínica médica, como um sintoma ou uma comorbidade. A insônia é definida como sendo uma percepção subjetiva de dificuldade em iniciar o sono, mantê-lo, consolidá-lo, ou ainda sono de má qualidade, que ocorre a despeito de condição e oportunidade adequada para que o mesmo se realize, e que resulta em algum prejuízo diurno. A insônia pode se apresentar por variedade de queixas e etiologias, demandando consideráveis esforços e tempo na sua avaliação e tratamento (SILBER, 2005).

    Por isso, o uso de medicamentos para tratar esta desordem do sono tem aumentado consideravelmente, e são os mais variados tipos, desde remédios naturais como manipulados, chá e ou ervas medicinais, remédios fitoterápicos, e medicação com prescrição controlada, além das medicações off-label, o qual este estudo pretende abordar, de forma relevante. O objetivo deste resumo expandido é associar o uso de medicamentos off-label no tratamento da insônia e demonstrar de que forma a associação desses fármacos atua em nível de mecanismo de ação, efeitos desejáveis e adversos, além de consequências na saúde do paciente.

     

     

    MATERIAL E MÉTODOS

     

    Trata-se de um resumo expandido o qual abordará o uso off label de medicamentos para o tratamento da insônia. Foi utilizado como fonte de pesquisa para análises e estudo bibliográfico, e sites como SCIELO, ministério da saúde, além de Revistas psiquiátricas e brasileiras. Considerando a riqueza de informações disponíveis sobre o tema referente a esse trabalho, esse estudo faz uma revisão de literatura sobre o assunto, com o objetivo de conhecer aspectos, indicações, ações e efeitos adversos relacionados ao uso dessas medicações, além de fazer uma comparação entre as substâncias relacionadas.

     

    DESENVOLVIMENTO

               

                Para um eficaz tratamento da insônia, cabe ressaltar a importância de interligar medidas farmacológicas e não farmacológicas. Dentre as medidas não farmacológicas, a terapia cognitiva e comportamental e a higienização do sono possuem relevância como recurso terapêutico, estabelecendo-se necessário tais tratamentos associativos e ou multifatoriais. (POYARES; et al, 2003). A higiene do sono envolve diversas medidas que orientam uma boa qualidade do sono, como horário certo para dormir, refeições adequadas, temperatura, ingesta de cafeína e álcool, entre outras (ORLANDI; et al, 2012). Já a terapia cognitiva e comportamental possui como foco a mudança de situações e pensamentos. (POYARES; et al, 2003).

                O tratamento medicamentoso para a insônia envolve diversas classes de medicamentos, contudo, o uso da melatonina é amplamente estudado e aplicado. A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal, e sua síntese está relacionada com impulsos claro-escuro, recebidos pela retina. Esses impulsos alcançam regiões do hipotálamo, que são responsáveis por gerar o ritmo circadiano. A síntese ocorre após a excitação de receptores alfa e beta noradrenérgicos (localizados na glândula pineal, nos pinealócitos) (POYARES; et al, 2003).

    Fisiologicamente, os níveis de melatonina no organismo são reduzidos ao longo do dia e aumentados durante a noite. No tratamento farmacológico, sua administração pode ser feita três horas antes do horário de se deitar, com o objetivo de retardar o início do sono. No entanto, o mecanismo pelo qual a melatonina realiza sua atividade hipnoindutora não é bem esclarecido. Segundo a Revista Brasileira de Psiquiatria (2005), um estudo demonstrou que a melatonina mantém o sono mais consolidado, porém sempre deve ser levado em consideração o horário e a dose administrada (POYARES; et al, 2005).

                Substâncias como os fitoterápicos também podem ser usadas no tratamento da insônia embora ainda não existam muitos dados na literatura. Alguns estudos demonstram que in vitro, o ácido valerênico e a camomila podem aumentar a transmissão gabaérgica e a diminuição da latência do sono. Uma vantagem dessa terapia é o baixo índice de reações adversas (POYARES; et al, 2005).

                Alguns medicamentos são usados de forma off label para o tratamento da insônia. Off label (não rotulado) refere-se ao uso de um medicamento com indicação diferente da autorizada pela agência reguladora de medicamentos do país, ou seja, sem base científica suficiente (PAULA; et al, 2011). Dentre os fármacos utilizados como terapêutica desse distúrbio do sono, estão os benzodiazepínicos, antidepressivos, anti-histamínicos e antipsicóticos. (POYARES; et al, 2003)

     

     

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

     

                Os benzodiazepínicos (BZDs) fazem parte da classe de medicamentos para tratamento sintomático da ansiedade, além de possuírem propriedades anticonvulsivantes, miorrelaxantes, hipnóticas e sedativas. Esses fármacos são agonistas dos receptores GABA-A (inibidor neurossináptico do sistema nervoso central), são absorvidos do trato gastrointestinal e atingem rapidamente o receptor benzodiazepina.  Apresentam diferentes tempos de meia-vida, de absorção e tempo de eliminação (POYARES; et al, 2003). Devido ao seu efeito sedativo e relaxante, são comumente usados de maneira off label como recurso terapêutico para insônia (BRASIL, 2013).

                Em virtude do consumo exagerado de BZDs no Brasil, o uso contínuo dessa droga pode provocar a longo prazo tolerância (necessidade de doses cada vez maiores para manter os efeitos) e dependência. Por esse motivo, o uso crônico de benzodiazepínicos representa abuso de medicação, por conseguinte, gerando riscos para a saúde do indivíduo no tratamento desse distúrbio do sono, como sedação residual diurna, comprometimento da memória, quedas e insônia rebote. Desse modo, a prescrição dos BZDs deve ser realizada e de forma cautelosa para que não ocorram efeitos adversos e a qualidade do sono seja melhorada (BACELAR; PINTO JR, 2013).

                O zolpidem (hipnótico) têm sido uma droga de referência no tratamento da insônia já que é geralmente bem tolerado e existem poucos relatos de dependência com o uso prolongado. (POYARES; et al, 2005). Por possuir um perfil farmacológico de maior seletividade ao efeito hipnótico, os efeitos adversos relacionados ao uso desse medicamento são muito menores quando comparados ao uso dos BZDs. Ele é absorvido no trato gastrointestinal e tem eliminação renal; produz baixa quantidade de efeito residual, além de melhorar a continuidade do sono, sendo então uma boa droga para intervenção (POYARES; et al, 2003).

    Alguns antidepressivos sedativos também têm sido propostos para o tratamento de distúrbios do sono, embora não existam evidências científicas comprovadas para a eficácia. Geralmente os mais prescritos são a trazodona, nefazodona e alguns antidepressivos tricíclicos como imipramina, amitriptilina e mirtazapina (SILVA; et al, 2017).

    Possuem diferentes mecanismos de ação, dentre eles, inibição da receptação de serotonina, aumento da norepinefrina, ativação de receptores excitatórios e dessensibilização de receptores D2 (dopaminérgicos); todos possuem efeito sedativo e hipnótico (POYARES; et al, 2003). Os efeitos adversos são muito variáveis, porém um importante é a diminuição do sono REM em decorrência do aumento da noradrenalina (POYARES; et al, 2005).

    Medicações antipsicóticas são importantes aliadas ao tratamento da insônia quando esta está relacionada a transtornos psiquiátricos, embora não sejam de primeira escolha. Como exemplo temos a olanzapina, clorpromazina, tioridazina, clozapina e haloperidol. Geralmente esse tipo de tratamento é indicado quando o paciente possui insônia severa ou ameaça de dependência a BZPs. Essas drogas possuem uma gama de efeitos colaterais, logo, por esse motivo deve haver uma avaliação muito cuidadosa de riscos e benefícios ao prescreve-las (POYARES; et al, 2005).

    Como off label para o tratamento de distúrbios do sono, podemos citar as medicações anti-histamínicas, que geralmente são bem toleradas e induzem a sonolência a partir do bloqueio do receptor H1 e através da ação anticolinérgica. O mecanismo de ação é variável, podendo ou não atravessar a barreira hemato-encefálica. Em geral, são seguras e o seu efeito colateral (sedação e hipnose) justifica seu uso na insônia (POYARES; et al, 2003). Um exemplo desse medicamento é a difenidramina, que diminui o período de latência do sono, além de possuir vantagens às outras classes de medicamentos citadas anteriormente devido ao baixo risco de efeitos adversos (GOMES; et al, 2010).

     

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

     

                O tratamento da insônia consiste no diagnóstico correto, para que as medidas como intervenção de tratamento psicológico e tratamento com medicações off-label podem ser prescritas por médicos generalistas e ou especialistas, para que haja uma intervenção eficaz e melhora no quadro deste transtorno, o tratamento também consiste com orientações ao insone para que o mesmo, reconheça seus sintomas e os seus hábitos diários para que possa haver mudanças fundamentais para a melhora da insônia e obtenção de um sono de qualidade e reparador.

                Outras pesquisas poderiam ser desenvolvidas com este mesmo contexto, para tentar avaliar até que ponto uma insônia é somente fisiológica ou psicológica, além dos impactos de uma pandemia no ciclo de sono vigília, e demais tratamentos medicamentosos com menos efeitos colaterais e mais resultados promissores.

     

     

     

    REFERÊNCIAS

     

                BARCELAR, A; PINTO JR; Associação Brasileira do Sono. Insônia do diagnóstico ao tratamento. III Consenso Brasileiro de Insônia, São Paulo, Omnifarma Ltda, 2013.

     

    BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde mental, Brasília, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, 32). Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_34.pdf>. Acesso em: 09 de set. 2020.

     

    GOMES, Marleide da Mata; et al. Neurofisiologia do sono e aspectos farmacoterapêuticos dos seus transtornos. In: Ver Bras Neurol, v.46, n.1, p.5-15, 2010. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/0101-8469/2010/v46n1/a003.pdf>. Acesso em: 10 de set. 2020.

     

    ORLANDI, Aline; et al. Melhora da dor, do cansaço e da qualidade subjetiva do sono por meio de orientações de higiene do sono em pacientes com fibromialgia. In: Rev Bras Reumatol, v. 52, n. 5, São Paulo, setembro-outubro, 2012. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S048250042012000500003&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 10 de set. 2020.

     

    PAULA, Cristiane da Silva; et al. Medicamento e o uso off label. In: Visão Acadêmica, v.12, n.2, Curitiba, julho-dezembro, 2011. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/academica/article/view/25221/18181>. Acesso em: 10 de set. 2020.

     

    POYARES, Dalva; et al. I Consenso Brasileiro de Insônia. In: Hypnos revista de sono, 2003. Disponivel em: <http://jararaca.ufsm.br/websites/lan/download/Consensos/insonia.pdf>. Acesso em: 10 de set. 2020.

     

    POYARES, Dalva; et al. Hipnoindutores e insônia. In: Brazilian Journal of Psychiatry, v. 27, p.2-7, 2005. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rbp/v27s1/24469.pdf>. Acesso em: 10 de set. 2020.

     

     

    SILBER, Michael H. Chronic insomnia. In: The New England Journal of Medicine, v.353, n. 8, p. 803-810, 2005. Disponível em: <https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMcp043762>. Acesso em: 10 de set. 2020.

     

    SILVA, Beatriz Gallo; et al. Interferentes cronobiológicos do tratamento da insônia. In: Revista Uningá Review, v .29, n. 3, p.103-107, janeiro-março, 2017. Disponível em: <http://34.233.57.254/index.php/uningareviews/article/view/1988/1583>. Acesso em: 10 de set. 2020.

     

     

    FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. Normas para apresentação de monografia. 3. ed. Escola de Administração de Empresas de São Paulo, Biblioteca Karl A. Boedecker. São Paulo: FGV-EAESP, 2003. 95 p. (normasbib.pdf, 462kb). Disponível em: <www.fgvsp.br/biblioteca>. Acesso em: 23 set. 2004.

     

    IENH. Manual de normas de ABNT. Disponível em: <www.ienh.com.br>. Acesso em: 23 set. 2004.

     

    OLIVEIRA, N. M.; ESPINDOLA, C. R. Trabalhos acadêmicos: recomendações práticas. São Paulo: CEETPS, 2003.

     

    PÁDUA, E. M. M. de. Metodologia científica: abordagem teórico-prática. 10. ed. ver. atual. Campinas, SP: Papirus, 2004.

     

     

  • Palavras-chave
  • insonia; off label; medicamentos
  • Modalidade
  • Vídeos
  • Área Temática
  • Ciências da Saúde
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Essa publicação reúne as produções científicas de discentes, docentes e pesquisadores dos cursos de graduação da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, unidade de Bom Jesus do Itabapoana-RJ, participantes da V Expociência Universitária do Noroeste Fluminense, com a temática: Os impactos da pandemia nas relações sociais, jurídicas e de saúde, realizada entre 21 e 23 de outubro de 2020.

Em sua 5º edição, o evento se destina, fundamentalmente, o propósito de se criar, na Instituição, um lugar de intercâmbio científico e cultural entre os pares, privilegiando-se uma discussão sobre as teorias interdisciplinares que ganham expressão no debate acadêmico contemporâneo.

Nessa edição os trabalhos apresentados envolvem àreas das Ciências Humanas e Sociais, Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Exatas e Estudos Interdisciplinares. Tal fator resultou na apresentação de 204 (duzentos e quatro) trabalhos de pesquisa apresentados a seguir. Acreditamos que a discussão ampliada, que inclua os diversos atores envolvidos nas diversas áreas, e, entendendo que existe uma abordagem interdisciplinar, esperamos contribuir para o fomento do saber acadêmico científico, viabilizando um espaço à divulgação de resultados de pesquisas relevantes para a formação do licenciando, bacharel, e do pesquisador da área e de áreas afins.

Por outro lado, queremos destacar que foi imprescindível a atuação coletiva na organização deste evento, que contou com a participação do corpo diretivo, das coordenações de curso, docentes e discentes. Sem o interesse de todos, a dedicação e a responsabilidade principalmente dos funcionários técnicos administrativos envolvidos, não seriam atingidas a forma e a qualidade necessárias ao sucesso da atividade. 

A Expociência representa um espaço significativo e verdadeiro de troca de experiências e de oportunidade de conhecer a produção científica de forma interdisciplinar e coletiva.

Boa leitura a todos!

 

 

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