ASSISTÊNCIA HUMANIZADA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: VISÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM
PRUCOLI, Monique Bessa de Oliveira
Mestranda em Cognição e Linguagem- UENF
Especialista em Saúde da Família- UERJ
moniquebessauff@yahoo.com.br
NASCIMENTO, Roberta da Silva
Especialista em Saúde da Família (UERJ-UNASUS)
Especialista em Saúde do Idoso (UERJ-UNASUS)
Mestre em Cognição e Linguagem (UENF)
robertasnascimento14@gmail.com
COELHO, Bruna Castro Barreto
Acadêmico de enfermagem da Faculdade Metropolitana São Carlos-FAMESC
brucastrob7@gmail.com
INTRODUÇÃO
A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é uma unidade hospitalar destinada ao atendimento de neonatos de zero a 28 dias de alto risco, e requer de assistência médica e de enfermagem, altamente qualificada e atenta 24 horas por dia. Oferecendo todo suporte vital, equipamento de reanimação, monitoração e extenso serviço auxiliar de apoio para família do neonato (DA ROCHA et al., 2015).
A definição das crianças de uma UTIN baseia-se, em sua maioria, de neonatos pré-termo, aqueles que nascem anteriormente a 37 semanas completas de idade gestacional e peso fetal menor que 2.500 g; de neonatos a termo, nascidos com idade gestacional entre 37 a 41 semanas ou pós-termo com idade gestacional de 42 semanas ou mais com patologias graves (DA ROCHA et al., 2015).
O ambiente dessa unidade proporciona ao recém-nascido uma experiência bastante diferente daquela vivenciada no ambiente uterino, visto que é inserido em um ambiente rude. Por isso, um dos papéis da enfermagem consiste na redução dos estressores da UTIN e na implantação de ações que resultem em um ambiente terapêutico (MARTINS et al., 2011).
Na intenção de transformar esse "quase" protótipo, que associa o termo Unidade de Terapia Intensiva (UTI) à noção de dor e morte, é possível perceber que, nos últimos anos, grandes mudanças vêm sendo realizadas nesses ambientes, acompanhando de certa forma uma habilidade mundial. Deste modo, a integração de novas tecnologias, o ingresso crescente de diferentes categorias profissionais nesses serviços, e a presença cada vez mais frequente dos pais em setores antes tão restritos e o cuidado de recém-nascidos (RNs) cada vez menores já fazem parte de uma realidade que exige posturas diferentes dos profissionais da equipe de saúde neonatal (COSTA; PADILHA, 2010).
Desse modo, é exigida a atuação de profissionais comprometidos e capacitados, que devem conciliar a habilidade técnica e agilidade com a sensibilidade de perceber as necessidades individuais de cada neonato e sua família. A equipe na UTIN, em especial os enfermeiros, lida com situações emocionais difíceis, cuidam também dos pais que ali estão à espera de seu filho, para que esses diminuam sua ansiedade e insegurança em relação ao estado da criança. e ao mesmo tempo também deve resolver intercorrências que requerem habilidade técnica, conhecimentos específicos atualizados e agilidade (KLOCK; ERDMANN, 2012).
Diante dessa problemática é possível perceber que deve se manter um laço de cuidado e confiança entre os pais e o enfermeiro. Para adquirir confiança ao entregar seu recém-nascido (RN) aos cuidados da equipe de saúde, os pais necessitam de uma abordagem adequada: clara, objetiva e acolhedora desses profissionais (DA ROCHA et al., 2015).
O presente estudo objetivou mostrar a importância de uma assistência humanizada frente ao neonato/ família, compreendendo as ações executadas pelo enfermeiro e sua equipe em uma unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), mostrando as limitações encontradas pelos mesmos.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de cunho exploratório. Onde foram analisados artigos disponíveis na íntegra em bases de dados científicos, como: Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), publicados nos últimos 11 anos, propondo então levar informação adequada a todo
tipo de pessoa.
Para seleção dos artigos foram utilizados bases de dados confiáveis. Os critérios utilizados para inclusão foram: textos que abordam o tema, no idioma português. Utiliza-se de publicações científicas do período de 2009 a 2020. Assim excluindo publicações que não abordavam o tema e os critérios propostos.
Foram utilizados como descritores: Unidade de terapia intensiva neonatal; enfermagem; assistência humanizada. Feita busca online, e tendo como resultado final 9 artigos que atenderam a proposta.
DESENVOLVIMENTO
O cuidado ao RN está cercado de contradições que fazem parte do dia-a-dia da pesquisa e da assistência. De um lado, os avanços obtidos que são estarrecedores, como por exemplo, a sobrevivência crescente de bebês cada vez mais prematuros. Por outro lado, a sobrevivência destes bebês impõe um desafio quase que insuperável: a missão de devolver às famílias e à sociedade uma criança capaz de desenvolver de maneira plena o seu potencial afetivo, cognitivo e produtivo (COSTA; PADILHA; MONTICELLI, 2010).
Com o passar dos anos a assistência neonatal passou por muitas modificações e a criação de novas tecnologias trouxe uma visão mais extensa à assistência aos recém-nascidos (RNs). Essas mudanças alcançaram também a finalidade do trabalho nas unidades neonatais, que não se dá só no ponto de vista da sua racionalidade e na recuperação do corpo anátomo-fisiológico do RN, mas passa a preocupar-se com a família e qualidade de vida (COSTA; PADILHA, 2010).
A necessidade de internação de um filho em uma UTI neonatal torna-se então uma situação difícil para a família, que se depara com um ambiente estranho, diferente daquele planejado durante todo o período da gestação. Dessa forma, a interação entre a equipe de enfermagem e os pais exerce grande influência no modo como a família irá enfrentar esta nova fase (COELHO et al., 2009).
A humanização do cuidado neonatal está focada no respeito às individualidades, garantia de tecnologia que promova a segurança do recém-nascido e o acolhimento tanto do recém-nascido quanto da sua família, procurando facilitar o vínculo mãe-bebê precocemente. Uma vez que o recém-nascido permaneça internado em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, ele estará exposto a estímulos estressantes, como: dor, estresse, ruídos, manuseio excessivo e procedimentos invasivos dolorosos. Reconhecer situações estressantes com o recém-nascido pré-termo ou de baixo peso é de vital importância para o seu desenvolvimento normal. Assim, previne ou minimiza o surgimento de possíveis deficiências múltiplas (CRUVINEL; PAULETTI, 2009).
Preocupado com a humanização da assistência à saúde, o Ministério da Saúde (2017) lançou, por meio da Portaria nº. 693 de 05/07/2000, o Método Canguru, o qual possui como fundamentos básicos: “o acolhimento ao bebê e sua família, respeito às individualidades tanto do bebê quanto da mãe, promoção do contato pele a pele (posição canguru) e o envolvimento da mãe nos cuidados com o seu filho”.
No Brasil, apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Ministério da Saúde, através da Lei nº 8069 de 1990, em seu artigo 12, estabelece a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável nos casos de internação de criança ou adolescente. Para as mães sem que haja qualquer limitação de tempo, no entanto, se faz necessário orientá-la quanto a importância do contato físico o vínculo pode ser benéfico no prognóstico do RN (BALDINI; KREBS, 2010).
Os enfermeiros notam-se acolhendo o paciente e a família ao fazer, no âmbito hospitalar essa comunicação, que se dá a partir do estímulo ao aleitamento materno, o estabelecimento do contato pele a pele entre mãe e filho com a prática do método mãe-canguru, o esclarecimento de dúvidas a respeito do estado geral da criança e até mesmo o conforto e o acolhimento da família diante do óbito (DA ROCHA et al., 2015).
Mesmo com todas as atualizações, ainda se encontra bastante limitações nesse âmbito diante das ações que preconizam um cuidado abrangente ao neonato/família na UTIN, inúmeras são as restrições encontradas pelos enfermeiros para que essas ações se aprovem. A escassez de recursos humanos, a falta de um espaço físico que comporte os pais 24 horas na UTIN, a percepção de profissionais com comportamentos não humanizados, a necessidade de respaldo institucional e a percepção da equipe médica como limitadora de ações humanizadas são caracterizadas pelos enfermeiros como empecilhos para a adoção constante dessas ações no ambiente da UTIN (DA ROCHA et al., 2015).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante desses artigos selecionados, eles mostram aspectos semelhantes entre si, e palavras que se tornam de extrema importância para todo entendimento do estudo, como: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Enfermagem e Assistência Humanizada. Foi encontrado bastante riqueza de informações em todos os artigos selecionados, o que deu base a pesquisa e possibilitou todo desenvolvimento teórico.
O estudo tem por finalidade analisar a importância da assistência humanizada e todo o suporte que o enfermeiro pode prestar nessa unidade, mesmo que tenha algumas limitações. Procurando sempre propor estratégias para melhor acolher esse paciente e sua família.
Acolher significa receber, proteger, amparar. E, portanto, é importante que o profissional esteja sensibilizado para este momento. No primeiro encontro, é imprescindível que os pais tenham ao seu lado um profissional da equipe de saúde que esteja junto ao seu bebê, para disponibilizar de todas informações sobre o seu filho, sobre os equipamentos e a realidade das perspectivas de vida (COSTA; LOCKS; KLOCK, 2012).
Os resultados obtidos mostram que os enfermeiros se apresentam fazendo esse acolhimento ao paciente e a família em diversas formas, estimulando o aleitamento materno, o estabelecimento do contato pele a pele entre mãe e o filho, o esclarecimento de dúvidas a respeito do estado da criança e até mesmo o conforto e o acolhimento da família diante da situação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa conclui que a assistência humanizada é de extrema importância no dia-a-dia da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. No qual o enfermeiro e sua equipe promovem um acolhimento específico com o Recém-nascido e sua família, buscando sempre manter uma comunicação com os mesmos. Essa ligação entre a equipe de enfermagem e os pais, torna-se relevante por oferecer um maior contato entre o recém-nascido e a família, colaborando para a recuperação clínica do prematuro e com o estado emocional dos familiares, assim fortalecendo a confiança da mãe e aliviando sentimentos de inadequação. Mesmo nos dias de hoje ainda encontram alguns obstáculos que podem interferir nessa humanização, mas estão sempre tentando criar de estratégias para esse melhor desempenho e cuidado.
REFERÊNCIAS
BALDINI, S. M.; KREBS, V. L. J. Humanização em UTI Pediátrica e Neonatal: estratégias de intervenção junto ao paciente, aos familiares e à equipe. São Paulo: Atheneu, 2011. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582017000200007 .Acesso em: 27 de setembro de 2020.
COELHO, Thaís Amancio de Macedo Pinto et al. A importância do acolhimento à família em unidade de terapia intensiva neonatal. Journal of Nursing UFPE on line, v. 3, n. 4, p. 1101-1107, 2009. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/revistaenfermagem/article/view/5608 .Acesso em: 24 de setembro de 2020.
COSTA, Roberta; LOCKS, Melissa Orlandi Honorio; KLOCK, Patrícia. Acolhimento na unidade neonatal: percepção da equipe de enfermagem [Embracement at neonatal unit: perception of the nursing team][Acogimiento en la unidad neonatal: percepción del equipo de enfermería]. Revista Enfermagem UERJ, v. 20, n. 3, p. 355-360, 2012. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/2382 .Acesso em: 24 de setembro de 2020.
COSTA, Roberta; PADILHA, Maria Itayra. O hospital infantil como marco no atendimento ao recém-nascido de risco em Santa Catarina (1987-2009). Texto & Contexto-Enfermagem, v. 19, n. 3, p. 469-478, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072010000300008&script=sci_arttext .Acesso em: 24 de setembro de 2020.
COSTA, Roberta; PADILHA, Maria Itayra; MONTICELLI, Marisa. Produção de conhecimento sobre o cuidado ao recém-nascido em UTI Neonatal: contribuição da enfermagem brasileira. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 44, n. 1, p. 199-204, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080-62342010000100028&script=sci_arttext&tlng=pt . Acesso em: 23 de setembro de 2020.
DA ROCHA, Maria Cristina Pauli et al. Assistência humanizada na unidade de terapia intensiva neonatal: ações e limitações do enfermeiro. Saúde em Revista, v. 15, n. 40, p. 67-84, 2015. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/sr/article/view/2534 . Acesso em: 24 de setembro de 2020.
KLOCK, Patrícia; ERDMANN, Alacoque Lorenzini. Cuidando do recém-nascido em UTIN: convivendo com a fragilidade do viver/sobreviver à luz da complexidade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 46, n. 1, p. 45-51, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080-62342012000100006&script=sci_arttext&tlng=pt . Acesso em: 24 de setembro de 2020.
MARTINS, Carolina Ferreira et al. Unidade de terapia intensiva neonatal: o papel da enfermagem na construção de um ambiente terapêutico. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, 2011. Disponível em: http://seer.ufsj.edu.br/index.php/recom/article/view/44 . Acesso em: 25 de setembro de 2020.
Ministério da Saúde (Br). Secretaria Executiva Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS - acolhimento com avaliação e classificação de risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada_metodo_canguru_manual_3ed.pdf . Acesso em: 27 de setembro de 2020.
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