INTRODUÇÃO
As anomalias anorretais manifestam-se clinicamente como imperfuração do orifício anal, geralmente relacionada com fístula uretral ou perineal. Como o desenvolvimento embrionário do ânus e reto muda entre 4 a 8 semanas de idade gestacional, a incidência é de cerca de 1:5000 Nascimentos. Na ausência de fístula, o método cirúrgico torna-se de urgência (CAMPOS, Christiane Garios Ucha et al, 2016).
Diversas crianças nascem com malformações congênitas e necessitam de hospitalização para tratamento cirúrgico. Essas malformações congênitas incluem deformidades ao nascer (que podem ser) morfológicas ou funcionais. A causa pode ser genética ou ambiental, na maioria dos casos, são inter-relacionadas e multifatoriais por natureza (MELO, Manuela Costa; KAMADA, Ivone, 2011).
Uma das anomalias congênitas é a imperfuração anal, sendo necessária a ostomia em vários casos. Neonatos com essa malformação precisam de ostomia devido a diversos problemas de saúde, não só porque nasceram sem orifício no ânus, e podem ser temporários ou permanentes (MELO, Manuela Costa; KAMADA, Ivone, 2011).
Seja no trato gastrointestinal ou urinário, a reconstrução do transporte depende da proporção das doenças e intervenções cirúrgicas necessárias. As causas mais comuns em bebês são enterocolite necrosante, imperfuração anal e a menos comum, doença de Hirshsprung. Crianças mais velhas, são doenças inflamatórias intestinais, defeitos congênitos, ureterostomias nos problemas da bexiga ou ureter distal (MELO, Manuela Costa; KAMADA, Ivone, 2011).
MATERIAL E MÉTODO
Trata-se de uma análise de dados realizados por meio de leituras exploratórias e seletivas a respeito do tema de crianças nascidas com anomalia anorretal e o cuidado materno necessário nesses casos. As bases de dados utilizadas foram google acadêmico e Scielo.
Os achados foram analisados auxiliando assim, a melhor compreensão do assunto em estudo.
Por fim, buscou-se apontar e discutir soluções para problemas semelhantes, fornecendo métodos alternativos para resoluções de problemas. As pesquisas trazem contribuições relevantes para a literatura e conhecimentos específicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Existem vários problemas do recém-nascido que requerem cirurgia de emergência, e as anormalidades anorretais são um deles. O impacto do nascimento de uma criança com malformação é grande. Especificamente a imperfuração do ânus traz para a família decepção, vergonha, complexidade interna, acusação mútua, rejeição, problemas financeiros e medo de uma futura gravidez com os mesmos problemas (MELO, Manuela Costa; KAMADA, Ivone, 2011).
É fundamental preparar a família durante o processo de recuperação, pois ela nem sempre é preparada para o que a espera, podendo ficar fragilizada com a situação. Portanto, a equipe de saúde deve fornecer boas orientações no diagnóstico, tratamento e prognóstico. Nesse caso, uma equipe multiprofissional deve orientar, principalmente na presença de um psicólogo, por se tratar de um procedimento que diminui e altera a integridade do corpo e viola as regras de higiene, sem mencionar o cuidado redobrado para evitar o aparecimento de infecções secundárias (WEILAND apud BATISTA et al, 2017).
A imperfuração anal é uma das anormalidades anorretais e está relacionada a defeitos em outros sistemas do corpo, sendo o mais frequente o trato urogenital. A sobrevida do recém-nascido vai depender da gravidade da anormalidade associada. Primeiro, deve-se obter anamnese sistemática, dando início ao tratamento cirúrgico ou clínico o mais rápido possível, pois devido à falta de complexos embriológicos as lesões se desenvolvem (MELO, Manuela Costa; KAMADA, Ivone, 2011).
O tratamento cirúrgico de costume consiste em realizar ostomia pélvica proximal em recém-nascidos durante o primeiro dia de vida e realizar a observação da formação da fístula com anorretoplastia sagital posterior após 4 ou 6 meses de vida. Três meses depois dessa cirurgia, é realizado o fechamento da colostomia, sendo necessário o processo de dilatação suave da fístula anal no neonato duas vezes ao dia, utilizando uma vela de Hegar (n°5 ou 6 ao 14). Existem chances de incontinência fecal em pacientes que passaram por cirurgias desse porte e, nesses casos, o tratamento do intestino à base de enemas, laxantes e medicamentos são, no geral, bem-sucedidas, quando bem administrados. (MELO, Manuela Costa; KAMADA, Ivone, 2011).
Entretanto, é de extrema importância a orientação à família para que não espere, somente, uma evolução normal do treinamento intestinal. Cirurgias assim, como outra qualquer, deve ser observada no seu aspecto global. Informações simples relacionadas aos cuidados, incluindo a descrição da cirurgia, os procedimentos e o centro cirúrgico contribuem para minimizar os sentimentos de angústia, medo e da ansiedade por desconhecimento das situações (MELO, Manuela Costa; KAMADA, Ivone, 2011).
Devido à grande incidência de malformações urogenitais associadas com ânus imperfurado (Tabela 1), os pacientes devem passar por triagem para avaliar possível presença de hidronefrose e hidrocolpos (SANTOS, Eduardo Ramos et al, 2012).
Tabela1: Frequência de alterações urogenitais associadas a malformações anorretais
Má-formação | Frequência |
Fístula perineal | 28% |
Ânus imperfurado sem fístulas | 39% |
Fístula vestibular | 41% |
Fístula na uretra bulbar | 46% |
Fístula prostática | 61% |
Cloaca curta | 66% |
Fístula vesical(colo) | 78% |
Cloaca longa | 89% |
Alterações graves | 57% |
(PENÃ apud SANTOS et al, 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do exposto, percebe-se a necessidade e a importância da relação da família nos cuidados com o filho. Nesse sentido, os profissionais de saúde devem atuar possibilitando o acompanhamento contínuo e oferecendo orientações cuidadosas a respeito do tratamento e cuidados necessários. Observou-se a falta de publicações que descrevam um projeto terapêutico de orientação para o cuidado,
Observou-se também que crianças nascidas com anomalia anorretal requerem uma avaliação cuidadosa, diagnóstico clínico correto, reconstrução meticulosa, anatômica e compreensão nos cuidados pré e pós-operatório, com intuito de ter uma boa qualidade de vida. Essas intervenções próprias têm por finalidade diminuir a morbidade.
Compreende-se que é necessário a realização de novas pesquisas, com propostas metodológicas voltadas para a essência do cuidado com as crianças ostomizadas. O trabalho forneceu dados que permitem reflexões para melhorar a atuação dos familiares na atenção aos cuidados com o neonato nascido com anomalia anorretal, mostrando ser esse um grande desafio na busca da qualidade para o cuidado.
REFERÊNCIAS
BATISTA, Eraldo Carlos; DE OLIVEIRA, Claudinea Moreira. Maternidade e anomalia anorretal: um estudo de caso. Revista InterScientia, v. 5, n. 2, p. 183-198, 2017. Disponível em: <https://periodicos.unipe.br/index.php/interscientia/article/view/495>. Acessado em 17 de Set. 2020.
CAMPOS, Christiane Garios Ucha et al. Experiência de uma unidade de tratamento intensivo neonatal cirúrgica no pré-operatório de neonatos com anomalia anorretal. Revista de Pediatria SOPERJ-v, v. 16, n. 3, p. 150, 2016. Disponível em: <http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=934>. Acessado em 17 de Set. 2020.
MELO, Manuela Costa; KAMADA, Ivone. Anomalia anorretal e cuidados maternos. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 64, n. 1, p. 176-179, 2011. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672011000100025>. Acessado em 17 de Set. 2020.
SANTOS, Eduardo Ramos et al. Ânus imperfurado: revisão da literatura. Rev Med Minas Gerais, v. 22, n. Supl 5, p. S71-S75, 2012. Disponível em:< http://rmmg.org/artigo/detalhes/698>. Acessado em 17 de Set. 2020.
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