DIETA HIPERPROTEICA E SEUS ASPECTOS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS NO CORPO HUMANO.
VINÍCIUS CHAGAS MADUREIRA
Acadêmico Medicina
Faculdade Metropolitana São Carlos
viniciuscm@hotmail.com
PHILLIPPE MARTINS PACHECO DE ALMEIDA
Acadêmico Medicina
Faculdade Metropolitana São Carlos
phillippep@hotmail.com
SAULO DE FREITAS FALCÃO
Acadêmico Medicina
Faculdade Metropolitana São Carlos
saulofalcao@hotmail.com
ISTOE, Carolina Crespo
Professora da disciplina de Farmacologia e Bioquímica Aplicada da Faculdade Metropolitana São Carlos - FAMESC
carolcistoe@yahoo.com.br
ANDRADE, Claudia Caixeta F.
Professora da disciplina de Bioquímica Aplicada da Faculdade Metropolitana São Carlos - FAMESC
claudiacfa@yahoo.com.br
A palavra Dieta vem do latim e significa ‘’modo de vida’’ e constitui o conjunto de alimentos e bebidas ingeridos. Essa pode ser modificada e adaptada de acordo com o objetivo e com a necessidade de cada indivíduo. A dieta hiperproteica (possui proteína em maior proporção), tem seus benefícios constantemente abordados no dia a dia, devido à popularização do treino de força para hipertrofia e o consumo da proteína do soro do leite. Dessa forma, são exemplos desses benefícios: diminuição do aporte calórico e consequente perda de peso, redução do nível sérico de lipídeos, entre outros.
No entanto, pouco se sabe sobre os seus malefícios em pessoas saudáveis em consequência da limitação dos estudos. Com isso, foi observado em estudos recentes, que a ingesta de proteína animal, em excesso, em decorrência dos sulfetos constituintes dos aminoácidos, devido ao seu teor ácido, ocasiona uma acidose metabólica, que poderia comprometer a saúde renal à longo prazo.
Desse fator foi corroborado por estudos realizados em homens adultos saudáveis, que após vários meses de uma dieta hiperproteica, sofreram aumento na taxa de filtração glomerular, aumento dos níveis plasmáticos de ureia, ácido úrico e glucagon, além disso, níveis aumentados de proteínas, albumina e ureia na urina. Entretanto, apesar desses mecanismos serem apontados como patológicos alguns autores acreditam, que essa hiperplasia renal seria um mecanismo adaptativo normal em decorrência de uma resposta fisiológica.
Porém, o treino de força associado a dieta hiperproteica, reduz a inflamação renal, segundo evidências, além de melhorar os níveis plasmáticos de albumina e a filtração glomerular. Esses fatores foram observados em estudos feitos em pessoas, que tiveram os níveis de gordura hepática diminuída, além disso, em ratos obesos houve redução do estresse do retículo endoplasmático e diminuição da resistência à insulina no tecido adiposo e hepático, mesmo sem haver perda de peso em paralelo.
Para a realização desse resumo expandido, foram coletadas informações de artigos disponíveis no scielo, pubmed e medline. Assim, a pesquisa foi realizada com caráter exploratório, no intuito de colher as melhores evidências cientificas sobre o nosso tema, dieta hiperproteíca.
O QUE É A DIETA HIPERPROTEICA?
Sabe-se que a chamada dieta hiperproteica tem sofrido grande ascensão nos últimos anos, devido à constante busca pelo “corpo perfeito, musculoso e definido”, sendo esses os principais motivos de tantos adeptos. Esse comportamento, tem gerado preocupação por parte dos profissionais da saúde, no que tange acerca dos limites entre a preocupação estética e o comportamento saudável. Dessa forma, antes de aprofundar no termo dieta hiperproteica, faz-se necessário o entendimento básico sobre o que é uma proteína e qual a influência dessa, no organismo, já que é um dos compostos químicos mais abundantes no corpo humano. (FRANCO,ALVES,CARMO, 2011)
Resumidamente, as proteínas são biomoléculas formadas por aminoácidos que são unidos por meio de uma ligação peptídica, tendo diversas formas e funções no organismo humano. Entre as principais funções das proteínas podemos citar a estrutural, visto que as proteínas são constituintes básicos da pele, cabelos, e fibras musculares; função catalisadora, visto que as enzimas catalisam todas as reações corporais. Ademais, as proteínas também influenciam diretamente no metabolismo corporal devido à produção de hormônios, como a insulina, além de intervir no sistema imunológico por meio dos anticorpos, permitindo dessa forma uma melhor e mais rápida e especifica resposta imune. (CARDOSO, ALFENAS,2013)
Sabemos que os alimentos que possuem maior taxa de proteínas são os de origem animal como, por exemplo carnes, peixes, leite e ovos, além de algumas leguminosas, como ervilhas, soja, quinoa. Dessa forma, a ingestão desses, são de extrema importância para manutenção e funcionamento corporal. Assim, conforme os últimos estudos publicados, a ingestão de proteínas deve ser na faixa de 0,8 a 1,5 por quilograma de peso ao dia, para melhor homeostase corporal, podendo ter variações de acordo com o sexo, e idade do indivíduo. (AMANCIO,FELICIANO, 2011)
Com tantos pontos positivos em relação às proteínas e sua extrema importância corporal, surge as dietas com ênfase nas proteínas que sucintamente se baseia em uma taxa de ingestão diária de proteínas, para uma perda de peso e para a manutenção desse, além do seu efeito termogênico e de saciedade. Ademais, também é atrativa para hipertrofia e aumento de massa magra corporal, abrindo espaço para os suplementos proteicos, que são comuns aos adeptos à musculação, que buscam definição da musculatura corporal, e o alto percentual de massa magra. Ressaltando que durante o treino de musculação, tem-se lesões musculares que necessitam das proteínas para a recuperação e formação do tecido muscular, o que faz dos suplementos proteicos e a dieta rica em proteínas ainda mais atraentes. (GONÇALVES,JOSEFINA,2015)
Quando se tem a ingestão de alimentos proteicos, percebe-se que na corrente sanguínea se tem uma alta taxa de aminoácidos, que estimulam a liberação de hormônios anorexígenos e da insulina, que agem diretamente na saciedade. Ademais, o aumento das concentrações de aminoácidos, no lúmen intestinal, estimula uma maior secreção de colecistoquinina, diminuindo a ingestão alimentar. (AMANCIO, FELICIANO, 2011)
Devido à alta gama de pontos positivos, e popularidade dos benefícios da ingestão de proteínas, muitas pessoas estão visualizando nas dietas hiperproteicas o “corpo dos sonhos”, ultrapassando o limite diário de proteínas e excedendo as taxas consideradas saudáveis, o que pode ser prejudicial à saúde, já que isso gera sobre carregamento no funcionamento do sistema renal.(FERNANDES, VIANA,2011).
1.2 EFEITOS DA DIETA HIPERPROTEICA NO SISTEMA RENAL.
O sistema renal, engloba diversos mecanismos responsáveis por realizar a filtração do sangue e realizar a absorção de nutrientes e excreção de produtos metabólicos. Dessa maneira, os rins estabelecem relação com todos os outros órgãos e é de extrema importância para a manutenção da homeostase corporal. (APARICIO,V.A,2013)
Um dos artigos escolhidos para a realização desse resumo foi o “Dieta hiperproteica e função renal: discutindo seus efeitos em adultos normais”, publicado no ano de 2018, que realizou um comparativo entre as dietas hipoproteica e hiperproteica e teve como resultado algumas variações nos marcadores de metabolismo renal que permitem acompanhar o funcionamento do órgão, são eles: vasopressina, creatinina, ureia, albumina e TFG, o que chama atenção para possíveis malefícios dessa dieta para o funcionamento renal. Dessa maneira, observou-se que o aumento da concentração da ureia estava diretamente relacionado com a ingestão proteica na dieta dos indivíduos, visto que essa resulta do processo metabólico das proteínas. (SEVERO, et. al., 2018).
Contudo, foi observado que para se obter os índices de balanço nitrogenado em homeostase, se deve ter maior excreção de solventes, sendo necessário maior ingestão de água. Dessa forma, sem uma ingestão de água adequada, as pessoas que realizam a dieta podem desenvolver quadros clínicos de desidratação. Ressalta-se também a formação de cálculos renais, devido à alta concentração de cálcio sendo absorvida pelo organismo humano, que está ligada a um aumento da concentração de cálcio na urina, que gera também um aumento da pressão intraglomerular, aumentando sua taxa de filtração, e podendo resultar em algumas patologias renais, em pacientes que já possuem algumas doenças previas. (SEVERO;BORGES;MORAES;MAGALHÃES;LEMOS;DAVID;LOSEKANN;SILVA, et. puc., 2018)
Contudo, é notório a influência da alimentação no funcionamento corporal e na manutenção da homeostase, ademais, percebe-se que a dieta hiperproteica é capaz de alterar e modificar a fisiologia corporal, gerando consequências positivas, desde que orientada por um profissional capacitado de acordo com a necessidade individual de cada um, para a saúde e comodidade do indivíduo. (PEDROSA, JUNIOR, TIRAPEGUI, Ver. Nutr. Vol.22 no.1 Campinas jan/fev., 2019).
Baseado nos dados dos artigos utilizados, conclui-se que a dieta hiperproteica, apesar de apresentar benefícios, deve ser indicada por um profissional capacitado de acordo com as particularidades de cada indivíduo, uma vez que, essa é contraindicada para pacientes portadores de insuficiência renal e que apresentam risco de formação de cálculos renais
Outrossim, os efeitos adversos observados na ingesta da dieta hiperproteica foram minimizados em associação a ingesta correta de água e ao treino de força, mas ainda faz-se necessários estudos mais conclusos.
1. APARICIO, V. A. et al . High-protein diets and renal status in rats. Nutr. Hosp., Madrid , v. 28, n. 1, p. 232-237, feb. 2013 . Disponible en <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0212-16112013000100033&lng=es&nrm=iso>. accedido en 14 sept. 2020. http://dx.doi.org/10.3305/nh.2013.28.1.6165.
2. Aparicio, V. A., Nebot, E., Kapravelou, G., Sánchez, C., Porres, J. M., López Jurado, M., & Aranda, P.. (2011). El entrenamiento de fuerza reduce la acidosis metabólica y la hipertrofia hepática y renal consecuentes del consumo de una dieta hiperproteica en ratas. Nutrición Hospitalaria, 26(6), 1478-1486. Recuperado en 14 de septiembre de 2020, de http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0212-16112011000600040&lng=es&tlng=es.
3. APARICIO, V. A. et al . Effects of the dietary amount and source of protein, resistance training and anabolic-androgenic steroids on body weight and lipid profile of rats. Nutr. Hosp., Madrid , v. 28, n. 1, p. 127-136, feb. 2013 . Disponible en <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0212-16112013000100017&lng=es&nrm=iso>. accedido en 14 sept. 2020. http://dx.doi.org/10.3305/nh.2013.28.1.6055.
4. AMANCIO, LARA CRISTINA FELICIANO; FRANCO, JOSY ROQUETE;ALVES, HELLEN CONCEIÇÃO CARDOSO; CARMO, JANE FERNANDES VIANA. DIETAS HIPERPROTEICAS: A BUSCA POR UM CORPO ESBELTO E/OU HIPERTROFIADO,2011. file:///C:/Users/Pavilion/Downloads/11_ARTIGO_CIENTIFICO_DIETAS_HIPERPROTEICAS%20(1).pdf ACESSO EM 06 DE SETEMBRO DE 2020.
5. PAIVA, ALINE CARDOSO DE; ALFENAS, RITA DE CÁSSIA GONÇALVES; BRESSAN JOSEFINA; EFEITOS DA ALTA INGESTÃO DIÁRIA DE PROTEÍNAS NO METABOLISMO, 2007. Artigo de Revisão. Rev Bras Nutr Clin 2007;22(1):83-8
6. PEROSA, Rogerio Graça; JÚNIOR, Jose Donato; TIRAPEGUI, Julio. Dieta rica em proteína na redução do peso corporal, 2009. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732009000100010&lng=pt&tlng=pt Acesso em 06 de setembro de 2020
7. SEVERO, PEDRO RIVER A FERNANDES; BORGES, VICENTE STOLNIK; LUCCHESE, MAGNO FAUTH; MAGALHÃES, GABRIEL AZEREDO; LEMOS,ELAN JEDSON; DAVID, LEONARDO MIGUEL MORAES LOSEKANN, ALEXANDRE; SILVA, JEFFERSON LUIS BRAGA;DIETA HIPERPROTEICA E FUNÇÃO RENAL: DISCUTINDO SEUS EFEITOS EM ADULTOSNORMAIS,2018.https://editora.pucrs.br/acessolivre/periodicos/acta-medica/assets/edicoes/2018-1/arquivos/pdf/20.pdf ACESSO EM 06 DE SETEMBRO DE 2020.
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