INTRODUÇÃO
O nascimento é um evento natural, experimentado de maneira individual, vivido de forma singular entre as mulheres e seus familiares. Desde o século XX, sobretudo no final dos 80, muito se é discutido sobre o processo de humanização do parto no Brasil, levantando críticas sobre o modelo hegemônico hospitalocêntrico de atenção ao parto (FRELLO eCARRARO, 2010).
Muitos autores discutem sobre como o parto humanizado apresenta mudanças no modelo de atendimento ao parto hospitalar no Brasil, baseando-se na proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1985, que inclui incentivo ao parto vaginal, a presença do pai ou outro acompanhante, o aleitamento pós-parto imediato, a atuação de enfermeiras obstétricas na atenção aos partos normais, ao alojamento conjunto e a inclusão de parteiras leigas.
A humanização no trabalho de parto é um assunto muito debatido no âmbito da saúde. Essa humanização busca proporcionar uma assistência integral, respeitando e atendendo a parturiente em sua dimensão espiritual, psicológica, biológica, fazendo com que o parto se torne mais fisiológico, por meio da diminuição de intervenções desnecessárias e na utilização de procedimentos que reduzem o desconforto físico e emocional.
Nesse contexto de humanização da assistência ao parto, faz-se necessário a conscientização das mães e profissionais da enfermagem a respeito do parto fisiológico e sem intervenções desnecessárias, com a garantia que a mulher possua direitos sobre o próprio corpo e autonomia no momento do nascimento.
Frente a este cenário, a presente pesquisa tem como objetivo apresentar a importância dos cuidados de enfermagem durante todas as fases do trabalho parto e descrever a importância de uma assistência humanizada e respeitosa tanto para mãe quanto para o bebê.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica sobre Cuidados de Enfermagem nas Fases do Parto Normal Humanizado. Para tal, foram pesquisados artigos nos sites Scielo e COREN.
Foram utilizados 09 artigos, dando preferência aos mais recentes na literatura, que preencheram os critérios para o desenvolvimento do resumo.
RESULTADOSE DISCUSSAO
O nascimento é um processo fisiológico pelo qual o útero grávido expele os produtos da concepção para o exterior, através da vagina, podendo durar muitas horas, causando certo grau de desconforto e dor na mulher (NILSEN et al., 2011).
Ao longo dos anos, a história do parto teve muitas mudanças em sua assistência. Até o século XVI, segundo Maldonado (1991), o parto era considerado “assunto de mulher”, pois nessa época as mulheres davam á luz em suas próprias casas, nas suas próprias camas, somente com a ajuda de parteiras. Com o tempo, as coisas foram mudando e os partos começaram a ser assistidos em especial, quando era um parto da realeza Europeia. Ao decorrer do tempo, entre o século XVI e XVII, surgiu a figura do cirurgião e, consequentemente, a parteira foi perdendo lugar.
O parto normal é o método natural de nascer e, como tal, possui a proteção das forças da natureza. Se a mãe for jogada à própria sorte, em mais de 92% das vezes ela terá o seu filho sem problemas. A sua recuperação é imediata, pois, logo após o nascimento, poderá levantar-se e atender seu filho. As complicações próprias do parto normal são menos graves quando comparado com as complicações do parto cirúrgico. (COREN SP, 2019).
O parto normal se divide em quatro estágios (DAVIN et al., 2008). Primeiro período: dilatação - dura no início do trabalho de parto até a dilatação completa (10 cm) (NILSEN et al., 2011). Segundo período: expulsão - começa com a dilatação completa e termina com a saída do bebê. Terceiro período: dequitação, em que ocorre a saída da placenta e membranas, dura cerca de 10 a 30 minutos. Quarto período: Período de Greenberg - quando há um risco de hemorragia materna, podendo levar a morte. É a fase mais crítica e dura de 1 a 2 horas.
Nagahama e Santiago (2011) apresentam os seguintes cuidados de enfermagem durante a fase do parto: avaliar o cartão da gestante; aferir sinais vitais, incluindo BCF e oferecer conforto. Ainda segundo o autor, o parto humanizado é um processo que preserva a individualidade da mulher, respeitando e aceitando-a como protagonista da ação. O respeito envolve garantir a autonomia da mãe, a forma como ela quer ter seu bebê e a posição que deseja parir.
De acordo com Mouta e Progianti (2009), os profissionais da enfermagem devem sempre buscar o bem estar da mulher durante o processo de parturição, colocando-a como protagonista da situação, respeitando seus desejos e preferências como propósitos a serem atingidos. Resgatar o contato humano, acolher, ouvir, explicar e criar um vínculo com a mãe são quesitos indispensáveis no cuidado.
O primeiro período do parto se divide em três fases: latente, ativa e transição.
Fase latente: Acontecem contrações regulares curtas, apalpamento (completo) e dilatação cervical lento de 0 a 4 cm; dores lombares. Geralmente a parturiente se sente eufórica (o bebê vai nascer); respira com as contrações; faz careta e aperta as mãos (FAISAL e MENEZES, 2006). Os primeiros cuidados que os enfermeiros devem ter é avaliar o cartão da gestante; orientar a parturiente quanto ao ambiente do parto e a equipe; ensiná-la sobre o trabalho de parto (contrações e períodos); tirar dúvidas e responder perguntas; praticar técnicas de respiração e rebaixamento; aferir sinais vitais, incluindo BCF; calor humano e conforto; identificar pacientes através da pulseira de identificação; direito a acompanhante (FORTES, 2004).
Fase ativa: É a fase que a mulher se entrega ao trabalho do parto (relaxamento máximo); as contrações são mais intensas e freqüentes, dilatação mais rápido de 5 a 9 cm. A mãe apresenta introspecção e chora de dor, inquietude e contorce o corpo durante as contrações (FORTES 2004). Na fase ativa, o enfermeiro deve umedecer a face; oferecer líquidos; massagear ombros, lombar, pés e mãos entre as contrações para promover relaxamento e conforto; encorajar a mãe a se mover; mudar de posição; oferecer privacidade; silencio e conforto; auxiliar nas contrações (paciência e elogios); apontar progressos (FAISAL e MENEZES, 2006).
Fase de transição: É a fase mais difícil e curta com contrações fortes e intensas, finalizando a dilatação completa do colo em 10 cm. Nesse momento, a mãe requer apoio emocional e encorajamento. Ela sente tremores; eliminação de gazes; pânico; perda de controle (não querem mais partos normais); amniorrexe (estouro da bolsa amniótica) (FAISAL e MENEZES, 2006). O profissional de enfermagem deve oferecer apoio verbal; trocar a paciente de posição; manter a paciente focada em seu objetivo; encorajá-la com palavras de confiança e elogios; lembrá-la que essa fase é mais curta e que logo estará com seu bebê em seus braços (FORTES, 2004).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente trabalho observamos que humanizar é basicamente respeitar a individualidade das parturientes, saber observar e escutar, permitindo a adequação da assistência segundo sua cultura, cresças, valores e desejos. A assistência humanizada ao parto gera resultados benéficos tanto para a mãe quanto para o recém-nascido.
A atenção adequada à mulher no momento do parto representa um passo indispensável para garantir que ela possa exercer a maternidade com segurança e bem-estar. Este é um direito de toda mulher. A equipe de saúde deve estar preparada para acolher a gestante, seu companheiro e familiares, respeitando todos os significados desse momento. Isso deve facilitar o estabelecimento de vínculo mais profundo com a gestante, transmitindo-lhe confiança e tranquilidade.
Assim, compreende-se que a função do enfermeiro durante todo o processo de trabalho do parto e pós-parto é de suma importânncia, pois é o enfermeiro que está presente junto à mãe em todo processo de parturição, oferecendo conforto, atenção, esclarecendo dúvidas e apoiando a mãe em tudo que ela necessitar.
REFERÊNCIAS
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO (COREN-SP). Parto natural e parto normal: quais diferenças. Revista Enfermagem, a. 10, n. 81, jul. 2009. Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/wp-content/uploads/2017/12/revista_enfermagem_julho_2009_0-1.pdf. Acesso em: 15 set. 2020.
DAVIM, R. M. B.; TORRES, G. V.; DANTAS, J. C. Representação de Parturientes acerca da dor de parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 10, n. 1, p. 100-109, 2008. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fen/article/view/7685/5459. Acesso em: 15 set. 2020.
FAISAL, A. C; MENEZES, P.R. Fatores associados à preferência por cesariana. Revista Saúde Pública, São Paulo, v.40, n.2, p.178-186, dez./jan. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000200007. Acesso em: 10 set. 2020.
FORTES, P.A.C. Ética, direitos dos usuários e políticas de humanização da atenção à saúde. Revista Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 13, n.3, p. 30-35, set. 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-12902004000300004. Acesso em: 10 set. 2020.
FRELLO, A. T.; CARRARO, T. E. Componentes do cuidado de enfermagem no processo de parto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.12, ,n. 4, p. 660-668, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.5216/ree.v12i4.7056. Acesso em: 15 set. 2020.
MALDONADO, M. T. Psicologia da gravidez. Petrópolis: Vozes, 1991.
MOUTA, Ricardo José Oliveira; PROGIANTI, Jane Márcia. Estratégias de luta das enfermeiras da Maternidade Leila Diniz para implantação de um modelo humanizado de assistência ao parto. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 18, n. 4, p. 731-740, dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072009000400015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 set. 2020.
NAGAHAMA, Elizabeth Eriko Ishida; SANTIAGO, Silvia Maria. Parto humanizado e tipo de parto: avaliação da assistência oferecida pelo Sistema Único de Saúde em uma cidade do sul do Brasil. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., Recife , v. 11, n. 4, p. 415-425, dez. 2011 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292011000400008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 15 set. 2020.
NILSEN, Evenise; SABATINO, Hugo; LOPES, Maria Helena Baena de Moraes. Dor e comportamento de mulheres durante o trabalho de parto e parto em diferentes posições. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo , v. 45, n. 3, p. 557-565, jun. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000300002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 set. 2020.
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