A SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NA PANDEMIA

  • Autor
  • DHAMARYS APARECIDA DE ALMEIDA SOUZA
  • Co-autores
  • LARISSA PEREIRA COSTA , CARMEN CARDILO LIMA
  • Resumo
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    INTRODUÇÃO

     

    O trabalho da enfermagem é relacionado a rotinas intensas capazes de causar exaustão mental e emocional do profissional. Com o desenrolar da pandemia da COVID-19 houve uma intensificação ainda maior do desgaste, uma vez que estes profissionais atuam na linha de frente dos cuidados de saúde dos infectados pelo vírus, e também daqueles que precisam de atendimento para outras enfermidades. Cuidar de pessoas que sofrem da covid-19 pode causar efeitos negativos na saúde mental destes profissionais. A nova rotina de trabalho imposta aos profissionais de saúde promove o aumento do estado geral de estresse por duas vias principais, pelo aumento da insalubridade, e pelo estado de medo constante de se infectar.

    A necessidade de isolamento daqueles que tiveram contato com pessoas infectadas faz com que os profissionais de saúde, entre estes os enfermeiros, necessitem manter o distanciamento dos próprios familiares, promovendo o aumento do sofrimento por se sentirem isolados e solitários, aumentando o risco de se desenvolver quadros depressivos e ansiogênicos pelo medo de transmitir a doença, sobretudos as pessoas amadas. Ainda há o estigma social imposto aos profissionais de saúde como transmissores do vírus.

    A rápida e intensa implementação da nova rotina de trabalho gerou a obrigatoriedade de se adaptar a novas condutas, produzindo em alguns profissionais a angustia pela necessidade iminente de se reinventar. Aliado a isso existe a demanda psicológica de se viver em uma jornada em estado de alerta constante aliado ao desgaste físico promovido pelo uso intensivo de equipamentos de proteção individual.

     

     

    MATERIAL E MÉTODOS

     

    Este estudo realizou uma revisão de literatura nas bases de dados Google Acadêmico e Scielo, usando a seguinte estrutura de termos descritores e operador boleano: “Saúde mental” AND “enfermeiro” OR enfermagem” AND “COVID”. Realizou-se a leitura dos resumos dos principais resultados que retornaram da busca, selecionando então os estudos que apresentavam maior correspondência com o tema de pesquisa.

     

     

    DESENVOLVIMENTO

             

              O aumento da jornada de trabalho associado ao aumento do risco iminente, tem alterado o nível de pressão ao qual os profissionais de saúde que atuam na linha de frente vêm enfrentando. As conquistas trabalhistas observadas, principalmente após a segunda revolução industrial, mudaram a forma com que enxergamos o trabalho que exercemos como profissão. Nas últimas décadas deixamos de ver o trabalho como meio exclusivo para aquisição de renda e passamos compreende-lo como forma socializadora e construtora de identidade (RUBACK et al., 2018). Assim deve-se considerar que a ocupação de um cargo pode gerar identificação e promover a expressão da subjetividade do indivíduo, afetando diretamente a capacidade do ser em resgatar ou promover a saúde conforme a organização e o processo laboral, em uma complexa relação entre saúde e trabalho (DAL’BOSCO et al., 2020).

              Os enfermeiros representam o maior número de profissionais de saúde inseridos no sistema de saúde, com um trabalho voltado ao cuidado direto do ser humano, estabelecendo uma ligação direta entre profissional/paciente. A análise do trabalho da equipe de enfermagem mostra que a assistência eficiente ao paciente é, per se, geradora de situações envolvendo risco, enfrentamento de medos, desgaste emocional e físico e grande responsabilidade com a vida alheia (DAL’BOSCO et al., 2020). O estado de responsabilidade constante que o profissional é submetido, é causador de desgastes psicológicos e de um estado de elevada tensão, que muitas vezes deflagram quadros ansiedade e depressão (VIEIRA; NOGUEIRA; TERRA, 2017). Tais desordens psicológicas além de impactar drasticamente a qualidade de vida do profissional acaba também por impactar a qualidade da assistência ao paciente.

              Um fator agravante tem sido observado com a sobrecarga do sistema de saúde devido a pandemia do COVID-19. Além das fontes habituais de estresse, tem sido observado o aumento de tensão devido ao medo constante de se infectar e da frustação relacionada a incapacidade de reverter o quadro de mortalidade, mesmo com o maior esforço possível do profissional. Tais questões se agravam com a ausência do acompanhamento psicológico aos profissionais da linha de frente, em um cenário no qual a ajuda terapêutica poderia ajudar na reflexão sobre como lidar com certas situações que as vezes fogem controle, como a perda de tantas vidas (HO; CHEE; HO, 2020).

     

     

    DISCUSSÃO

     

              Alguns profissionais precisam de ajuda para que seu trabalho não pare e continue sendo efetiva ajuda a sociedade. Por ter uma carga tão grande de trabalho, o profissional necessita entender que é preciso reservar um tempo para si, e garantir suas horas de descanso, buscando evitar uma sobrecarga emocional e mental. Dal’Bosco e colaboradores (2020) acreditam que seja imprescindível o preparo do profissional de enfermagem para lidar com cenários atordoadores, como no caso da COVID-19. Ainda segundo os autores pode ser de grande valia a busca por:

     

    “... informações sobre os fatores de risco e de proteção em relação à pandemia e o que ela acarreta em suas rotinas, buscando estratégias de enfrentamento, como apoio psicológico especializado, atendimento por telefone que realiza escuta diferenciada, sigilosa e gratuita, realização de práticas integrativas complementares como Yoga, Reiki, entre outras, e realização de exercícios de relaxamento, a procura por serviços públicos de saúde mental disponíveis, a fim de obterem melhoria em suas condições de trabalho e, consequentemente, em sua saúde física e mental. “

     

     

              Uma estratégia para cuidar da saúde mental é o ouvir empático. Diante de uma pandemia como a que vivemos, os profissionais da enfermagem fazem parte de um dos grupos mais afetados, expostos ao risco de contágio e a dor emocional que afeta consideravelmente a saúde mental. Uma boa proposta para todos é lembrar que a pandemia do novo Coronavírus não é o primeiro desafio enfrentado no planeta Terra e que não estamos sozinhos, mas fazemos parte de uma estratégia comunitária que pode salvar vidas.

              Para HUMEREZ; OHL e SILVA (2020) os principais sentimentos relatados pelos profissionais de enfermagem foi o sofrimento e a sensação de vazio associada a existência. Os autores pontuaram a importância de se ouvir empaticamente os companheiros de trabalho e buscar ser positivista com aqueles mais desgastados e abalados psicologicamente, reforçando a ideia de que todos fazemos parte de uma estratégia comunitária que pode salvar vidas.

              Para Barbosa e colaboradores (2020) o fato dos enfermeiros terem seu trabalho pautado no cuidado do outro ocasiona um elevado tempo ao lado dos pacientes, o que gera a necessidade de se entender que a atuação vai além do cuidado técnico, devendo ser levado em consideração não apenas a qualidade técnica do profissional, mas também os aspectos psicológicos e emocionais, principalmente o medo de adoecer e morrer, e ainda, o medo da contaminação dos seus familiares.

     

     

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

     

              A pandemia que estamos vivenciando trouxe luz a um problema já crônico da rotina de enfermagem: a saúde mental e psicológica dos profissionais de saúde. Este período onde perdas e transformações estão presentes de forma diária, pode ensinar o profissional de enfermagem a se enxergar como ser humano dotado de sensibilidade, e que também precisa de cuidados para poder cuidar do outro com excelência. Também se observa que a equipe multidisciplinar pode ser de grande valia na rotina laboral, com atenção especial ao suporte psicológico que tem muito a oferecer, trazendo conforto e conhecimento para podermos lidar com esse momento.

     

     

    REFERÊNCIAS

     

    BARBOSA, D. J. et al. Fatores de estresse nos profissionais de enfermagem no combate à pandemia da COVID-19: Síntese de Evidências. Com. Ciências Saúde, v. 31, n. 1, p. 31–47, 2020.

     

    DAL’BOSCO, E. B. et al. Mental health of nursing in coping with COVID-19 at a regional university hospital. Revista brasileira de enfermagem, v. 73 2, p. e20200434, 2020.

     

    HO, C. S.; CHEE, C. Y.; HO, R. C. Mental Health Strategies to Combat the Psychological Impact of COVID-19 Beyond Paranoia and Panic. Annals of the Academy of Medicine, Singapore, v. 49, n. 1, p. 1–3, 2020.

     

    HUMEREZ, D. C. DE; OHL, R. I. B.; SILVA, M. C. N. DA. Saúde Mental Dos Profissionais De Enfermagem Do Brasil No Contexto Da Pandemia Covid-19: Ação Do Conselho Federal De Enfermagem. Cogitare Enfermagem, v. 25, 2020.

     

    RUBACK, S. P. et al. Estresse e síndrome de burnout em profissionais de enfermagem que atuam na nefrologia: uma revisão integrativa. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, v. 10, n. 3, p. 889, 2018.

     

    VIEIRA, N. F.; NOGUEIRA, D. A.; TERRA, F. DE S. Avaliação do estresse entre os enfermeiros hospitalares. Rev. enferm. UERJ, v. 25, p. [e14053]-[e14053], 2017.

     

     

     

     

  • Palavras-chave
  • ENFERMAGEM, PANDEMIA, SAÚDE MENTAL
  • Modalidade
  • Vídeos
  • Área Temática
  • Ciências da Saúde
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Essa publicação reúne as produções científicas de discentes, docentes e pesquisadores dos cursos de graduação da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC, unidade de Bom Jesus do Itabapoana-RJ, participantes da V Expociência Universitária do Noroeste Fluminense, com a temática: Os impactos da pandemia nas relações sociais, jurídicas e de saúde, realizada entre 21 e 23 de outubro de 2020.

Em sua 5º edição, o evento se destina, fundamentalmente, o propósito de se criar, na Instituição, um lugar de intercâmbio científico e cultural entre os pares, privilegiando-se uma discussão sobre as teorias interdisciplinares que ganham expressão no debate acadêmico contemporâneo.

Nessa edição os trabalhos apresentados envolvem àreas das Ciências Humanas e Sociais, Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Exatas e Estudos Interdisciplinares. Tal fator resultou na apresentação de 204 (duzentos e quatro) trabalhos de pesquisa apresentados a seguir. Acreditamos que a discussão ampliada, que inclua os diversos atores envolvidos nas diversas áreas, e, entendendo que existe uma abordagem interdisciplinar, esperamos contribuir para o fomento do saber acadêmico científico, viabilizando um espaço à divulgação de resultados de pesquisas relevantes para a formação do licenciando, bacharel, e do pesquisador da área e de áreas afins.

Por outro lado, queremos destacar que foi imprescindível a atuação coletiva na organização deste evento, que contou com a participação do corpo diretivo, das coordenações de curso, docentes e discentes. Sem o interesse de todos, a dedicação e a responsabilidade principalmente dos funcionários técnicos administrativos envolvidos, não seriam atingidas a forma e a qualidade necessárias ao sucesso da atividade. 

A Expociência representa um espaço significativo e verdadeiro de troca de experiências e de oportunidade de conhecer a produção científica de forma interdisciplinar e coletiva.

Boa leitura a todos!

 

 

Profª. Mª. Neuza Maria da Siqueira Nunes

Coordenadora da Extensão Universitária da Faculdade Metropolitana São Carlos

COMISSÃO ORGANIZADORA E CIENTÍFICA 

Direção Geral
Dr. Carlos Oliveira Abreu

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Direção Administrativa
Sr. Carlos Luciano Bieli Henriques

Assessoria Acadêmica
Me. Edyala de Oliveira Brandão Veiga

Coordenação de Extensão Universitária
Ma. Neuza Maria de Siqueira Nunes

Coordenação de Monitoria, Pesquisa e TCC
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Coordenação do Curso de Direito
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Coordenação do Curso de Enfermagem
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Coordenação do Curso Medicina
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Dra. Bianca M. Mangiavacchi (Ciclo Básico)
Dra. Lígia C. Matos Faial (Ciclo Clínico)

Coordenação do Curso de Gestão em Recurso Humanos
Me. Fernando Xavier de Almeida

Coordenação do Curso de Gestão Hospitalar
Me. Sérgio Elias Istoé

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