RELAÇÃO ENTRE O ALEITAMENTO MATERNO E A DEPRESSÃO PÓS-PARTO

  • Autor
  • CUNHA, Louise Martins Paiva Nunes
  • Co-autores
  • SANTOS, Gisele Simas , MARTINS, Lívia Mattos , NASCIMENTO, Roberta da Silva
  • Resumo
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    INTRODUÇÃO

     

    O puerpério consiste no período de 45 dias após o parto e corresponde a um momento delicado em que ocorrem alterações físicas e psíquicas na vida da mulher. Esse período é conhecido pelo abalamento na saúde mental da mulher e no seu bem-estar físico e emocional, por ser um momento complicado (GOMES; SANTOS 2017).

    Estudos mostram que a depressão pós-parto (DPP) se destaca entre os transtornos que acomete mulheres puérperas, tendo sua incidência aumentada nos últimos anos, tornando-o um problema de saúde pública (ABUCHAIM et la., 2016). Além da DPP, também se destaca a maternity blues, também conhecido como disforia no pós-parto, sendo o transtorno que mais acomete as puérperas. Outro transtorno que acomete as mulheres nesse período é a psicose puerperal, acometimento mais grave, que pode levar até mesmo ao infanticídio (CAMACHO et al., 2006).

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2001), uma nova recomendação foi instituída referente à exclusividade da amamentação nos primeiros seis meses de vida, relacionando o Aleitamento Materno Exclusivo (AME) como a melhor forma de nutrição do bebê nesses primeiros meses. O AME é também o método mais econômico, e eficaz para redução da morbimortalidade infantil. Além disso, promove o fortalecimento do vínculo mãe-filho e na promoção da saúde física e psíquica da mãe (BRASIL, 2015).

    No entanto, mulheres que por algum motivo não conseguem amamentar e aderir à prática de AME, podem se sentir angustiadas, diminuídas, incapazes, além de outros sentimentos negativos que comprometem a sua saúde mental (ABUCHAIM et al., 2016). Além disso, a falta da ocitocina no organismo da mãe quando não é realizada a amamentação, também pode causar estresse, solidão, ansiedade e depressão materna no pós-parto (SANTANA et al., 2019).

     

     

    MATERIAL E MÉTODOS

     

    O método empregado para a elaboração deste trabalho foi a revisão de literatura a respeito do tema da relação do aleitamento materno com a redução das intercorrências da maternity blues, depressão pós-parto e psicose puerperal.

    A realização do estudo foi por meio de buscas de materiais on-line através das bases de dados pesquisadas no google acadêmico (google scholar). Foram utilizadas as seguintes palavras chave: Puerpério, pós-parto, depressão pós-parto, psicose puerperal, enfermagem, cuidados da enfermagem, assistência no puerpério, aleitamento materno e aleitamento materno exclusivo.

     

     

    DESENVOLVIMENTO

     

    A amamentação é um fator muito importante na vida da criança, pois ajuda reduzir a incidência de alergias e asma. Além disso, também existem estudos que evidenciam a prática do aleitamento materno com o desenvolvimento cognitivo da criança (HASSELMANN; WERNECK; SILVA; 2008)

    Segundo o Ministério da Saúde (2015), além dos benefícios para a criança, também trazem vantagens significativas para a mulher. Além de proteger a mulher contra algumas doenças (como o câncer de mama, por exemplo), o aleitamento materno também ajuda a prevenir uma nova gravidez nos primeiros seis meses após o parto, promove um vínculo afetivo entre mãe e filho, e melhora a qualidade de vida da mulher, fazendo com que as mães e os filhos se sintam mais felizes durante esse momento de troca de afeto.

    O AME possui diversas vantagens para a mãe e para o bebê, no entanto, nota-se que o término precoce do AME é algo que ainda preocupa os profissionais da saúde. A interrupção antes da hora do aleitamento materno pode estar associada a diversos fatores como à idade, escolaridade, confusão de bicos, além das condições socioeconômicas e culturais (SILVA et al., 2017).

    Esse período é onde ocorre uma mudança muito significativa na vida da mulher, fazendo com que o seu organismo sofra modificações corporais e psicoemocionais. Além das transformações fisiológicas que causa um desconforto físico e emocional para a mesma. Por esse motivo, é fundamental que todas as gestantes e puérperas tenham um acompanhamento de perto durante a fase do pré-natal, parto e pós-parto. O atendimento humanizado durante todo o período gravídico-puerperal é de extrema importância para que a mulher se sinta acolhida diante das suas necessidades físicas e psicossociais (GOMES; SANTOS 2017).

    Entre os motivos ligados a interrupção precoce do aleitamento materno, puérperas que sofrem com sintomas depressivos tem uma tendência maior para que isso aconteça (ZUBARAN; FORESTI 2012). Essa interrupção causa um impacto negativo à mãe e ao bebê, pois muitas vezes está relacionada à depressão pós-parto (HENDERSON et al., 2003).

    Existem diversos motivos que levam a mulher a desenvolver a DPP, como a falta de apoio familiar e social, ansiedade, quadro de depressão anterior, antecedentes pessoais da mulher, abortos anteriores, sentimento de negação em ralação à gestação e ao bebê, dentre outros motivos (ABUCHAIM et al., 2016).

    A depressão pós-parto é mais comum em adolescentes, justamente por muitas vezes não receberem apoio emocional, e grande parte também se queixa de ter que abrir mão dos seus estudos e sonhos, em razão da maternidade. Por essa razão é importante que todo o período do pré-natal, parto e pós-parto sejam acompanhadas por profissionais da saúde, incluindo psicólogos, e também por uma rede de apoio (SZIGETHY; RUIZ 2001).

    A diferença da DPP para maternity blues é a gravidade dos transtornos. Os sintomas da DPP são mais intensos, com quadros depressivos mais graves, enquanto a maternity blues é acompanhada, geralmente, por quadros depressivos leves e em muitas vezes nem são identificados. Além desses dois quadros, também se conhece a psicose puerperal, sendo este um quadro mais raro, porém é o mais perigoso (CAMACHO et al., 2006).

    A depressão pós-parto e o término precoce do aleitamento materno são dois problemas de saúde pública que ocorrem após o parto (COX et al., 2015). Segundo Santana et al. (2019), a depressão pós-parto está associada à interrupção precoce do AME, pois os altos níveis de cortisol e os baixos níveis de ocitocina foram encontrados em puérperas com sintomas depressivos, associando essa relação com o sistema neuroendócrino. No entanto, faz-se necessários outros estudos comparativos entre puérperas que amamentaram e puérperas que apresentaram interrupção precoce do aleitamento.

    A ocitocina plasmática liberada durante a sucção do bebê apresenta características ansiolíticas com efeito calmante, que regula o estresse materno. Por conta disso, alguns estudos acreditam que a amamentação tem uma grande influencia na diminuição das intercorrências de depressão pós-parto (SANTANA et al., 2019).

    Os sintomas depressivos podem dificultar o aleitamento materno o que aumenta o risco de interrupção precoce. No entanto, a interrupção precoce por outros motivos, também podem desencadear um sentimento depressivo na mulher, pois a dificuldade ou incapacidade de amamentar causam sofrimentos maternos que podem levar à depressão pós-parto (SANTANA et al., 2019).

     

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

     

    A relação entre a depressão pós-parto e aleitamento materno ainda não é algo esclarecido pela literatura. Existem artigos que revelam não haver ligação nenhuma entre esses dois assuntos, enquanto outros afirmam o contrário (ABUCHAIM et al., 2016).

    No entanto, nota-se em alguns estudos que o aumento de casos de depressão pós-parto está associado à interrupção da exclusividade do aleitamento materno. Além disso, nota-se que as mães com sintomas depressivos são mais suscetíveis á interrupção precoce do AME pois tendem a ter mais dificuldades ou até mesmo a sentir angústia durante a amamentação (SILVA, 2017).

    Por outro lado, alguns estudos revelam que o desmame acontece antes do surgimento dos sintomas depressivos, ou seja, a mulher começa a sentir os sintomas depressivos justamente pelo motivo de ter deixado de amamentar (ABUCHAIM et al., 2016). No entanto, essa ausência da amamentação faz com que ocorram alterações hormonais e assim, a mesma tende a desenvolver a DPP. Esses estudos afirmam que existe uma relação do aleitamento materno com o sistema neuroendócrino (SANTANA et al., 2019).

    Conclui-se que a relação da depressão pós-parto com o aleitamento materno é um tema controverso que ainda precisa ser mais estudado e discutido pela literatura. Nota-se também que a puérpera tem uma dificuldade de acessar os serviços de saúde mental, fazendo com que a mesma tenha dificuldade em reconhecer que os seus sentimentos deprimidos (CRUZ; SIMÕES; FAISAL-CURY; 2005).

    O vínculo entre mãe e filho precisa se estabelecido desde os primeiros momentos no pós-parto. O bebê e a mulher são influenciados por esse investimento emocional desde o nascimento (BORSA, 2007). Além disso, o pré-natal consiste em um momento oportuno para estimular a mulher ao aleitamento materno (SANTANA et al., 2019).

    A detecção precoce da depressão pós-parto é fundamental para que a mulher seja diagnosticada e tratada de maneira oportuna e satisfatória. Os prejuízos que a falta do diagnóstico precoce pode causar não atinge somente a mulher, como também atinge o desenvolvimento do feto, o trabalho de parto e à saúde do neonato (CAMACHO et al., 2006).

     

     

    REFERÊNCIAS

     

    ABUCHAIM, Erika de Sá Vieira et al. Depressão pós-parto e autoeficácia materna para amamentar: prevalência e associação. Acta Paulista de Enfermagem, v. 29, n. 6, p. 664-670, 2016.

     

    BORSA, Juliane Callegaro; DIAS, A. C. G. Considerações acerca da relação mãe-bebê da gestação ao puerpério. Rev. Contemporânea Psicanálise e Transdisciplinaridade, v. 2, p. 310-21, 2007.

     

    BRASIL. Saúde da Criança: Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2015.

     

    CAMACHO, Renata Sciorilli et al. Transtornos psiquiátricos na gestação e no puerpério: classificação, diagnóstico e tratamento. Archives of Clinical Psychiatry, v. 33, n. 2, p. 92-102, 2006.

     

    COX, Elizabeth Q. et al. Oxytocin and HPA stress axis reactivity in postpartum women. Psychoneuroendocrinology, v. 55, p. 164-172, 2015.

     

    CRUZ, Eliane Bezerra da Silva; SIMÕES, Gláucia Lucena; FAISAL-CURY, Alexandre. Rastreamento da depressão pós-parto em mulheres atendidas pelo Programa de Saúde da Família. Revista brasileira de ginecologia e obstetrícia, v. 27, n. 4, p. 181-188, 2005.

     

    GOMES, Gabriella Farias; DOS SANTOS, Ana Paula Vidal. Assistência de enfermagem no puerpério. Revista Enfermagem Contemporânea, v. 6, n. 2, p. 211-220, 2017.

     

    HENDERSON, Jennifer J. et al. Impact of postnatal depression on breast feeding duration. Birth, v. 30, n. 3, p. 175-180, 2003.

     

    SANTANA, Karina Rodrigues et al. Influência do aleitamento materno na depressão pós-parto: revisão sistematizada. Revista de Atenção à Saúde, v. 18, n. 64, 2020.

     

    SILVA, Catarine S. et al. Associação entre a depressão pós-parto e a prática do aleitamento materno exclusivo nos três primeiros meses de vida. Jornal de Pediatria, v. 93, n. 4, p. 356-364, 2017.

     

    SZIGETHY, Eva M.; RUIZ, Pedro. Depression among pregnant adolescents: an integrated treatment approach. American Journal of Psychiatry, v. 158, n. 1, p. 22-27, 2001.

     

    WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Indicators for assessing infant and young child feeding practices. Geneva: WHO; 2008.

     

    ZUBARAN, Carlos; FORESTI, Katia. The correlation between breastfeeding self-efficacy and maternal postpartum depression in southern Brazil. Sexual & Reproductive Healthcare, v. 4, n. 1, p. 9-15, 2013.

     

  • Palavras-chave
  • Aleitamento Materno, depressão, pós parto
  • Modalidade
  • Vídeos
  • Área Temática
  • Ciências da Saúde
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Essa publicação reúne as produções científicas de discentes, docentes e pesquisadores dos cursos de graduação da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, unidade de Bom Jesus do Itabapoana-RJ, participantes da V Expociência Universitária do Noroeste Fluminense, com a temática: Os impactos da pandemia nas relações sociais, jurídicas e de saúde, realizada entre 21 e 23 de outubro de 2020.

Em sua 5º edição, o evento se destina, fundamentalmente, o propósito de se criar, na Instituição, um lugar de intercâmbio científico e cultural entre os pares, privilegiando-se uma discussão sobre as teorias interdisciplinares que ganham expressão no debate acadêmico contemporâneo.

Nessa edição os trabalhos apresentados envolvem àreas das Ciências Humanas e Sociais, Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Exatas e Estudos Interdisciplinares. Tal fator resultou na apresentação de 204 (duzentos e quatro) trabalhos de pesquisa apresentados a seguir. Acreditamos que a discussão ampliada, que inclua os diversos atores envolvidos nas diversas áreas, e, entendendo que existe uma abordagem interdisciplinar, esperamos contribuir para o fomento do saber acadêmico científico, viabilizando um espaço à divulgação de resultados de pesquisas relevantes para a formação do licenciando, bacharel, e do pesquisador da área e de áreas afins.

Por outro lado, queremos destacar que foi imprescindível a atuação coletiva na organização deste evento, que contou com a participação do corpo diretivo, das coordenações de curso, docentes e discentes. Sem o interesse de todos, a dedicação e a responsabilidade principalmente dos funcionários técnicos administrativos envolvidos, não seriam atingidas a forma e a qualidade necessárias ao sucesso da atividade. 

A Expociência representa um espaço significativo e verdadeiro de troca de experiências e de oportunidade de conhecer a produção científica de forma interdisciplinar e coletiva.

Boa leitura a todos!

 

 

Profª. Mª. Neuza Maria da Siqueira Nunes

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